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Torcedores brasileiros cobram “ajuda” entre surfistas e geram polêmica

A eliminação de Matheus Herdy nas últimas etapas do WSL Challenger Series foi o estopim para uma onda de críticas de torcedores brasileiros nas redes sociais. As cobranças surgiram depois que Samuel Pupo e Deivid Silva, ambos já classificados para a elite do surf mundial em 2025, derrotaram Herdy nas quartas de final de duas competições decisivas — em Ericeira, Portugal, e Saquarema, Brasil, respectivamente.

Em Portugal, Samuel Pupo foi alvo de críticas por vencer Herdy, que precisava de um bom resultado para se aproximar da classificação ao Championship Tour (CT). Muitos torcedores afirmaram que Samuel deveria “facilitar” a vitória para seu compatriota, já que ele próprio já estava garantido no CT. Em resposta às críticas, Samuel declarou:

Estou aqui fazendo meu trabalho como profissional. Todos estamos competindo para dar o nosso melhor, e não faz sentido entregar a bateria para outro surfista, mesmo sendo brasileiro. Se você achou que ele merecia vencer, não me culpe por isso.”

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A situação se repetiu na etapa de Saquarema, quando Deivid Silva venceu Herdy, que precisava conquistar o título do evento para garantir sua vaga no CT. Assim como Samuel, Deivid também foi duramente criticado, porém, ambos também receberam apoio de outros atletas e fãs brasileiros.

Em respostas aos ataques, diversos surfistas profissionais saíram em defesa de Samuel e Deivid, rejeitando as críticas e reforçando que cada atleta deve dar o seu máximo em qualquer competição. O bicampeão mundial Filipe Toledo foi enfático:

“Isso se chama competição, não é um treininho ou um surf com amigos. O surf é egoísta mesmo e sempre vai ser assim! Herdy surfou muito bem o ano todo… Infelizmente não deu, mas a hora dele vai chegar.”

Michael Rodrigues também pediu uma mudança na postura dos torcedores:

“Vamos deixar de atacar e enviar mensagens positivas para ambos! Mateus e Deivid representaram muito bem. Mateus é jovem e está evoluindo muito; quando sua hora chegar, será difícil de parar.”

Outros atletas, como Lucas Silveira, questionaram a falta de lógica dos críticos:

“Quem vai pagar as contas do cara e sustentar a família? Os australianos que perderam para outros australianos, alguém reclamou? Na água, é sempre guerra!”

Miguel Pupo destacou que o surf é essencialmente um esporte individual:

“No final do evento, quando um brasileiro ganha, não divide a premiação com o resto do time. No surf, cada um decide seu próprio destino com os resultados individuais. Não é futebol, não podemos esquecer disso.”

Alvo das polêmicas, Matheus Herdy, por sua vez, manteve uma postura esportiva, parabenizando os adversários e em nenhum momento incentivando as críticas que recebeu.

O episódio revela a dificuldade que alguns torcedores brasileiros ainda têm em entender a lógica do surf competitivo. Ao contrário de esportes coletivos, como o futebol, o surf é uma modalidade individual, onde cada atleta precisa alcançar o melhor resultado possível para garantir patrocinadores, premiações e visibilidade.

Embora a união entre atletas da mesma nacionalidade seja importante para fortalecer o esporte, cada surfista compete com foco no próprio desempenho. Como Julia Santos observou:

“Não devemos ter raiva dos jogadores, e sim do jogo, que muitas vezes não é justo. Parabéns pelo profissionalismo de ambos.”

O surf, quando se torna uma profissão, significa para esses atletas que vencer é muito mais do que erguer um troféu: é uma questão de sobrevivência financeira. Surfar por lazer é uma filosofia diferente. Para um profissional, a competição será o que define o sucesso de cada um e garante um futuro melhor para sua família. Isso precisa ser respeitado.

 

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