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Adversário de Medina na semifinal teve prancha censurada por comitê olímpico

Adversário de Gabriel Medina na semifinal dos Jogos Olímpicos de Paris, o australiano Jack Robinson teve sua prancha alvo de censura pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). A decisão polêmica surgiu após um protesto formal do Comitê Olímpico Sul-Coreano, que alegou que o design da prancha de Robinson poderia soar como referência ao “Sol Nascente”, um símbolo ofensivo em diversas partes do Leste Asiático por estar associado ao militarismo japonês e às atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial.

A controvérsia surgiu após o australiano postar em sua conta do Instagram uma imagem de suas pranchas para o evento, exibindo o desenho dos equipamentos. Para os surfistas, a arte era uma homenagem ao lendário surfista havaiano Andy Irons. No entanto, para a Coreia do Sul e outros países asiáticos, a bandeira do “Sol Nascente” está associada ao período imperialista do Japão.

“Eu só estava prestando homenagem ao Andy, sabe? Um dos caras que me inspirou quando cresci. Bruce Irons me mandou algumas mensagens legais quando viu o spray”, disse Robinson, referindo-se ao irmão de Andy.

Diante da pressão, o atleta foi obrigado a cobrir todo o fundo de sua prancha de vermelho, mantendo apenas uma referência sutil ao design original. “A equipe lidou com isso. Eu apenas pintei de vermelho”, afirmou o surfista.

O site australiano especializado em surf, Stab, entrou em contato com o Eric Arakawa, o shaper que moldou as pranchas do australiano para tentar entender o desenho. “Na época, quando Andy estava em turnê, ele usava diferentes pinturas, listras e espirais e coisas assim,” contou o shaper que também fazia as pranchas do havaiano. “Ele mudava tudo, mas pouco antes do inverno, naquele ano, ele estava pedindo várias pranchas para mim. Então eu disse ‘Ei Andy, vamos criar um design específico para a pintura que colocaremos em todas as suas pranchas. Algo simples e marcante que as pessoas começarão a associar a você. Não torne muito complicado, apenas faça algo simples e distintivo. Vai se tornar icônico. Quando as pessoas virem, vão pensar em você, e quando pensarem em você, vão lembrar disso. Pense e me ligue de volta’”.

A partir dali, Andy Irons decidiu que queria um sol nascente fora do centro, saindo das bordas. Na época, ele não sabia de qualquer possível conotação pejorativa do símbolo, considerando apenas artístico e diferente.

“Para as Olimpíadas, Jack pediu seis pranchas e me pediu para colocar a pintura do AI (Andy Irons) nelas. Achei legal, não pensei muito sobre isso, mas meu filho mencionou. Ele disse que as Olimpíadas não são apenas uma competição normal e que poderia gerar alguma controversa ter um australiano com uma bandeira imperial japonesa”, revelou Arakawa. “Conversamos sobre isso na fábrica e ele disse que deveríamos fazer apenas os raios saindo da borda, sem o sol em si. Jack gostou da ideia, então foi o que fizemos. Mas, claramente, isso não foi o suficiente”.

A censura à prancha de Robinson não foi um caso isolado. Outros surfistas também enfrentaram restrições em relação ao design de suas pranchas. O brasileiro João Chianca foi solicitado a remover a imagem da estátua do Cristo Redentor de suas pranchas devido às regras de neutralidade religiosa do COI. Em um story do Instagram que foi posteriormente excluído, Chianca explicou que a presença da imagem de Jesus não era permitida, pois “Cristo é uma figura religiosa” e as “regras dos Jogos focam na total neutralidade.”

O sul-africano Jordy Smith também teve que cobrir o logotipo de seu patrocinador, a marca de surf O’Neill, com fita adesiva. De acordo com as normas do COI, apenas o logotipo do shaper da prancha e a bandeira nacional são permitidos. Nas Olimpíadas de Tóquio, alguns surfistas usaram técnicas para esconder os logos dos patrocinadores, mas o COI reforçou a fiscalização em Paris, proibindo essas práticas.

Essas medidas ilustram a rigorosa aplicação das regras de neutralidade e a atenção aos detalhes exigidos pelo COI. A competição de surf nas Olimpíadas de Paris termina nesta segunda-feira (5) e conta com as semifinais femininas e masculinas, seguidas pelas disputas pelo ouro. Com as ondas ainda pequenas, a direção de prova adiou a próxima chamada para às 16h (horário de Brasília), com possibilidade de início às 17h30

No feminino, a semifinal 1 será entre Caroline Marks (Estados Unidos) e Johanne Defay (França), enquanto a semifinal 2 será entre Tati Weston-Webb (Brasil) e Brisa Hennessy (Costa Rica). Já no masculino, Alonso Correa (Peru) disputará contra Kauli Vaast (França) e Gabriel Medina (Brasil) enfrentará Jack Robinson (Austrália).

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O cronograma completo com o horário local e baterias pode ser conferido no site da Federação Internacional de Surf. A competição pode ser acompanhada no na televisão pelo canal Sportv e, em flashes, na Tv Globo. A CazéTV está transmitindo as disputas de surf ao vivo através de seu canal no YouTube.

 

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