Lucas Silveira dedicou-se a algumas das melhores ondulações do globo em 2018 e o resultado é um filme que poucos surfistas brasileiros conseguiriam produzir
Por Fernando Guimarães
Lucas Silveira esteve em São Paulo essa semana para a turnê de lançamento de seu novo filme, “De Volta”, que rolou na quarta-feira (27) na capital paulista. O filme está disponível na web há alguns dias, e nós, da HC, já havíamos assistido. Mas a experiência de ver em uma tela enorme, com um sistema de som de qualidade fazendo justiça ao trabalho fino de edição e seleção das trilhas por Loïc Wirth, ajudou a ter a real dimensão do filme — e do trabalho — de Lucas.
Façamos um exercício. Pense em surfistas brasileiros capazes de vencer um campeonato mundial junior em uma onda de manobras, com fundo de areia. Vencendo, no caminho, surfistas que hoje pertencem à elite mundial. Pense em quantos surfistas, além de serem capazes, realmente conseguiram fazer isso.
Agora pense em quantos surfistas brasileiros armam uma trip alucinada, de última hora, para passar apenas dois dias na Indonésia e conseguir surfar uma ondulação histórica. E nos que, chegando ao local, conseguem tirar a melhor onda de toda uma sessão que reuniu apenas alguns dos nomes mais cascas-grossas do surf mundial.
Faça a intersecção entre esses dois grupos. Talento competitivo e repertório de manobras de um lado. Disposição, atitude e talento acima da média para ondas grandes, tubulares e de responsabilidade do outro.
Em 25 minutos de filme, “De Volta” retrata alguns dos melhores momentos de um dos raros nomes que respondem à equação acima.
Em Nias e Puerto Escondido, Lucas demonstra o apetite e a habilidade em lidar tubos que fariam a maioria dos seres humanos sentir um embrulho no estômago.
Em Jeffrey’s Bay, Noronha e outros picos do México, mostra o surf que o levou ao título mundial junior — e que deve levá-lo um pouco mais longe em breve. Com destaque para uma sessão apenas de backside, manobrando forte, no crítico e com uma linha sólida, madura. Uma linha, de fato.
Assistir é obrigatório. Se puder, faça um favor a si mesmo e veja na maior tela possível, com o som mais alto que você conseguir. É um filme que merece ser experimentado além das telas pequenas e fones de ouvido.
Lançamento em São Paulo: chuva, trânsito e noitada boa
Foi no segundo piso do recém-aberto bar Kingston, em Pinheiros — aqui pertinho do QG da HARDCORE — que algumas dezenas de surfistas paulistanos(as) estavam recolhendo seus queixos do chão após a primeira exibição de “De Volta”.
A capital vem experimentando uma sequência de dias chuvosos — ninguém reclama muito pois normalmente vêm acompanhados de boas ondas no litoral — e na quarta não foi diferente. Tudo atrasou um pouco, o que no final foi bom para dar tempo do diretor Loïc Wirth, ser humano que vive em seus próprios horários, chegar para a segunda sessão. Os registros são de Igor Moura.