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HARDCORE #342 • Set-Out/2018

Que temporada vive o surf brasileiro – a melhor desde que o Tour é Tour! Uma sequência de sete vitórias comprova a nova ordem mundial: somos o maior país do surf. Ítalo Ferreira, campeão de Bells e Bali; Filipe Toledo, o melhor no Rio e em J-Bay; Willian Cardoso, atrás do título de Rookie of the Year, reinou em Uluwatu. Já Gabriel Medina (foto de capa desta edição, feita por Kaique Silva, na Praia Brava, SP) entrou de vez na briga pelo bimundial com as vitórias em Teahupo’o e no Surf Ranch.

Pelo mundo das competições, conversamos com Jadson André. O potiguar está focado em dois objetivos neste ano: sagrar-se campeão brasileiro e garantir seu retorno à elite mundial de 2019. Na entrevista, Jadson reflete a respeito de seu passado no Tour, a descoberta de um desvio de septo e como a respiração tem o ajudado vencer nesta temporada.

Embarcamos também em duas viagens que colocam em evidência a essência do surf.  Na Costa Rica, o fotógrafo Marcio David relata sua trip de um mês acompanhado por Luiz Mendes, Matheus Navarro, Petterson Thomaz e Armandinho.

Já nas Maldivas, o The Search continuou com irreverência e performance em uma barca com o tricampeão mundial Mick Fanning e os tops Matt Wilkinson e Conner Coffin.

No 10 Perguntas, entrevistamos o jornalista Chas Smith, autor do livro Cocaine+Surfing. O polemista fala a respeito de sua missão de “sujar novamente” a imagem do surf.

No Journal, os três anos da tragédia socioambiental que devastou o Rio Doce e a vila de Regência – e como os surfistas conseguiram o reconhecimento como atingidos e agora lutam por seus direitos e pela preservação da onda da Boca do Rio. Além disso, dois grandes eventos que movimentaram o surf e a comunidade de esportes ao ar livre: o VII Festival de Filmes Outdoor Rocky Spirit, e o campeonato Neutrox Weekend.

E mais: Shots;Prancha Mágica com Petterson Thomaz; Alma Hardcore com Alexandre Ribas, que largou uma carreira de sucesso na TV em troca de uma vida melhor vivida na Indonésia; muito skate no Art Room com Klaus Bohms; e as colunas Sweet and Sour, de Janaína Pedroso; Polaroids, com Chloé Calmon; a estreia de Mata Barata, de Igor Roichman, com olhares ácidos sobre o circo competitivo; Família Kakinho no Darkroom de Heverton Ribeiro; e #IPaintMyDay com Casami.

HC #342 já nas bancas! Garanta a sua!

 

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Trabalho e Respiração
por Kevin Damasio
retratos Henrique Pinguim

Neste ano fora do Tour, tem algo que você sente mais falta?
Não vou mentir, não. Estando no WCT, você faz muito mais dinheiro. É absurda a diferença. Sinto muita falta do Tour, por- que é onde quero estar. Quando rolou a etapa de Teahupo’o, quei com muita saudade, porque sou apaixonado por aque- le lugar. Se pudesse, moraria no Taiti, pela energia da ilha, a onda, o lugar, as pessoas. Tenho uma conexão e um carinho pelas pessoas de lá, pela família Sidonie e Didier, que nos hospeda há um bom tempo – eu, Medina, Ítalo, Miguel. Você pode tirar essas conclusões pelos vídeos que os moleques pos- tam todo dia. A alegria, a energia deles… Além de estarem juntos, o lugar é sensacional. No Tour, não tem time brasileiro, é um esporte 100% individual. Ninguém está ali para jogar no mesmo “time”, e, sim, para ganhar do outro, é a pura verdade. Mas, quando temos a oportunidade de car juntos, é bacana. Você se diverte, brinca, se distrai. E a turma sempre foi assim. Botou a lycra, acabou tudo. Mas a galera é bem unida mesmo, é legal de ver isso. Mesmo sendo um esporte em que um quer “arrancar a cabeça do outro”, a galera se dá superbem.

 

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Música Rica
por Marcio David

Voltar à Costa Rica era realmente um sonho para mim. Desde que fui pela primeira vez em 2010, quei encantado com tudo o que encontrei nesse país tropical recheado de altas ondas. A sensação de poder voltar e viver aquele clima de “pura vida”, em total conexão com a natureza, me deixava ansioso e com muita esperança para que uma nova oportunidade surgisse no meu caminho. Como um ciclo de troca de geração, essa oportunidade aconteceu depois de oito anos.

Tudo se materializou com a conquista do atleta Luiz Mendes, que foi campeão brasileiro e bicampeão catarinense na categoria iniciantes. Como prêmio pela conquista, Luiz Mendes ganhou de presente do seu patroci- nador uma viagem para a América Central para apurar o surf, e a escolha junto do grommet não poderia ser melhor: percorrer as clássicas e extensas ondas de Pavones. A ideia era colocar o atleta para treinar em ondas de qualidade e assim aperfeiçoar as suas manobras. E, para isso, a Costa Rica é um dos lugares com mais potencial para essa evolução.

No momento em que eu estava organizando a viagem, cava imaginando se seria somente uma trip em que eu acompanharia o Luiz Mendes ou algo maior. E assim foi… algo muito maior.

 

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Queríamos que você estivesse aqui

por Anna Jordan
fotos de Corey Wilson e Ted Grambeau

São 9 da manhã do dia um da viagem e estamos ancorados em algum lugar dos Atóis do Sul das Maldivas. Revigorada pela etapa europeia do Tour, a equipe vai se juntando lentamente para se livrar da ressaca pós-Portugal com um pouco de cafeína. Apenas dois dias atrás estávamos embrulhados em nossas mais elegantes roupas de inverno em Supertubos, vendo o Gabriel Medina subir ao lugar mais alto do pódio pela segunda vez em menos de 15 dias. Não preciso nem dizer que o astral estava animado e livre naquela noite, mas a promessa de um swell de tamanho considerável prestes a atingir o Oceano Índico foi su ciente para fazer com que estivéssemos no aeroporto às 8h em ponto da manhã seguinte.

 

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10 Perguntas: Chas Smith
por Fernando Maluf

Você tem assistido a competições regularmente? Viu algum evento da WSL este ano?

Não tenho acompanhado as competições tão regularmente neste ano quanto já z no passado. Eu deveria, mas… não sei. Esta última temporada não conseguiu me agarrar pela garganta e fazer com que eu me preocupasse. Tem alguns sur stas interessantes, Filipe, Italo, Gabriel, Julian, algumas narrativas legais, algumas rivalidades interessan- tes, mas… de novo, eu não sei. Parece vazio. Em nenhum

evento peguei meu computador compulsivamente e liguei na competição quando eu sabia que ela estava rolando, como costumava fazer antes. Vi alguns eventos da WSL este ano e tudo me parece muito cansativo. Os comen- taristas são tediosos, a falta de visão é tediosa, a absoluta inabilidade da WSL em ofecerer qualquer coisa arrojada… Parece uma pedra polida, que é legal, mas… bobinha. Eu quero fogo. Quero a essência. Quero honestidade. Essas três coisas estão completamente ausentes.

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