Engenheiro, músico e surfista, Tom Morey inventou a primeira prancha para surfar ondas deitado (a), no Havai, em 1971. O pai do bodyboard morreu cerca de dois meses após chegar aos 86 anos, na última quinta-feira, 14/10.
O homem que inventou o bodyboard moderno e criou um dos esportes aquáticos mais populares e acessíveis do mundo nos deixou.
“Morey foi um dos últimos verdadeiros ícones do esporte americano,” escreveu o Surfertoday.com – e nós concordamos em absoluto.
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Um visionário, Tom nasceu em Detroit, em 15 de agosto de 1935. Aos oito anos, sua família mudou-se para Laguna, Califórnia. Um ano depois, ele já surfava suas primeiras ondas em um colchão inflável.
Empolgado com a experiência extraordinária, ele pegou uma prancha emprestada e rapidamente se tornou um dos longboarders mais prolíficos da Califórnia.
Morey Boogie: paixão pelo jazz inspira o nome da prancha
Na década de 1950, Morey formaria uma banda de jazz, trabalharia como salva-vidas em Laguna Beach e na Disneylândia como operador de passeios de Branca de Neve e os Sete Anões; e se formou em matemática na Universidade do Sul da Califórnia.
Seu primeiro empreendimento comercial foi uma joint-venture de chapéus de papel em forma de favo de mel com Bob Tierney.
Mas o coração e a alma de Tom já vibravam com o surf, então ele desenvolveu uma prancha de surf única feita de favo de mel de papel.
Suas habilidades de surf combinaram com outras estrelas da década de 1960, incluindo Miki Dora e Phil Edwards.
Portanto, um acordo de patrocínio assinado com a Velzy and Jacobs Surfboards não foi nenhuma surpresa. Tom continuou introduzindo novos conceitos e materiais no surf.
Núcleos de papelão em forma de favo de mel e bicos côncavos, prancha de surf de três peças e materiais e tecnologia da era espacial foram usados e aplicados ao design de surf.
Tom Morey também realizou seu próprio concurso de longboard – o Tom Morey Invitational – que se tornou um dos primeiros eventos de nose riding de prestígio.
O pai do boogie board
Em entrevista ao Surfertoday.com, Morey contou como surgiu a ideia do primeiro boogie board.
Em 1970, ele se mudou para o Havaí, local que elegeu como seu lar espiritual. Lá, inclusive, ele conheceu e se casou com Marchia Nichols – o amor de sua vida – e em 7 de julho de 1971, ele apareceu com a invenção que mudaria a vida de milhões de entusiastas do oceano em todo o mundo.
“Eu tinha uma garagem cheia de materiais; espuma flexível de poliuretano à prova d’água restante de um experimento anterior com falha. Eu precisava de algo para surfar e estava falido. Não queria pegar uma prancha emprestada e talvez amassar e ter de consertá-la. Minha esposa estava grávida de oito meses. O surf estava a 30 metros de onde eu morava. Que escolha eu tive?,” relembrou Morey.
Tom Morey então cortou ao meio um pedaço de espuma de quase três metros, colocou uma folha do Honolulu Advertiser em cima para evitar que derretesse e usou o ferro de sua esposa para formar uma pequena tábua.
Inspirado no antigo paipo, nasceu o bodyboard moderno. O resto é história. Morey Boogie se tornou uma marca lendária e sinônimo de bodyboard e bodyboard.
Curiosamente, o nome da revolucionária criação foi profundamente inspirada por seu amor pela música e jazz em particular.
Morey contou também que a sua esposa foi a primeira a ver a invenção, e a segunda pessoa a surfar com o boogie board. Na época, ela estava grávida de 8 meses.
“Marchia, minha esposa, disse na época: ‘Quero experimentar!’ Ela estava animada porque, apesar de estar grávida, adorava surfar. E ela foi a segunda pessoa a experimentar.
Novamente, ela, grávida de oito meses. Agora, ela está lá fora, no outside; a água é sugada para fora do recife, deixa-a até os joelhos em pé … Um onda de quatro pés se aproxima; ela entra na onda e pega essa onda, e se torna a primeira mulher boogieboarder. Desculpe, mas o termo ‘bodyboarder’ é uma merda, e sempre foi. Parece uma tábua que eles usariam para deslizar um cadáver para dentro de um saco de cadáveres.”
Uma nova indústria – construída do zero no surf – estava pronta para dominar o mundo.
Tom Morey nunca patenteou sua invenção inovadora e acabou testemunhando outras pessoas ganhando grandes somas de dinheiro com sua criação.
Mas ele nunca reclamou de sua situação financeira sempre frágil.
Boogie Feelings
“Com isso, dá para sentir a forma da onda,” lembrou ele em uma entrevista de 2019.”
Depois ele descobriu como virar. “Posso sentir a sucção e puxar minhas pernas e nadadeiras para fora da água”, ele descreveu. “Estou aprendendo a usar essa coisa maravilhosa que as pranchas de surf não têm.”
Era diferente de surfar com as tradicionais pranchas grandes. Ele descobriu como manobrar na onda. “São sensações maravilhosas,” lembrou. “Sem ninguém com quem compartilhar.”
“Posso surfar a trinta centímetros de água”, disse Morey. “Que momento”.
Depois de uma de suas sessões com o boogie, um homem se aproximou dele e perguntou: “Como posso comprar um desses? Você quer vender um?”
Morey propôs um preço na hora. “Dez dólares,” disse ao homem, fazendo sua primeira venda. Foi a semente de um esporte que move centenas de milhares de pessoas em todo o mundo.
No início a prancha se chamava-se SNAKE, uma sigla para “Side, Navel, Arm, Knee and Elbow”, mas Morey rapidamente aprendeu que o nome fazia as pessoas desconfiarem, então permaneceu como Boogie Board, por conta do seu amor pela música blues.
Morey dizia que “o termo ‘bodyboarder’ é uma merda. Parece uma prancha que eles usariam para deslizar um cadáver para dentro de um saco de cadáveres.”
Morey publicou um anúncio na revista Surfer. O preço de um bodyboard era de 37 dólares porque ele tinha 37 anos.
Ela recebeu três pedidos quando o primeiro anúncio foi lançado, o suficiente para gastar esse dinheiro na fabricação de mais pranchas.
Em meados dos anos 70, ele conseguiu financiamento suficiente para abrir sua fábrica de pranchas bodyboard.
Quando foi vender as pranchas nas surf shops, foi recebido com frieza. Então ele teve a ideia de viajar pelas praias de todo o país com 30 pranchas e bandeiras para colocar na areia.
As crianças se reuniram, todas querendo experimentar. Quando seus turnos acabavam e eles imploravam aos pais para comprar um, ele os mandava para as surf shops mais próximas, certificando-se de que os donos das lojas gostariam de tê-los em estoque.
Morey vendeu as pranchas e a marca Boogie Board em 1977. Hoje, ela é propriedade da Wham O, que produz as pranchas em massa e as vende para grandes varejistas em todo o mundo. A marca registrada é de propriedade da empresa, incluindo o nome Tom Morey, portanto, pranchas semelhantes devem ser chamadas de “bodyboard” e não Boogie Board.
Morey deveria ter ficado rico, mas não ficou. Chegou à velhice com quase nenhum dinheiro para pagar o aluguel da casa e ficou cego. Ele havia investido todo o dinheiro no desenvolvimento de novas invenções. Ele era uma espécie de Thomas Edison ou Alexander Graham Bell.
Durante anos, ele trabalhou como engenheiro em uma empresa aeroespacial. Foi graças a este trabalho que teve acesso a novos materiais e utilizou os seus conhecimentos para inovar na área do surf.
“Como eu fiz? Você pergunta,” disse Morey ao entrevistador do Surfertoday.com. Embora eu talvez pudesse ter feito mais, ajudei a revolucionar a vida neste planeta. Com bilhões de horas de prazer a milhões de pessoas. Sim, e continuo participando do despertar da humanidade de um pesadelo de acreditar ignorantemente em superstições religiosas de segunda mão, preconceitos, velhas leis exageradas que não são leis naturais. Em geral exagero exagerado. Reunir pessoas de todos os tipos no playground que é a praia. Tenho orado continuamente para estar a serviço e conseqüentemente bem feito.”
A piscina de ondas (em 1980)
Na década de 1980, Tom imaginou a piscina de ondas do futuro, décadas antes de todo mundo. E seu revolucionário design de ondas artificiais se tornou um símbolo atemporal de sonhos se tornando realidade.
Em várias entrevistas exclusivas com SurferToday.com, Tom Morey enfatizou a importância de unir todos os surfistas – não importa a prancha que estejam pilotando – em uma única entidade.
E isso é surfar. “Somos todos surfistas”, disse-nos.
É difícil descrever a contribuição de Morey para o mundo em geral e os esportes em particular.
Uma coisa é certa: o legado de Tom Morey viverá enquanto houver oceanos saudáveis e ondas de alegria prontas para serem surfadas.
Um dia, todos iremos conhecê-lo e agradecê-lo pessoalmente.
O presente e o futuro do bodyboard
A genialidade e a personalidade visionária de Morey se mostra sob muitos aspectos.
Quando questionado sobre como enxergava o presente e o futuro do bodyboard, Morey disse o seguinte:
“A espuma de polietileno da Dow era a espinha dorsal da indústria. Então, a EPA exigiu que um outro agente de expansão diferente fosse usado. A Dow obedeceu. Era o gás butano.
Assim, um dia, chega um caminhoneiro a uma plataforma de carga, abre a porta, tira um cigarro e um isqueiro e acende.
‘ Snap’, ‘Kaboom’. Gases de butano, que haviam facilitado seu caminho para fora da espuma, acumularam-se no caminhão e arremessaram o pobre sujeito pelo estacionamento.
Depois disso, a Dow instituiu o uso de rolos gigantes com pontas para perfurar cada espaço em branco. Ou seja, fez centenas de furos neles, fazendo com que as placas vazassem.
Enquanto isso, a enorme Mattel comprou a grande e velha Kransco. Cada vez mais executivos, menos e nenhum surfista envolvido.
Em seguida, as empresas offshore descobriram como usar adesivos de filme de fusão a quente para colar películas a esferas de estireno muito mais baratas – porém mais fracas. Ótimas ligações entre miçangas e peles. Mas a ligação de um grânulo com o outro é muito fraca.
Com volumes cada vez maiores envolvidos, hoje se trata de barato-barato, tendo como alvo o comprador médio que, por definição, está abaixo da média em relação à metade superior do mercado.
Assim, qualidade e design estão em uma espiral descendente. O que você pode fazer, porém, é comprar um barato. Desbaste o fundo com uma lixa. Compre um revestimento de porta de compensado de 1/8 ”, molde-o e cimente-o na parte inferior. Em seguida, envernize a madeira. Você terá um bodyboard muito rápido.
Eu sei que Mike Stewart ainda faz boas pranchas. Outras, você pode comprar online de Jay e Vicki Reale, e também de Jimmy Linville na JL Design em Oceanside.
Eu gostaria de recomendar o Morey Boogie, mas essas pessoas agora são totalmente desconhecidas. Várias tentativas de alcançá-los ao longo dos anos resultaram em comunicação zero.
Eles ainda não perceberam o valor de ter Tom Morey, um nome proeminente no surf por 50 anos, conectado com o Morey Boogie.”
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Seus amigos organizaram uma arrecadação de fundos para dar a ele um final decente.
Hardcore envia condolências à família e aos amigos. Descanse em paz, Tom Morey.
Clique AQUI e leia uma biografia completa de Tom Morey.
* Com palavras do Luís MP, o fundador do Surfertoday.com
