Um surto de raiva em focas na África do Sul tem causado preocupação entre surfistas e autoridades locais. Nove focas testaram positivo para a doença, resultando em ataques agressivos a surfistas na região da Cidade do Cabo.
O comportamento agressivo das focas foi notado pela primeira vez em 2021, quando surgiram relatos de ataques a humanos. Recentemente, uma foca mordeu vários surfistas em questão de minutos na Praia de Muizenberg, na Cidade do Cabo. Em outro incidente, uma foca apareceu na praia com sérios ferimentos faciais, que pareciam ter sido causados por um animal extremamente agressivo. Diante do contexto, as autoridades optaram por sacrificar quatro animais e enviar seus corpos para serem testados para raiva.
Surfistas da Cidade do Cabo, região conhecida pela presença de tubarões brancos, agora também lidam com esse alerta. “Eu estava surfando outro dia quando esta foca apareceu no outside para se aquecer ao sol”, conta ao jornal britânico, The Guardian, Gregg Oelofse, gerente de gestão costeira do conselho da Cidade do Cabo. “Normalmente, os surfistas aproveitariam a interação, mas agora todos estavam remando o mais rápido possível para se afastar.”
Cientistas da Universidade de Pretória estão sequenciando o vírus para determinar onde e quando a raiva entrou na população de focas. A raiva é endêmica em muitos animais selvagens no sul da África, mas esses animais raramente vivem próximos a humanos. A equipe de Oelofse, em parceria com cientistas da organização de pesquisa local, Sea Search, e a da organização de bem-estar marinho, SPCA, está capturando e testando focas para entender melhor o surto.
Embora a raiva em focas seja extremamente rara – com apenas um caso registrado anteriormente nas ilhas Svalbard da Noruega em 1980 – a situação atual tem levado as autoridades a tomar medidas preventivas. Eles estão testando retrospectivamente cérebros de focas sacrificadas para obter uma imagem mais clara da cronologia e da disseminação da raiva na população de focas.
Autoridades locais emitiram um aviso para nadadores e surfistas: qualquer pessoa mordida por uma foca deve procurar atendimento médico imediatamente, pois a raiva pode levar de uma semana a dois anos para incubar. Até agora, entretanto, não houve relatos de transmissão da doença de focas para humanos, possivelmente devido à baixa taxa de transferência ou à redução da carga viral pela água salgada.
A população de focas-peludas-do-cabo, estimada em dois milhões de indivíduos, vive em colônias que se estendem do sul de Angola até Algoa Bay, na costa leste da África do Sul. As focas podem passar dias ou semanas no mar e só saem para ilhas ocasionalmente para descansar ou acasalar. Durante esse tempo, vivem em extrema proximidade com sua espécie, o que pode facilitar a rápida disseminação da raiva através da saliva.
Medidas preventivas também incluem orientações para salva-vidas, além de observadores de tubarões notificarem as autoridades para que as praias sejam fechadas caso uma foca agressiva seja avistada.
Apesar do medo compreensível, Oelofse aconselha a calma. “Se uma foca estiver se comportando de maneira estranha ou agressiva, mantenha-se bem afastado e reporte às autoridades. Uma foca relaxada é pouco provável de representar uma ameaça.”
+ Cerimônia de Tamayo Perry reúne centenas de pessoas em Oahu
A situação exige uma abordagem proativa, já que não há práticas globais estabelecidas para lidar com a raiva em focas. “Queremos realmente saber a taxa de transferência [da doença]”, diz Oelofse, expressando preocupação de que a raiva possa se tornar endêmica na população de focas ou passar para outros mamíferos costeiros. “E realmente não queremos que nenhum humano pegue raiva.”