Em um vídeo filmando em Duranbah (ou D-Bah), famoso pico localizado no sul da Gold Coast, Austrália, publicado no canal Raw Surfing, um surfista é flagrado em uma cena lamentável, lançando socos contra um bodyboarder em plena onda. A razão? Difícil entender, uma vez que o surfista entrou depois na onda.
A situação reflete uma realidade do surf moderno: as ondas se tornaram um recurso escasso, com um número crescente de pessoas disputando o mesmo espaço em praias ao redor do mundo. D-Bah, como um dos picos mais populares da Gold Coast, é famoso por suas ondas bem formadas, atraindo surfistas de todos os níveis e criando inevitavelmente um crowd intenso. Quando o lineup está cheio, a frustração aumenta, e com ela, o risco de conflitos.
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A filmagem capturada mostra o surfista, já irritado por estar preso no mar sem conseguir pegar uma boa onda, descontando a raiva no bodyboarder. As disputas no mar nem sempre são raras, mas essa agressão é um lembrete extremo de como a busca pelo prazer nas ondas pode transformar uma sessão de surf em um palco de brigas.
Esse tipo de conflito evidencia um aspecto quase paradoxal do esporte. Surfar não é apenas uma questão de pegar uma onda: é uma progressão técnica. Primeiro, aprende-se a levantar na prancha (o famoso “pop-up”). Depois, a controlar o corpo e a usar o “rail” da prancha para conduzir as manobras. É uma prática que demanda tempo, paciência e dedicação, mas que, ao fim, gera uma sensação de euforia. Por isso, quando um surfista não consegue alcançar essa sensação, a frustração é inevitável. O surto de violência, embora extremo, é um reflexo do aumento do crowd e da pressão crescente em picos de surf famosos.
Mesmo com o aumento desses conflitos, a atração pelas ondas permanece irresistível. Afinal, o apelo de deslizar pela parede líquida continua sendo mais forte do que o desconforto causado pelo crowd. Para muitos, o surf é como uma droga: a busca pela onda perfeita é o que move o dia a dia desses atletas, e mesmo depois de episódios tensos, como o de D-Bah, o retorno ao mar é inevitável.
Ainda assim, a lição que fica é clara: respeito e bom senso são essenciais para a convivência em qualquer lineup.