Nesta quarta-feira, 4 de setembro, a Justiça da Groenlândia decidiu prolongar por 28 dias a detenção do ambientalista, Paul Watson, de 73 anos, enquanto aguarda a análise de um pedido de extradição solicitado pelo Japão. Watson é fundador das organizações Sea Shepherd e Fundação Capitão Paul Watson (CPWF), e é amplamente conhecido por suas táticas radicais de confronto com embarcações baleeiras.
A decisão foi anunciada pela corte de Nuuk, capital da Groenlândia, um território autônomo da Dinamarca. A prorrogação da detenção ocorre enquanto as autoridades locais avaliam a solicitação de extradição do Japão, que acusa Watson de ter danificado um de seus navios baleeiros em 2010, durante uma operação na Antártica, e de ter ferido um tripulante ao lançar uma bomba de mau cheiro contra a embarcação.
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Os advogados de Watson, que possui nacionalidades norte-americana e canadense, apelaram da decisão, e uma nova audiência foi marcada para o dia 2 de outubro. Segundo Lamya Essemlali, presidente da Sea Shepherd France, que apoia o ativista, a corte de Nuuk se recusou a examinar as evidências em vídeo apresentadas pela defesa, que supostamente demonstram que o tripulante alegadamente ferido não estava a bordo no momento do incidente.
Jonas Christoffersen, um dos advogados de Watson, expressou frustração com a decisão: “O juiz alega que não é sua função estudar essa evidência“, afirmou. A expectativa é de que a detenção de Watson continue sendo prorrogada até que todas as etapas legais do processo de extradição sejam concluídas.
Watson foi preso em 21 de julho, quando seu navio, o John Paul DeJoria, atracou em Nuuk para reabastecimento. O ativista estava em rota para interceptar um novo baleeiro japonês no Pacífico Norte, conforme informado pela CPWF. O Japão, um dos poucos países que ainda autorizam a caça de baleias, utiliza o caso de Watson para reafirmar sua postura contra as intervenções de grupos ambientalistas em suas operações baleeiras.
Embora a situação de Watson tenha gerado uma onda de apoio internacional, incluindo um pedido de libertação feito pela presidência francesa e uma petição com mais de 20.000 assinaturas, ele permanece uma figura controversa no movimento ambientalista, defendendo o que chama de “não-violência agressiva”.
Em entrevista à AFP em agosto, Watson demonstrou resiliência diante de sua detenção: “Se acham que isso vai impedir nossa oposição, eu apenas mudei de navio, meu navio atual é a ‘Prisão Nuuk’“. Ele ressaltou que o Japão tenta usá-lo como exemplo para proteger sua caça de baleias.
O desfecho do caso ainda é incerto. A polícia da Groenlândia deve primeiro determinar se há fundamentos para a extradição, e, em seguida, o Ministério da Justiça da Dinamarca tomará a decisão final. Por enquanto, Paul Watson continua a lutar por suas causas ambientais, mesmo atrás das grades, enquanto o mundo observa de perto.
Fonte: AFP