Everton Miguel dos Anjos, local da praia de Itapuama, Recife-PE, ganhou repercussão mundial após ser fotografado tentando limpar o óleo da praia onde trabalha
Por Pedro Romanos
O adolescente Everton Miguel dos Anjos, 13, ajudante do quiosque de sua mãe na praia de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, foi fotografado recentemente ajudando voluntários na retirada do óleo na Pedra do Xaréu. Na foto, o jovem não usa proteção alguma para entrar em contato com o resíduo, a não ser um saco de lixo sobre seu peito como camiseta e um par de luvas. Além disso, Everton carrega em seu rosto um semblante de sofrimento. A imagem ganhou repercussão internacional.
“Quando eu vi o óleo, pensei em várias coisas. Na tristeza, no trabalho da minha mãe e em ajudar”, ressaltou o menino em entrevista. Everton faltou na escola na última segunda-feira (21/10) para ajudar sua mãe com a esperada alta demanda de clientes durante o feriado estadual do Dia do Comerciário. Quando ambos chegaram na praia, entretanto, se depararam com o óleo.
Ivaneide Maria de Oliveira, 36, contou que seu filho integrou uma equipe de voluntários que se unira às pressas para conter o avanço do resíduo. Segundo ela, luvas e botas eram oferecidas para quem quisesse ajudar. No entanto, segundo Ivaneide, os equipamentos de proteção oferecidos só servem de maneira realmente preventiva se houver pouco óleo a ser limpado. “A luva é curta e a areia entra na bota. Se for muito óleo, não tem como”.
A mãe de Everton havia autorizado que seu filho trabalhasse naquela segunda-feira ajudando os voluntários. Porém, quando o viu coberto de óleo, sentiu medo do contato do resíduo com a pele de seu garoto, que ainda corre o risco de que queimações, náuseas e cólica o aflijam. Recentemente, foram registrados casos recentes de pessoas que entraram em contato com o óleo e sofreram consequências após semanas da contaminação. Até o momento, Everton está bem.
Sem respostas concretas sobre a origem do óleo, o governo federal se reuniu com representantes de 15 prefeituras na quarta-feira (23), para planejar ações de prevenção e contenção do material. Na ocasião, Pernambuco anunciou um edital de R$ 2,5 milhões para investimentos em 12 projetos de pesquisa que analisarão a toxicidade do petróleo e seus efeitos na água, ecossistema e alimentação.
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