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Entrevista exclusiva Miguel Pupo: “Estou feliz de estar de novo na disputa entre os melhores do mundo”

Miguel Pupo tem 32 anos, 26º colocado no ranking da WSL (World Surf League, em tradução Liga Mundial de Surfe). Crescido em Maresias, litoral de São Paulo, é conhecido por vir de uma família de surfistas. Seu pai, Wagner Pupo, foi um dos principais atletas na modalidade por 16 anos e se aposentou recentemente, tendo competido enquanto seu filho iniciava a carreira no esporte profissionalmente. Nos últimos anos, mais um membro da família entrou na categoria profissional, o irmão, Samuel Pupo. Em 2023, Miguel se lesionou, passando por uma cirurgia no tornozelo e neste ano retornou aos campeonatos. Na entrevista, Miguel fala dos seus treinamentos, preparativos para as competições e o apoio da família.

 

 

Em nova campanha estrelada por Miguel, a Mormaii lança seu novo relógio Tábua de Maré, no qual é possível acessar a tábua de maré de 600 praias ao redor do mundo.

Você já declarou que Pipeline é uma das suas etapas favoritas, ao lado de Teahupo’o. Considerando que é a primeira do ano, onde um bom resultado pode dar o embalo para a disputa do título mundial, como vai ser sua preparação para o Lexus Pipe Pro? Vai chegar antes para treinar em Pipeline? Tem algum aspecto físico que será priorizado? As pranchas são específicas?

Pipeline é uma das ondas que mais gosto, junto com Teahupo’o, e é o meu melhor evento estatisticamente no WCT durante os 12 anos que estou. É um evento onde eu tenho as minhas melhores notas, onde eu avancei mais baterias. Então é um evento que me favorece, mas nada é garantido. É muito importante chegar lá bem e fazer todo o trabalho pré-evento. E eu acredito muito nessa preparação, neste trabalho pré. O evento em si, é só uma continuação dos treinos. E procuro me preparar o melhor possível, para que as coisas corram bem. Normalmente chego de 9 a 10 dias antes da competição, é um tempo razoável, até porque eu já vou para o Havaí há mais de 20 anos. Na minha primeira temporada, eu tinha 12 anos. Pipeline é uma onda que conheço bem e, por isso, foco minha preparação física e estratégica, priorizando também tempo com minha família no Brasil. E obviamente, o treino é ficar forte, porque é uma onda pesada, que não tem manobra, raramente a gente manobra em Pipeline, só quando as condições estão muito pequenas. Geralmente é só uma curva com o bottom turn para achar o tubo. Com isso, priorizo estar bem forte para aguentar o tranco e as pranchas são bem específicas, de uma curva só, que não foram feitas para manobrar, rodar, aéreo. Elas são feitas apenas para remar, virar e andar dentro do tubo. São pranchas que geralmente só uso lá e inclusive parte do meu material do ano que vem é o mesmo do ano passado, porque não tivemos muitas ondas em 2023. Então tiveram muitas pranchas que não usei, ainda estão novas, e como foram feitas apenas para lá, vou seguir com elas. Elas são bem específicas, feitas para bastante remada, borda meio caída, um pouco mais larga no bico, estreita na rabeta, e normalmente uso quatro quilhas ou três dependendo de como está o mar.

Como está a confiança no seu tornozelo operado? Bate aquela preocupação antes de entrar no mar de não forçar ou a lesão está 100% superada?

O tornozelo já está zero e vai fazer um ano e meio desde que operei. Já voltei, já venci evento no mesmo ano que operei, me reclassifiquei. Então não tenho desconfiança nenhuma no pé, inclusive sinto que ele está mais forte após a recuperação da cirurgia, com um reforço estrutural que me dá ainda mais confiança. Minha confiança está normal e esse medo se foi, até porque eu consegui voltar no mesmo ano da cirurgia, venci eventos, fui bem em alguns challengers, mas acabei caindo no corte. Mas não foi em consequência do tornozelo, e sim, de não ter avançado nas baterias e inclusive já me reclassifiquei com o mesmo tornozelo. Então não me preocupa mais, é mais focar no que tem pela frente e mais um desafio. Cada ano é uma história, um acontecimento diferente e estou feliz de estar de novo na disputa entre os melhores do mundo.

Hoje em dia a carreira de surfistas de competição costuma ser mais longa do que anos atrás. Quais as desvantagens e vantagens de ter 32 anos de idade? A motivação é a mesma? O cuidado com preparo físico deve ser maior? A experiência de anos no Tour dá mais tranquilidade? 

A correria da competição está menos do que alguns anos atrás. Até porque o circuito está bem separado, são poucos eventos tanto para quem está no tour quanto para quem está no challenge, então ficou mais tranquilo. Eu acho que isso favorece até quem tem mais idade agora. Até porque são seis eventos em um ano para quem está no challengers, é bem tranquilo, um evento a cada dois meses. Já estando no CT, são 11 eventos, aumentou um pouco mais do que o ano passado e são 7 eventos antes do corte. Então se for pensar até o corte, sete eventos, está bem tranquilo de fazer. Com um circuito mais espaçado e bem organizado, consigo manter a performance com o preparo físico adequado, o que me dá ainda mais tranquilidade e motivação. E, obviamente, a motivação segue a mesma, já são 13 anos, 13 temporadas nos 32 anos. Acho que se eu não tivesse a mesma convicção, e a mesma vontade, talvez eu não estaria aqui ainda. Já a preparação é fundamental também, e hoje em dia, não tem mais espaço para quem não é preparado, quem não está em alto nível. Então todo mundo está com um preparo físico em dia, alimentação, foco, por isso que é tão difícil ficar lá em cima, está todo mundo brigando por vírgulas, por pequenas vantagens para poder saber quem é o melhor e quem vence as baterias nos 30 minutos. Mas, claro, a experiência ajuda bastante, vivi isso já muitos anos, então com isso você consegue perceber os altos e baixos do ano, sabemos como nossa cabeça se comporta na competição e dentro dos momentos de pressão. 

Você vai ter um técnico atuando ao seu lado em 2025? Acha importante?

Eu vou manter o mesmo técnico, que trabalho desde 2022, o Adriano de Souza, o Mineirinho, campeão mundial em 2015. Estamos indo para o quarto ano de trabalho, muito feliz de estar com ele, ele é um cara muito experiente, já zerou esse jogo. Mas o mais importante, eu gosto muito de como ele entende como eu me sinto, conforme as coisas vão acontecendo durante os eventos, durante as pernas mais longas, tipo a Austrália, até porque ele passou por isso. Ele conhece muito sobre as competições, é um cara muito estrategista. Ele teve uma trajetória admirável desde muito jovem, conquistando títulos importantes que me inspiram e fazem toda a diferença para mim.Ele já venceu profissional com 13 anos, foi campeão pro junior aos 16 e se classificou muito novo também com 18, ele sempre foi fora da curva. E ter ele ao meu lado, nesses 4 anos, agora tem feito toda diferença. 

Por ser goofy e excelente nos tubos, uma eventual presença no Final 5 em Fiji te favorece. Você aprova este formato para determinar o campeão mundial ou acredita que o anterior, baseado apenas no ranking final, era mais justo?

Obviamente sendo goofy e tendo facilidade nos tubos, seria um sonho estar no Final 5 em Fiji. Mas eu já cometi esse erro anteriormente, de sonhar lá na frente e não pensar no agora. Seria uma maravilha, mas eu sei que tem muito trabalho a ser feito e muito resultado a ser conquistado e só pensar em como seria, só depois que estiver dentro dos cinco. O atual formato nos desafia a sermos consistentes e a mantermos o foco até o final e estou sempre me adaptando e me preparando para essas mudanças. Mas esse novo formato pode desfavorecer um atleta que está na liderança disparado e, chegar e ter um dia ruim, e acabar perdendo o título mundial. Isso ainda não aconteceu no masculino, mas já aconteceu no feminino algumas vezes. É frustrante perder o que se conquistou em um ano em apenas duas baterias, entendo isso, ainda mais quando um atleta está muito disparado na frente, teve um ano incrível. Mas se eu um dia tivesse a chance de estar lá, com certeza seria incrível e imaginar que eu estou só há algumas baterias de um título do mundo. Espero poder seguir trabalhando firme, estar bem, para talvez no final deste ano ir para as ilhas Fiji. 

Você já declarou que Pipeline é uma das suas etapas favoritas, ao lado de Teahupo’o. Considerando que é a primeira do ano, onde um bom resultado pode dar o embalo para a disputa do título mundial, como vai ser sua preparação para o Lexus Pipe Pro? Vai chegar antes para treinar em Pipeline? Tem algum aspecto físico que será priorizado? As pranchas são específicas?

Pipeline é uma das ondas que mais gosto, junto com Teahupo’o, e é o meu melhor evento estatisticamente no WCT durante os 12 anos que estou. É um evento onde eu tenho as minhas melhores notas, onde eu avancei mais baterias. Então é um evento que me favorece, mas nada é garantido. É muito importante chegar lá bem e fazer todo o trabalho pré-evento. E eu acredito muito nessa preparação, neste trabalho pré. O evento em si, é só uma continuação dos treinos. E procuro me preparar o melhor possível, para que as coisas corram bem. Normalmente chego de 9 a 10 dias antes da competição, é um tempo razoável, até porque eu já vou para o Havaí há mais de 20 anos. Na minha primeira temporada, eu tinha 12 anos. Pipeline é uma onda que conheço bem e, por isso, foco minha preparação física e estratégica, priorizando também tempo com minha família no Brasil. E obviamente, o treino é ficar forte, porque é uma onda pesada, que não tem manobra, raramente a gente manobra em Pipeline, só quando as condições estão muito pequenas. Geralmente é só uma curva com o bottom turn para achar o tubo. Com isso, priorizo estar bem forte para aguentar o tranco e as pranchas são bem específicas, de uma curva só, que não foram feitas para manobrar, rodar, aéreo. Elas são feitas apenas para remar, virar e andar dentro do tubo. São pranchas que geralmente só uso lá e inclusive parte do meu material do ano que vem é o mesmo do ano passado, porque não tivemos muitas ondas em 2023. Então tiveram muitas pranchas que não usei, ainda estão novas, e como foram feitas apenas para lá, vou seguir com elas. Elas são bem específicas, feitas para bastante remada, borda meio caída, um pouco mais larga no bico, estreita na rabeta, e normalmente uso quatro quilhas ou três dependendo de como está o mar.

Como está a confiança no seu tornozelo operado? Bate aquela preocupação antes de entrar no mar de não forçar ou a lesão está 100% superada?

O tornozelo já está zero e vai fazer um ano e meio desde que operei. Já voltei, já venci evento no mesmo ano que operei, me reclassifiquei. Então não tenho desconfiança nenhuma no pé, inclusive sinto que ele está mais forte após a recuperação da cirurgia, com um reforço estrutural que me dá ainda mais confiança. Minha confiança está normal e esse medo se foi, até porque eu consegui voltar no mesmo ano da cirurgia, venci eventos, fui bem em alguns challengers, mas acabei caindo no corte. Mas não foi em consequência do tornozelo, e sim, de não ter avançado nas baterias e inclusive já me reclassifiquei com o mesmo tornozelo. Então não me preocupa mais, é mais focar no que tem pela frente e mais um desafio. Cada ano é uma história, um acontecimento diferente e estou feliz de estar de novo na disputa entre os melhores do mundo.

Em 2022, Miguel Pupo foi o grande campeão do Outerknown Tahiti Pro em Teahupo’o, confirmando sua destreza nos tubos pra esquerda. Se ele terminar o ano entre cinco melhores do ranking, certamente será um dos favoritos na disputa do título mundial em Fiji.

Hoje em dia a carreira de surfistas de competição costuma ser mais longa do que anos atrás. Quais as desvantagens e vantagens de ter 32 anos de idade? A motivação é a mesma? O cuidado com preparo físico deve ser maior? A experiência de anos no Tour dá mais tranquilidade? 

A correria da competição está menos do que alguns anos atrás. Até porque o circuito está bem separado, são poucos eventos tanto para quem está no tour quanto para quem está no challenge, então ficou mais tranquilo. Eu acho que isso favorece até quem tem mais idade agora. Até porque são seis eventos em um ano para quem está no challengers, é bem tranquilo, um evento a cada dois meses. Já estando no CT, são 11 eventos, aumentou um pouco mais do que o ano passado e são 7 eventos antes do corte. Então se for pensar até o corte, sete eventos, está bem tranquilo de fazer. Com um circuito mais espaçado e bem organizado, consigo manter a performance com o preparo físico adequado, o que me dá ainda mais tranquilidade e motivação. E, obviamente, a motivação segue a mesma, já são 13 anos, 13 temporadas nos 32 anos. Acho que se eu não tivesse a mesma convicção, e a mesma vontade, talvez eu não estaria aqui ainda. Já a preparação é fundamental também, e hoje em dia, não tem mais espaço para quem não é preparado, quem não está em alto nível. Então todo mundo está com um preparo físico em dia, alimentação, foco, por isso que é tão difícil ficar lá em cima, está todo mundo brigando por vírgulas, por pequenas vantagens para poder saber quem é o melhor e quem vence as baterias nos 30 minutos. Mas, claro, a experiência ajuda bastante, vivi isso já muitos anos, então com isso você consegue perceber os altos e baixos do ano, sabemos como nossa cabeça se comporta na competição e dentro dos momentos de pressão. 

Você vai ter um técnico atuando ao seu lado em 2025? Acha importante?

Eu vou manter o mesmo técnico, que trabalho desde 2022, o Adriano de Souza, o Mineirinho, campeão mundial em 2015. Estamos indo para o quarto ano de trabalho, muito feliz de estar com ele, ele é um cara muito experiente, já zerou esse jogo. Mas o mais importante, eu gosto muito de como ele entende como eu me sinto, conforme as coisas vão acontecendo durante os eventos, durante as pernas mais longas, tipo a Austrália, até porque ele passou por isso. Ele conhece muito sobre as competições, é um cara muito estrategista. Ele teve uma trajetória admirável desde muito jovem, conquistando títulos importantes que me inspiram e fazem toda a diferença para mim.Ele já venceu profissional com 13 anos, foi campeão pro junior aos 16 e se classificou muito novo também com 18, ele sempre foi fora da curva. E ter ele ao meu lado, nesses 4 anos, agora tem feito toda diferença. 

Por ser goofy e excelente nos tubos, uma eventual presença no Final 5 em Fiji te favorece. Você aprova este formato para determinar o campeão mundial ou acredita que o anterior, baseado apenas no ranking final, era mais justo?

Obviamente sendo goofy e tendo facilidade nos tubos, seria um sonho estar no Final 5 em Fiji. Mas eu já cometi esse erro anteriormente, de sonhar lá na frente e não pensar no agora. Seria uma maravilha, mas eu sei que tem muito trabalho a ser feito e muito resultado a ser conquistado e só pensar em como seria, só depois que estiver dentro dos cinco. O atual formato nos desafia a sermos consistentes e a mantermos o foco até o final e estou sempre me adaptando e me preparando para essas mudanças. Mas esse novo formato pode desfavorecer um atleta que está na liderança disparado e, chegar e ter um dia ruim, e acabar perdendo o título mundial. Isso ainda não aconteceu no masculino, mas já aconteceu no feminino algumas vezes. É frustrante perder o que se conquistou em um ano em apenas duas baterias, entendo isso, ainda mais quando um atleta está muito disparado na frente, teve um ano incrível. Mas se eu um dia tivesse a chance de estar lá, com certeza seria incrível e imaginar que eu estou só há algumas baterias de um título do mundo. Espero poder seguir trabalhando firme, estar bem, para talvez no final deste ano ir para as ilhas Fiji. 

+Miguel Pupo confirma vaga no CT

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