A organização World Animal Protection está promovendo uma campanha global contra a caça de golfinhos em Taiji, no Japão, que ocorre anualmente de setembro a fevereiro. O objetivo é conscientizar o público, entre eles surfistas, sobre a importância de boicotar companhias de turismo que incentivam a captura de golfinhos para fins de entretenimento. Em apoio à causa, Kelly Slater, 11 vezes campeão mundial, demonstrou solidariedade à campanha.
De acordo com a organização, a maioria dos golfinhos capturados em Taiji é abatida para o consumo de carne, enquanto uma pequena porcentagem é mantida viva e vendida a locais de entretenimento ao redor do mundo. Durante a temporada de caça de 2023/2024, 401 golfinhos foram abatidos e 14 capturados vivos para venda.
A gerente de campanha da World Animal Protection, Olivia Charlton, destacou o impacto financeiro do entretenimento com golfinhos na continuidade da caça. “Nós condenamos completamente a caça de golfinhos e tudo relacionado a ela. Nossa campanha é direcionada às empresas de turismo que vendem ingressos para esses locais, buscando interromper o incentivo financeiro da compra de golfinhos de Taiji”, afirmou Charlton. Ela ainda reforçou a necessidade de as empresas trabalharem com a organização para implementar uma política que elimine a exploração de golfinhos e outras práticas prejudiciais à vida selvagem.
Entre as empresas citadas pela World Animal Protection estão Trip.com, Klook, Traveloka, Get Your Guide, Tui e Groupon, que continuam promovendo locais com golfinhos capturados. A campanha incentiva os consumidores a boicotar essas companhias e a pressioná-las para que retirem esses pacotes de entretenimento de seus serviços.
O The GOAT, Kelly Slater, é um dos apoiadores da campanha e já expressou anteriormente sua oposição à caça de golfinhos, incentivando os surfistas a se envolverem na causa. “Os golfinhos não são artistas pagos nem atletas profissionais, como eu. É cruel e desumano que o público force esses animais a se apresentarem, enquanto vende ingressos para encorajar o sofrimento,” disse Kelly Slater.
A caça de golfinhos em Taiji tem raízes históricas que remontam a 1606, mas a captura para entretenimento começou nos anos 1960, quando o pequeno vilarejo japonês passou a fornecer golfinhos para locais de entretenimento ao redor do mundo.
Em uma entrevista ao The Guardian em 2017, caçadores de golfinhos de Taiji revelaram que a venda de carne de golfinho gera um lucro relativamente baixo, de cerca de US$ 500 a US$ 600 por animal. O verdadeiro ganho está na comercialização de golfinhos vivos, que podem ser vendidos por valores próximos a US$ 8.000. Se o animal for treinado, seu preço pode chegar a US$ 40.000, e em alguns casos, exemplares foram negociados com locais de entretenimento internacionais por até US$ 150.000, destacando o aspecto lucrativo desse mercado.
A World Animal Protection recomenda que as pessoas façam pesquisas cuidadosas antes de contratar serviços de turismo, evitando empresas que promovem o contato com animais selvagens, como montar, acariciar ou nadar com golfinhos. A organização também sugere que os consumidores enviem e-mails às empresas explicando o motivo pelo qual optaram por não adquirir seus serviços, uma estratégia que pode aumentar a pressão para mudanças.
“A mensagem vinda de um grupo de proteção animal é esperada, mas quando vem dos consumidores, ela se torna ainda mais poderosa”, completou Charlton, reforçando o papel do consumidor na transformação das práticas de turismo relacionadas à vida selvagem.
Com a caça de golfinhos já em andamento, a campanha da World Animal Protection busca não apenas preservar a vida marinha, mas também garantir que sua interação com o público se limite ao ambiente natural, e não a aquários ou shows de entretenimento.
Confira aqui a lista atualizada de empresas de viagens que respeitam a vida selvagem.