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Crise na indústria do surf: demissões na Vans e Kelia Moniz soltando o verbo

A indústria da surf wear continua atravessando um período de profundas mudanças estruturais que muitos entendem como uma crise significativa, com marcas renomadas não renovando contratos com surfistas profissionais e implementando cortes drásticos no quadro de funcionários.

O caso mais recente envolve a Vans, conhecida por sua presença marcante no cenário do surfe e skate há décadas, que tomou medidas severas ao demitir centenas de empregados como parte de um plano de reestruturação junto à VF Corp, empresa que controla os negócios da Vans entre outras marcas como The North Face, Thimberland, entre outras.

A notícia da demissão não se limitou aos funcionários de escritório. Atingiu também atletas de renome, incluindo os irmãos Gudauskas, Tanner, Dane e Pat, que foram dispensados pela marca após duas décadas de patrocínio. Segundo rumores, Nathan Florence, considerado um dos mais influentes free-surfers da atualidade, ainda não recebeu nenhuma oferta da Vans, mesmo com seu contrato chegando ao fim nas próximas semanas. Outro surfista em situação semelhante seria Michael February.

Justin Regan, ex-diretor global de esportes de ação da Vans, criticou duramente sua ex-empresa durante entrevista ao podcast “Monster Children”, apontando a empresa tem priorizado com frequência excessiva colaborações com influenciadores digitais ao invés de patrocinar atletas. Ele destacou que a situação chegou a um ponto em que a autenticidade e o valor das colaborações estão promovendo uma desvalorização da marca.

A situação também se estendeu à Roxy, marca que, junto com Quiksilver, Billabong, RVCA, entre outras, foi adquirida pelo gigante de licenciamento Authentic Brands Group há alguns meses. A havaiana Kelia Moniz, duas vezes campeã mundial e capa de diversas revistas, anunciou sua saída da Roxy após ser informada sobre uma redução salarial de 90%. Em um emocionante depoimento em vídeo (veja ao final da matéria), Moniz expressou gratidão por sua jornada com a Roxy, mas, ao final do depoimento, criticou a nova realidade da indústria após a aquisição pela ABG.

Moniz explicou que, após assinar um contrato vantajoso pós-Covid, o mesmo foi rescindido pela ABG, que ofereceu a ela a possibilidade de retornar com a significativa redução salarial de 90%. Recusando-se a assinar um acordo que comprometeria anos de luta por remuneração justa e igualdade, Moniz criticou as grandes corporações que consolidaram a indústria do surf, ignorando o impacto na geração atual. “Se aceitasse a oferta deles, estaria desrespeitando anos de luta que eu e outras surfistas enfrentamos por igualdade no esporte“, disse, reforçando que essas reestruturações “parecem bonitas em uma planilha, mas não se importam com o esporte“.

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