22.7 C
Suva
sexta-feira, 18 outubro, 2024
22.7 C
Suva
sexta-feira, 18 outubro, 2024

Surf africano ganha força com novo tour continental

O primeiro evento de um novo tour pelo continente africano foi realizado na semana passada em Robertsport, na Libéria, e os surfistas senegaleses Cherif Fall e Déguène Thioune saíram vitoriosos. O novo tour, denominado Africa Surf Tour (AST), organizado pela Confederação de Surf da África (ASC), visa aumentar as oportunidades para surfistas africanos competirem, com mais chances de ganhar prêmios em dinheiro e acumular experiência em competições.

Tradicionalmente, a história popular do surf indica que os polinésios foram os únicos a praticar o esporte e que a prática foi introduzida na África Ocidental por surfistas ocidentais. No entanto, registros históricos mostram que essas percepções são incorretas. A prática do surf na África tem uma longa história, com o primeiro registro conhecido datando do século XVII em Gana. Além disso, o surf foi desenvolvido independentemente em várias regiões africanas, do Senegal a Angola.

Relatos históricos documentam que africanos surfavam em pranchas de madeira e pequenas canoas, usando essas embarcações para atividades diárias e econômicas, como pesca e transporte. As pranchas variavam em design, incluindo pranchas de remo longas utilizadas no Lago Bosumtwi, em Gana.

No século XVIII e XIX, europeus que visitavam a África observavam africanos surfando e documentavam essas práticas. Relatos descrevem crianças africanas aprendendo a surfar e a utilização de pranchas de surf como parte das atividades cotidianas.

+ Swell do ano na Indonésia inunda internet com imagens espetaculares

+ Mulheres viram surfistas e provocam revolução silenciosa no Sri Lanka

Aspectos culturais e econômicos do surf africano

Por lá, o surf não era apenas uma atividade recreativa, mas também uma importante fonte de sustento econômico. Surfistas utilizavam suas habilidades para navegar zonas de arrebentação e facilitar o transporte e a pesca. Além disso, o esporte tinha um significado cultural profundo, ensinando os jovens sobre o oceano e sua dinâmica.

Com técnicas sofisticadas de surf e navegação, os pescadores africanos adaptaram o design das canoas para as condições locais. As canoas de surf eram construídas a partir de árvores sagradas e possuíam um significado espiritual, sendo associadas a espíritos e divindades aquáticas como Mami Wata. Rituais e sacrifícios eram realizados para garantir segurança e sucesso nas jornadas marítimas.

Com o passar do tempo, surfistas africanos introduziram europeus à prática do esporte, levando a interações comerciais e culturais. Relatos de europeus descrevem suas experiências ao surfar com os habilidosos canoístas africanos. Dessa forma, o conhecimento e os designs das canoas de surf africanas se espalharam ao longo da costa do continente, influenciando a navegação e o surf durante a diáspora africana.

Representatividade africana nas competições

Embora a África tenha uma abundância de ondas perfeitas ao longo de sua costa, a representação de países africanos no Circuito Mundial da WSL ainda é baixa. Com isso, o primeiro evento do Africa Surf Tour em Robertsport, na Libéria, marca o início de uma nova era para o surf africano.

O evento em Robertsport ofereceu um prêmio de US$25.000. Omar Seye, presidente da ASC, destacou a importância de manter surfistas africanos competindo na África.

“Nosso objetivo é promover o surf profissional africano”, disse Omar. “África tem sido o continente que esteve esquecido durante muito tempo, mas este é o futuro. A minha visão é que quero que os surfistas africanos permaneçam na África, que surfem na África e ganhem dinheiro na África.”

No início deste ano, a equipe senegalesa enfrentou dificuldades para viajar aos Jogos Mundiais de Surf da ISA em Porto Rico para uma última tentativa de qualificação olímpica, devido à falta de apoio financeiro e dificuldades com vistos. Em 2022, Cherif Fall foi o surfista africano mais bem colocado nos Jogos Mundiais de Surf – resultado que poderia ter sido suficiente para qualificá-lo para as Olimpíadas caso repetisse o desempenho em 2024.

Reconhecimento da ASC pela ISA

A ASC foi reconhecida pela ISA como a Associação Continental Reconhecida para a África. O continente agora possui 19 federações nacionais de surf reconhecidas, enquanto o Senegal se prepara para sediar os primeiros Jogos Olímpicos da Juventude em 2026, que incluirão o surf pela primeira vez.

A surfista senegalesa Déguène Thioune, de 18 anos, que venceu a divisão feminina na Libéria, descreveu o crescimento do surf feminino africano. “O surf africano está crescendo de geração em geração e o surf feminino também”, disse ela. “Quando comecei a surfar não havia muitas meninas, mas agora podemos ver que há”.

O próximo evento está planejado para ocorrer na Nigéria em agosto, mostrando um lado diferente do país – que é mais conhecido por seu petróleo do que pelas ondas.

Receba nossas Notícias no seu Email

Últimas Notícias