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Ondas melhoram em Torres e a etapa final do Taça Brasil 2024 pega fogo

Após uma pausa na quarta-feira devido a condições ruins, o Taça Brasil 10.000, realizado na Praia dos Molhes, em Torres, retornou nesta quinta-feira para um dia de condições de surfe descritas como as melhores do evento até agora. Ondas de 1m a 1.5m lisas com terral dominaram a manhã, proporcionando momentos de altíssimo nível para atletas em busca do título e da classificação para o Dream Tour.

O vento nordeste entrou ao longo do dia, deixando o mar mais picado, mas ainda bom e forte para grandes manobras. No entanto, a competição foi interrompida no fim da tarde devido à combinação de chuva intensa e ventos ruins, que prejudicaram a visão dos juízes. Apesar disso, 16 baterias foram concluídas, com vitórias e eliminações que mexeram significativamente no ranking. Foram realizadas 2 baterias da 2ª fase do masculino, 6 baterias da 2ª fase do feminino e 8 das 12 baterias da 3ª fase do masculino. As 4 baterias restantes desta fase ficaram para amanhã.

O evento, patrocinado pela Freesurf, é realizado pela Confederação Brasileira de Surf (CBSurf) em parceria com a Federação Gaúcha de Surf (FGS), a Prefeitura de Torres e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Esta é a etapa decisiva do circuito, que define os campeões do ano e os classificados para o Dream Tour de 2025. Cada bateria é decisiva, já que o ranking final considera os quatro melhores resultados de cada competidor nas dez etapas do ano.

Taça Brasil 2024
Ryan Kainalo (SP). Foto: David Castro / CBSurf.

LUAN FERREYRA DÁ ADEUS AO TÍTULO DO TAÇA BRASIL

No masculino, a briga pelo título do circuito Taça Brasil 2024 perdeu um dos principais candidatos com a eliminação de Luan Ferreyra, vice-líder do ranking. A derrota dá fim ao sonho do pernambucano de 18 anos de conquistar o seu primeiro título de um circuito profissional em 2024.

Por outro lado, o líder do ranking, Ryan Kainalo (SP), de 18 anos, avançou ao lado de Yuri Barros (PB), terceiro colocado no ranking e vencedor da bateria. O paraibano, de 19 anos, mostrou confiança  e maturidade, como explicou na entrevista pós-bateria:

“As condições estavam muito boas. Consegui colocar boas manobras e avancei. Não mandei aéreo, mas é isso. Não se vive só de aéreo, né? Tem que fazer o feijão com arroz primeiro, passando fase a fase. Só tenho a agradecer a Deus por ter me mandado as melhores ondas. Estou muito feliz de estar competindo e avançando bateria por bateria.”

Yuri, que está na briga direta pelo topo do ranking e por uma vaga no Dream Tour, reforçou sua motivação para a reta final da temporada:

“Tô muito feliz de estar nessa briga. Quero garantir minha presença no Dream Tour na próxima temporada. É seguir forte, com foco, e aproveitar cada bateria. Vamos com tudo!”

A disputa pelo título do circuito Taça Brasil na categoria masculina está muito acirrada, com vários atletas mantendo chances matemáticas de alcançar o topo.

NATHALIE CONTINUA A CAÇA À LARISSA DOS SANTOS

Enquanto a disputa pelo título masculino do Taça Brasil 2024 segue embolada, no feminino o cenário é mais claro: apenas Nathalie Martins (PR) ainda pode tirar o título da líder do ranking, Larissa dos Santos (CE), que não está competindo em Torres. Para isso, Nathalie, que foi a campeã do Taça Brasil 5.000 em Torres no último domingo, precisa chegar à final da etapa e manter o foco em cada bateria.

Nesta quinta-feira, a paranaense enfrentou uma bateria difícil, marcada por forte correnteza. Mesmo sem grandes notas, Nathalie venceu com 7.33, suficiente para avançar e seguir na briga pelo título.

“Tem altas ondas, mas a arrebentação tá longe e a correnteza tá forte. Quando consegui peguei a terceira onda, fui parar quase no Uruguai! (risos)  Não tava mais escutando nada, porque fiquei tomando muita onda na cabeça, então não sabia do resultado. Mas tô feliz de ter avançado. Tô avaliando os próximos dias pra decidir qual equipamento vou usar, talvez trocar a quilha e ajustar algumas coisas. Vamos afinando o equipamento e os braços,” comentou Nathalie.

A surfista também destacou a importância de pensar bateria por bateria:

“Ah, não dá pra dizer que não tô de olho no título, né? Mas é algo que não posso ficar pensando muito. Tenho três degraus pra subir ainda, preciso chegar na final. Não adianta ficar olhando lá pra cima e esquecer de dar o próximo passo. Com certeza quero esse título, mas quero surfar bem, me sentir bem e soltar meu surfe. Acho que, assim, as coisas vão acontecendo. Vamos ver o que vem por aí!”

Taça Brasil 2024
Isabelle Nalu (SC), vencedora da bateria, dá força à amiga Kiany Hyakutake (SC) após dura eliminação. Foto: David Castro / CBSurf

ELIMINAÇÕES DE PESO NO FEMININO

Além das disputas acirradas, o dia foi marcado por eliminações impactantes no feminino. Nomes de peso como Tainá Hinckel, atual campeã brasileira, e Monik Santos, Top-5 da elite nacional em 2024, e as outras surfistas do Dream Tour Nicole Santos, Kiany Hyakutake, Gabriely Vasque e Jessica Bianca, deixaram a competição.

Algumas dessas atletas, para se reclassificarem no Dream Tour, precisam de grandes resultados na etapa final do circuito ou dependerão de mudanças na linha de corte do ranking do Taça Brasil para garantir suas vagas na elite.

> Veja os rankings feminino e masculino do Dream Tour e Taça Brasil.

PULGA VIVE GRANDE FASE E FAZ O MAIOR SOMATÓRIO DO DIA

Taça Brasil 2024
Renan Pulga (SP). Foto: David Castro / CBSurf.

Entre os destaques masculinos, Renan Pulga (SP) fez o maior somatório do dia, 13.33 pontos, com um surfe sólido e bem executado logo na segunda bateria do dia, ainda pela 2ª fase do masculino.

Pulga já havia feito o maior somatório e nota na etapa anterior em condições menores na Praia dos Molhes, onde terminou em 4º lugar domingo passado. Com as condições dessa semana, ele mostra ainda mais confiança:

“É um estilo de onda que gosto muito. Apesar de surfar bem em marola, adoro competir quando tem onda boa e forte. Hoje tá com altas ondas, cara. Foi, disparado, o melhor dia que surfei aqui. Tô feliz, fiz uma boa bateria e avancei.”

Pulga, que vive grande fase nesta segunda metade da temporada, é o 6º colocado do ranking e segue na briga pelo título brasileiro, embora precise de um grande resultado e algumas combinações para alcançar esse feito. Ele comentou sobre o momento especial que está vivendo:

“Graças a Deus, venho de alguns pódios seguidos. Acho que é a sequência do trabalho que me trouxe a essa fase boa. Nos dias difíceis, a gente tem que continuar. É complicado manter a motivação quando as coisas não estão indo bem, mas tem que continuar. Não tem muita fórmula mágica: é acordar, treinar, fazer o que tem que ser feito, porque uma hora o momento bom vai chegar. Assim como o momento ruim passa, o bom chega também, e agora tô tentando desfrutar ao máximo dessa boa fase.”

MICHAEL RODRIGUES VOA ALTO PARA A MAIOR NOTA DO DIA

Michael Rodrigues (SC). Foto: David Castro / CBSurf

Michael Rodrigues, finalista do Taça Brasil 5.000, voltou a brilhar na Praia dos Molhes. Frequentador assíduo de Torres, Michael demonstra sentir-se em casa nas diferentes condições do pico, executando mais um aéreo incrível que lhe garantiu a maior nota do dia, 8.0.

Michael destacou sua preparação antes da bateria como um diferencial:

“Optei por não cair hoje cedo pra poupar um pouco de energia para a bateria. Passei quase 40 minutos ali aquecendo, saltando, fazendo toda a minha preparação para entrar no mar ativo. E deu certo!”

Ele também comentou sobre o vento nordeste e as condições que proporcionaram as rampas perfeitas para seu aéreo:

“Quando estava descendo o deck, o vento nordeste apertou e pensei: ‘Ah, chegou a hora da minha bateria!’. O campeonato vai ter bastante vento nordeste, que eu amo, e ondulação dos dois lados, tanto de leste quanto de sul. Vai ter momentos com rampas pra aéreo, momentos pra manobra… Vai ser bem divertido até o final do evento.”

Na mesma bateria, Cauã Costa, um dos principais nomes da nova geração no cenário internacional, passou em segundo e também apresentou um surfe de alto nível, protagonizando uma das melhores baterias do dia ao lado de Michael.

NALU E JULIA SANTOS BRILHAM NO FEMININO

No feminino, Isabelle Nalu foi o grande destaque ao marcar o maior somatório, 11.57, e a maior nota, 7.50, com uma manobra explosiva de backside na junção. A atleta celebrou a estratégia que adotou:

“Eu sempre tenho isso em mente: prefiro dar uma manobra forte do que várias mais ou menos. Estava procurando uma onda com uma boa oportunidade pra soltar meu surfe. Quando veio uma com uma junção, pensei: ‘Ah, é melhor ir pro tudo ou nada.’ Fiquei muito feliz com a nota e mais ainda de ter conseguido avançar.”

Nalu destacou que as ondas maiores são um estímulo para seu surfe, mas também celebrou a evolução em ondas menores:

“Tô feliz que o mar cresceu. Gosto de mar grande e isso me anima muito porque esse campeonato é muito importante pra mim e quero ir com tudo. No 5.000 o mar estava bem pequenininho, e isso já foi uma fraqueza minha. Trabalhei bastante nos últimos tempos pra surfar melhor em ondas pequenas, então fiquei muito feliz de fazer um segundo lugar e ver esse trabalho dando resultado. Quero provar que consigo surfar bem tanto em mares pequenos quanto em mares grandes. Tô animada!”

Julia Santos (SP). Foto: David Castro / CBSurf.

Outra performance sólida foi a de Julia Santos, finalista da etapa anterior. Ela marcou 10.23, com destaque para uma esquerda de três manobras. Julia está entre as mais consistentes da competição e segue focada em avançar.

“Tem altas ondas hoje. Assisti as duas primeiras baterias aqui de fora e vi os meninos quebrando. Tinha uma esquerda muito boa e também uma direita excelente. Entrei na água pensando nessa esquerda e, graças a Deus, consegui pegar ela. Tava doida pra soltar o pé!”

Julia também comentou sobre a transição das condições difíceis do 5.000 para as ondas maiores e mais fortes do 10.000:

“Semana passada foi um mar de ondas não tão boas, condições bem difíceis. Agora quero aproveitar esse momento, porque tá marcando que vai dar altas ondas até o último dia do campeonato. Quero ir avançando, bateria por bateria, e quem sabe chegar na final e ganhar o evento. Na última final, me desconectei totalmente do mar, não consegui pegar nenhuma onda e boiei a final inteira. Agora, tô doida pra fazer essa final de novo. Quero muito vencer um campeonato esse ano. Vou dar tudo de mim!”

HIGHLIGHTS DO DIA

PRÓXIMA CHAMADA

A próxima chamada será nesta sexta-feira, às 7h30, com possível início às 8h. O cronograma prevê a conclusão das 4 baterias restantes da 3ª fase masculina, seguidas pelas 4 baterias da 3ª fase feminina, além de 8 baterias da 4ª fase masculina e 8 da 5ª fase masculina.

A previsão é que as ondas continuem com um bom tamanho em condições favoráveis para um dia intenso de competição.

TRANSMISSÃO E APOIO

O Taça Brasil 10.000 em Torres, Rio Grande do Sul, é transmitido ao vivo pelo canal CBSurfPLAY e no site cbsurf.org.br

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