“Seeds of Joy” é o novo registro visual da Seventy Surfboards, de Santos, que mostra Alexandre Wolthers nas direitas oníricas de Nias, em Lagundri Bay, Indonésia.
Com seu estilo próprio, o surfista nos inspira nas belas direitas tubulares e sem crowd.
O filme foi editado por Heitor Vallim, que também é o responsável pela trilha sonora.
Hardcore conversou com Wolthers e Vallim para saber mais sobre esse trabalho inspirador.
“Foi um processo bem fluído. Ao decidirmos a temática do filme, entrei nessa ideia de leveza e felicidade e tentei demonstrar alguns desses estágios. O Pedro Fujarra, que é dono da Seventy Surfboards, me ajudou muito no processo, pois ele tem um jeito muito particular de falar as ideias que sempre me ajuda a ter um norte; e assim ele se torna meu ‘caderno de rascunhos’; vou mandando tudo para ele e aparando depois [risos],” conta Vallim.
Wolthers diz que foi sua segunda visita à Nias; na primeira, ele foi com o seu irmão e com um amigo, o ano era 2014 e eles pegaram uma ondulação muito boa, mas com um super crowd, “coisa de 50 pessoas na água com 10 profissionais, ou seja, era difícil sobrar onda”.
Dessa vez, Wolthers e seu amigo e sócio no restaurante Madê, o Dário Costa, haviam comprado passagens para a Indonésia antes da pandemia. Até que todas as viagens foram canceladas, só que a dupla conseguiu embarcar na trip comprando um visto de trabalho.
“Pegamos um swell idêntico só que com 5 a 10 pessoas na água, e essa foi a parte mais legal da viagem: pegar uma onda super disputada e cobiçada com poucas pessoas na água. Inclusive até falei no final da trip que nunca mais voltaria para Nias por conta do crowd, mas não sei se conseguirei não voltar para Nias, a minha onda predileta.”
Perguntamos sobre a prancha e Wolthers nos conta:
“Uma funboard, basicamente uma mescla entre a pranchinha e o pranchão; venho do longboard, e essa prancha me dá a remada de uma prancha maior ao mesmo tempo que tem a versatilidade de uma pranchinha.”
A prancha com tamanho de 7’2 foi shapeada pelo Pedro Fujara, um jovem shaper de Santos que ele acompanha ele desde o início, “um cara que faz as pranchas com alma, não é aquela coisa de produção em massa, sabe? Me identifiquei muito com ele,” sintetiza o surfista.
O surfista diz que antes de aportar à Indo, ele passou 15 dias no México, em setembro, e chegou na Indonésia em outubro. Segundo ele, a 7’2 foi a prancha mais utilizada no México, principalmente para ondas maiores e tubulares.
“É a prancha ideal, porque tenho boa remada e consigo entrar na onda antecipadamente, além de sentir muita segurança e drive. Escolhi uma quilha central de 6 polegadas e meia com uma quilha estabilizadora de cada lado, um tipo de configuração que deixa a prancha bem versátil.”
Seeds Of Joy, esquecemos de mencionar, significa “Sementes de Alegria”, na tradução livre do inglês para o português.
Sobre Alexandre Wolthers
“Nasci no Brasil, meus pais são dinamarqueses, minha mãe é totalmente gringa, veio para o Brasil com 23 anos já com o meu irmão mais velho, o Daniel, eu estava na barriga dela com 8 meses.
Meu pai é filho de dinamarqueses mas foi criado no Brasil e conheceu a minha mãe na Dinamarca.
Competi no longboard desde a adolescência até uns 22 anos de idade, cheguei a ser vice-campeão júnior e perdi para o Roger Barros todas as vezes [risos], aí fui morar na Dinamarca com 19 anos, fiz comércio exterior e voltei aos 23 anos.
Hoje sou free surfer, participo de alguns eventos especiais. Nos últimos 10 anos tenho me dedicado mais às pranchas grandes, dos longboards ao pranchão tradicional, que seria o monoquilha mais pesado, borda 50/50 sem edge, o pranchão mais clássico, como diriam. Já fui uma vez ao Mexi Log Fest e vou de novo nesse ano se o evento acontecer.
Comecei a surfar com o meu pai, ele inclusive foi um dos primeiros surfistas do Brasil, ele fundou a marca Viking Surfboards com o meu tio e desde que eu me lembro por gente, a gente está na praia surfando, então o surf é muito mais que um esporte, é o que une a família, um estilo de vida.”
Em memória a Felipe Árias
Quanto ao Fê, foi um choque para todo mundo. Ele tocou muita gente, ele tinha esse dom de incentivar as pessoas, fazer as pessoas seguirem os seus sonhos. Inclusive minha noiva, ela é cantora, está começando a carreira de artista e o Felipe foi uma das primeiras pessoas que abriu a casa para ela cantar, um cara que com certeza em pouco tempo fez
grande diferença em nossas vidas.
A ideia de dedicar o vídeo ao Fê foi do Heitor, que tinha mais contato com ele do que eu, e fez todo o sentido, porque nessa viagem a ideia era fazer o que a gente mais gosta, e o que eu mais gosto é surfar e pegar tubo. Parece uma ideia clichê, mas quando a gente sai do tubo a gente sai mais jovem e acho que isso tem tudo a ver com a ideologia do Fê.
“SEEDS OF JOY” – FICHA TÉCNICA
Surfista: Alexandre Wolthers
Prancha: Middle-lenght modelo ‘Midway’ pela Seventy Surfboards, de Santos
Imagens: Iyan Wau, Augus, Julius Wau, Paul e Caio Mariani
Trilha sonora: Heitor Vallim
Edição: Heitor Vallim
Produção: Seventy Surfboards