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Reinaldo Andraus “Exterminando o complexo de vira-lata” do surf brasileiro

Neste post do blog “Histórias do Surf”, o jornalista, surfista e maior historiador do surf brasileiro, Reinaldo “Dragão” Andraus, valoriza realizações pioneiras com acontecimentos em que surfistas brasileiros tomaram a frente de maneira arrojada e influente na evolução do surf.

A seguir confira seis fatos das seis últimas décadas, que têm sua significativa perspectiva e desmontam o paradigma do complexo de vira-lata brasileiro.

Elas, por sinal, são abordadas no livro “A Grande História do Surf Brasileiro”.

ANOS 60
PENHO E A PRIMEIRA MINI MODEL

Carlos Eduardo Siqueira Soares, foi o primeiro surfista brasileiro a se jogar para surfar no Hawaii em 1967.

Disputou o extinto e antológico campeonato de Makaha.

Só que o ato pioneiro e transformador dele foi trazer a primeira prancha mini model para a América do Sul.

Aqui no Brasil ele conheceu e recebeu bem alguns amigos peruanos. Quando ele chegou no Peru, foi recebido pela família Barreda, com alguns dos melhores surfistas de lá.

O Peru já tinha uma tradição no surf, em 1965 Felipe Pomar venceu o World Contest, realizado em Punta Rocas e que contou com grandes surfistas do Hawaii, Austrália e Califórnia. Até 1967 o surf era praticado em pranchões.

Na temporada 1967 \ 68, já no Hawaii, Penho tomou contato com Bob McTavish, Nat Young, outros australianos e os shapers havaianos que aderiam ao movimento – Shortboard Revolution. Com a ajuda de John Mobley, que trabalhava na Pacific Surfboards, Penho produziu uma 7’2”.

DETALHE DAS PRANCHAS EM LIMA NO PERU.
AS DUAS DAS PONTAS FORAM AS QUE PENHO TROUXE PARA O BRASIL.
A MINI MODEL É A MENOR DA DIREITA.
NA PONTA ESQUERDA, UMA “BABY GUN” QUE ELE FEZ DEPOIS QUE PARTIU AO MEIO UMA IGUAL NO HAWAII.

As três pranchas que estão no meio Penho ajudou e ensinou seus amigos peruanos a produzir.

Flaco Barreda fez as primeiras mini models do Peru. No Brasil a chegada de Penho provocou a transição para um novo tipo de surf, no qual ele foi protagonista, uma espécie de guru, para a nova geração que passou a evoluir no ambiente das “pranchinhas”.

ANOS 70 – A ERA DO PATROCÍNIO

Outro importante ato de pioneirismo foi a busca pelos primeiros patrocínios.

As pranchas eram limpas e tinham a marca do fabricante, um raio das pranchas Lightning Bolt.

Entre os finalistas do Pipeline Masters em 1976, o brasileiro Pepê Lopes era o único que trazia um logo na prancha.

É interessante destacar que foi na temporada 1976\77 que os australianos formaram a equipe “Bronzed Aussies”; o time original era composto por Mark Warren, vencedor do campeonato Smirnoff em Sunset Beach; Ian Cairns (que venceu a World Cup, em Haleiwa) e Peter Townend, o primeiro campeão mundial da IPS.

Só a partir de 1977 eles passaram a colocar o brazão da equipe na prancha, mas não havia nenhum patrocínio. Em dezembro de 1976 Pepê chegou com patrocínio (de bico) no Hawaii.

Ainda estou fazendo um cruzamento minucioso com as revistas importadas de minha coleção e as Brasil Surf para verificar as primeiras fotos publicadas e datas em que surfistas colocaram logomarcas (que não de fabricantes de prancha) como a principal.

No ano de 1978 o diretor da Brasil Surf, Alberto Pecegueiro, fez uma reportagem destacando esse fenômeno no Brasil.

O fato que fica claro é que esta primeira geração de profissionais brasileiros foi pioneira na magnitude da captação de patrocínio, em uma época anterior ao crescimento da importância da surfwear.


ANOS 80 – OS
“CAMPEONATOS MODELO”

Na segunda metade dos anos 80 com o retorno do circuito mundial ao Brasil e a formação da Abrasp a partir de 1987, começamos a realizar competições (festivais) de surf cada vez mais bem organizados e estruturados.

A grande razão para esta excelência em termos de realização de campeonatos se deu em função do surgimento de uma geração de profissionais que buscaram um aperfeiçoamento na montagem destes eventos.

Desde Paulo Issa em Ubatuba, passando pelos cariocas Arnaldo Spyer e Roberto Perdigão, que seguiram para o Sul e se juntaram a Flávio Boabaid, ganhando a colaboração de produtores como Dany Boi, tudo viabilizado pela visão dos empresários da surfwear brasileira como Sidão, Alfio, Fico, Zé Roberto Rangel, os irmãos Rego e Ermínio Nadin que deram o suporte para que passássemos de copiar as estruturas internacionais, para gerar modelos e magnitudes que foram copiadas mundo a fora. Fizemos escola nesse quesito.


ANOS 90 – A INVENÇÃO DOS
WEBCASTS

Em seu blog, Andraus conta que fez uma postagem sobre o trabalho da Beach Byte e as inovações que tiveram sua origem com uma turma de Niterói, Mano Ziul, Celsinho e Alexandre Cury. Leia mais sobre esta história neste link.

EM 2006, NO EVENTO BILLABONG GIRLS EM ITACARÉ, FOI INAUGURADO O SISTEMA DE REPLAY PARA OS JUÍZES. À ESQUERDA O TERMINAL PARA DIGITAR AS NOTAS E DO LADO DIREITO O MONITOR PARA CADA JUIZ VER O SEU REPLAY SEM PERDER A ATENÇÃO DA ÁGUA.

ANOS 2000 – AS MÁQUINAS DE SHAPE

Ainda nos anos 90, o surfista, médico e shaper das Surface Surfboards, Luciano Leão, começou a conceber a máquina DSD (Digital Surf Designs).

Nos anos 2000, o invento se provou tão eficiente e funcional que essa era a máquina instalada em maior quantidade pelo mundo afora.

Todos estes episódios e a evolução natural deles serão abordadas com maior profundidade e de forma mais elaborada no livro A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO.

Para finalizar esta postagem, o assunto (façanha) mais recente e que inspirou Andraus ao título.

Foram seis temas, distribuídos por seis diferentes décadas, mas que podem encher de orgulho todos os surfistas brasileiros por sua representatividade no cenário internacional.

ANOS 10
OS MAD DOGS E A REMADA EM JAWS

Danilo Couto venceu o prêmio Billabong XXL em 2011 e continuou atacando as ondas de Jaws, para a esquerda e para a direita, com ou sem patrocínio, ao lado de seus corajosos amigos da Bahia, Márcio Freire e Yuri Soledade.

+  10 perguntas para Yuri Soledade

+  entrevista Danilo Couto

O filme Mad Dogs gerou grande polêmica por seu nome não estar na lista dos convidados para o evento de Peahi da WSL. Ele sempre foi um dos maiores destaques lá nas sessões de remada. Este ano ele ainda está como um dos primeiros alternates do Quiksilver – In Memory of Eddie Aikau. A expectativa é que Danilo Couto consiga participar dos dois eventos, caso aconteçam.

As incríveis aventuras dos surfistas brasileiros nas ondas grandes e seus big riders serão temas deste blog em diversas ocasiões. Lembrando os feitos do passado e também trazendo a concretização de sonhos de superação atuais, simplesmente porque a história nunca acaba de ser escrita.

LEIA: Sangue nos olhos: As novas caras do big surf brasileiro 

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