Para chegar ao outside e pegar tubos alucinantes como os de Pipeline, por exemplo, é preciso remar com força e velocidade. Se estiver com o braço mole ou pegar a primeira onda da série, prepare-se para minutos de agonia dentro da água. As bombas do Hawaii já pegaram o bodyboarder e fotógrafo Paulo Barcellos, que não se esqueceu do sufoco que passou em uma bancada rasa.
“Fazia duas horas que eu estava em Pipeline fotografando a galera, quando veio uma daquelas séries de banzai. Consegui passar quatro ondas, mas a quinta não consegui furar e ela me arremessou na bancada”, conta Barcellos. “Consegui salvar meu equipamento, mas com o impacto, cortei o rosto e bati o ombro, rompendo os ligamentos”, lembra o fotógrafo, que precisou ficar nove meses em recuperação.
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De fato, essa pode ser uma experiência assustadora e de consequências traumáticas. “Logo que começou a temporada de 2011/2012, eu estava naquela ‘batalha’ para não deixar o medo me bloquear”, conta Barcellos. Experiente, Paulo não se deu por vencido e deu a cara à tapa. “Certo dia, quebrou um Pipeline em que todos os fotógrafos estavam no canal e eu era o único no quebra-coco. Valeu a pena! Rendeu uma foto irada do Nathan Fletcher, que acabou estampando a minha entrevista na HC.”
O maior perigo de tomar uma série na cabeça, com água na canela, é machucar a cabeça ou o pescoço, o que pode ser fatal caso a pessoa apague. Para evitar maiores complicações, Barcellos avisa que o melhor é “colocar os braços na frente da cabeça para protegê-la do impacto”. Nessas situações, a prancha é o de menos. Não se preocupe com ela. Diferentemente da sua cabeça, dá pra conseguir outra.
Para o fotógrafo que considera Backdoor e Teahupoo os picos mais sinistros, sair do mar também pode ser complicado em dias muito pesados. “Quando sei que não vou conseguir furar a onda, dou um peixinho não muito fundo, só para fugir do impacto do lip. Com a força da espuma, ela me joga para o alto e consigo respirar um pouco”, indica.
Lembre-se de que essas são ondas, surfadas, na maior parte do tempo, por profissionais. Se você tem culhão para encarar bombas que quebram em uma bancada muito rasa, vá acompanhado. Por pior que seja seu perrengue, se você apagar vai ter alguém por perto para tirar você da água.
Resumindo:
> Se estiver com o braço mole ou pegar a primeira onda da série, prepare-se para minutos de agonia dentro da água;
> O perigo de tomar uma série na cabeça em uma bancada rasa é machucar a cabeça ou o pescoço, por isso, proteja-os com os braços;
> A prancha é o de menos. Não se preocupe com ela. Diferentemente da sua cabeça, dá pra conseguir outra;
> Se achar que não vai conseguir furar a onda, dê um peixinho não muito fundo apenas para fugir do impacto do lip;
> Se você tem colhão para encarar bombas que quebram em uma bancada muito rasa, vá acompanhado. Por pior que seja o perrengue, alguém pode tirar você da água.
(Matéria originalmente publicada na HARDCORE #273)