Em entrevista a Kai Lenny, Kelly Slater revela que sonha com as Olimpíadas, quer ver Teahupoo aterrorizante e elogia Filipe Toledo e Gabriel Medina
O que esperar de um bate papo descontraído comentando as finais da WSL entre dois dos maiores surfistas de todos os tempos? Se você respondeu um tsunami de informações interessantes, acertou em cheio. Ainda mais quando se trata do floridense Kelly Slater e do havaiano Kai Lenny, que além de fenomenais dentro d’água, são conhecidos também pela capacidade de serem bem articulados em terra.
Capazes de expressar e defender seus pontos de vista com a mesma segurança que demonstram nas ondas, ainda que muitas vezes a aceitação não seja tão boa. Especialmente no caso de Kelly Slater, sempre pronto para disparar um comentário polêmico, daqueles que deixam as mídias sociais em estado de turbulência por dias a fio.
+ A fantástica história da Ocean Dome, a mega piscina de ondas japonesa que foi à falência
Nessa conversa, Slater recebe Lenny na casa que divide com a namorada de longa data, Kalani, em San Clemente, na California, a poucos quilômetros de Trestles. Justamente o palco onde o ubatubense Filipe Toledo recém conquistou, no sábado passado, seu segundo título mundial com uma performance arrasadora na final contra o australiano Ethan Ewing.
Kelly brinca que era possível escutar a torcida brasileira gritando na praia mesmo estando um tanto longe, tamanha a energia dispensada no apoio a Toledo. Enquanto Kai marcou presença na areia, sentindo toda a vibração de perto, Kelly, que foi operado do quadril na véspera do confronto decisivo da WSL, teve que assistir tudo online, meio tonto pela quantidade de analgésicos circulando nas suas veias.
A impressão que os dois passam é de terem adorado o evento, sem em nenhum momento contestar o formato ou a qualidade das ondas, dois assuntos muito criticados na imprensa especializada e mídias socias. Eles se concentram em analisar as baterias e as performances, com destaque para Filipe Toledo, Ethan Ewing e do cria da casa Griffin Colapinto, principais protagonistas masculinos da disputa. Também dão seus palpites sobre o confronto que resultou no título mundial da floridense Caroline Marks, despachando a havaiana Carissa Moore de maneira melancólica.
Kelly e Kai não poupam elogios a Filipe Toledo, que colocam num pedestal acima de qualquer outro surfista na disputa do título nos quesitos velocidade, fluidez e progressividade. Vindo de dois monstros do surf como eles, são um atestado da indiscutível supremacia do brasileiro. Em quase 40 minutos de conversa, tem muita coisa bacana a ser ouvida. Pena que o vídeo não ofereça a possibilidade de legendas em português, já que isso dificulta o acesso do público verde amarelo a um conteúdo que faz muito bem para o orgulho nacional.
Até o filho de Maresias, ausente do Final 5, entra no assunto de uma forma surpreendente, quando num determinado momento Kai sugere que gostaria de ver uma etapa do Circuito Mundial em ondas grandes, com Gabriel Medina “em Jaws entubando lá de trás de backside com as mãos na borda”. Kelly apoia a ideia e acrescenta que “todos os campeões mundiais deveriam receber convites para o Eddie Aikau”, completando que “ninguém vê o Gabriel como sufista de ondas grandes, mas basicamente todos os testes que ele teve que encarar, seja em Pipeline ou em Teahupoo, ele passou e pareceu confortável”.
Ainda no assunto ondas grandes, Kelly revela que “seria insano se eu pudesse ir as Olimpíadas (em Teahupoo), eu aceitaria o lugar no time 100% se me oferecessem”. O que Kai Lenny defende que seria justo por ele ter sido o surfista mais vitorioso da história dos Estados Unidos. Ao que Kelly acrescenta, “gostaria que, para o bem do surf, esteja aterrorizante, no limite das condições de tow in, com todo mundo bem assustado”.
Vale muito conferir essa entrevista na integra, está boa demais:
