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Corona Open J-Bay: Duas frases que a WSL escutou, mas não gostou

“Claro que os competidores devem ser julgados pelo que fazem dentro do mar, não fora dele. Mas isso não quer dizer que o comportamento em terra vá passar desapercebido”

Por Adrian Kojin

Não é possível afirmar com certeza, mas parece que após a demissão, de maneira repentina e sem maiores explicações, do seu CEO, Eric “Elo” Logan, o clima na WSL está mais leve. A recém encerrada etapa realizada na África do Sul, o Corona Open J-Bay, transcorreu de maneira bem tranquila, com os comentaristas e repórteres fazendo seu trabalho de maneira mais descontraída.

O que não mudou foi a torcida descarada pelos queridinhos da casa, especialmente o vice-campeão do evento, o australiano Ethan Ewing. Se elogio de comentarista contasse ponto, Ethan teria superado em muito Filipe Toledo. Não no confronto direto durante a grande final, pois aí não teve jeito, tal foi o domínio do brasileiro. Os comentaristas não tiveram outra opção, a não ser exaltar o herói brazuca.

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Mas durante os comentários feitos durante os demais confrontos do australiano em rota para o confronto derradeiro, a sensação passada é de que se estaria assistindo ao deus da técnica e do estilo dando uma demonstração de seus poderes sobrenaturais em J-Bay. Menos, WSL, menos. Ethan é um grande surfista, sem dúvida alguma, mas toda essa conversa em torno do seu estilo é um tanto quanto exagerada.

Bonito? Sim. Polido? Também. Original? Não. Um bocado copiado de Andy Irons, mas sem a explosividade criativa do tricampeão mundial havaiano. Aliás, tá aí um dos maiores senões da maneira de Ewing surfar, a previsibilidade. Ele raramente arrisca pra valer, e repete muito uma rotina agradável aos olhos, mas um tanto quanto sonolenta. Falta um pouco mais de fúria no seu surf. Assim como nas suas entrevistas.

Claro que os competidores devem ser julgados pelo que fazem dentro do mar, não fora dele. Mas isso não quer dizer que o comportamento em terra vá passar desapercebido. Fãs gostam de emoção, e Ethan é do tipo que não se comove fácil, ou tem dificuldade em deixar que seus sentimentos aflorem. Suas entrevistas são invariavelmente sem graça, chochas, mais ainda se comparadas às do seu carrasco no evento. Filipinho abre o coração cada vez que é chamado a se pronunciar. Dá gosto de ouvir. Até mesmo espectadores que não são crentes acabam botando uma fé nos poderes divinos.

Mas a verdade deve ser dita, mesmo com essa dificuldade toda em se expressar, foi justamente o australiano quem proferiu uma das frases mais marcantes do último dia do Corona Open J-Bay. No palanque, após receber o troféu pela segunda colocação, ele declarou em alto e bom som: “Filipe Toledo é o melhor surfista do mundo”. A WSL, que insiste em empurrar Ewing como sua mercadoria mais vistosa, não deve ter gostado nenhum pouco de escutar isso. Parabéns a ele pela postura humilde e honestidade do seu depoimento.

Já a segunda frase que certamente arranhou os ouvidos da entidade foi proferida pelo grande campeão Filipe Toledo. Ao ser informado que havia garantido sua vaga para a Olimpíada de Paris 2024, ele reagiu com sua costumeira sinceridade, afirmando que ser “campeão da WSL é uma grande conquista, mas nada se compara com uma vitória nas Olimpíadas, que são o maior palco do esporte mundial”.

 

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