A inclusão do surf na Olimpíada de Tóquio 2020 foi um marco significativo para o esporte, elevando os surfistas a um patamar global. No entanto, como frequentemente acontece nos Jogos Olímpicos, a construção de infraestruturas gerou debates complexos, especialmente em relação aos impactos ambientais e sociais.
A mais recente controvérsia girou em torno da construção de uma nova torre para juízes em Teahupo’o, no Taiti, para a competição do surf. O projeto levantou preocupações significativas entre os moradores locais e ambientalistas, principalmente devido ao potencial impacto que poderia resultar da instalação realizada em cima dos corais.
“Eles nos mostraram onde a torre seria construída. Eles nos mostraram onde a velha torre de madeira estava, e trabalhando com a comunidade, trouxemos essa atenção para o governo da Polinésia Francesa e também para o Comitê Olímpico Internacional (COI). Eles seguiram em frente e construíram. Apesar da ciência que mostrava que havia um impacto”, afirmou o Dr. Cliff Kapono, do Mega Lab do Havaí.
Antes das Olimpíadas, os protestos na região foram intensos, com uma petição contra a construção da torre obtendo 257.000 assinaturas. Romuald Pliquet, fotógrafo taitiano e ativista do Save Teahupo’o Reef, destacou na época: “É uma luta entre Davi e Golias”. Embora a torre tenha sido erguida, a pressão pública teve efeito.
Por fim, o COI modificou o projeto, reduzindo a estrutura para um design desmontável de 5 milhões de dólares, apoiada por 12 pilares fundacionais, menor do que o planejado inicialmente. Essa redução foi uma tentativa de minimizar os danos ambientais. “Quando fizemos a avaliação usando diferentes tipos de câmeras e tecnologia conhecida como fotogrametria, vimos que havia potencialmente cerca de 1,7 milhão de dólares em impacto potencial neste recife,” observou Kapono.
A construção da torre e outras infraestruturas, como estradas e marinas, deixa um legado misto para Teahupo’o. Alguns locais veem esses investimentos como melhorias necessárias, enquanto outros continuam preocupados com os impactos ambientais e sociais. “O (povo) de Teahupo’o está ansioso para recuperar sua liberdade. A vila não lhes pertence mais”, opinou Pliquet.
Com as competições já em andamento, ainda é incerto qual será a verdadeira herança das Olimpíadas em Teahupo’o. A nova torre está funcionando, mas o impacto ambiental só poderá ser completamente avaliado com o tempo após o evento.
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O Taiti, com sua beleza única e ecossistemas sensíveis, merece todo cuidado e respeito. A esperança é que, apesar das controvérsias e dos desafios, o impacto da construção seja o menor possível e que a região continue a ser especial, preservando sua essência para as futuras gerações.
A luta dos locais e os debates sobre a construção da torre em Teahupo’o refletem um desejo maior de garantir que eventos internacionais não sacrifiquem a integridade de nenhum povo e lugar.