O mundo do surf está prestes a vivenciar uma revolução sem precedentes em 2024, com mais de 20 novas piscinas de ondas programadas para abrir suas portas em diferentes partes do globo. Do Oriente Médio à América do Sul, e de grandes metrópoles a lugares longe da praia, a febre das piscinas de ondas está em alta, prometendo uma nova era de acesso ao surf em locais antes impossíveis.
Ondas perfeitas, sem depender do capricho da natureza, têm sido o sonho de muitos surfistas e aspirantes ao esporte há muito tempo. E com o avanço da tecnologia, esse sonho está se tornando realidade em um ritmo acelerado. Projetos ambiciosos estão surgindo em todos os cantos do mundo, trazendo não apenas ondas, mas também uma infinidade de possibilidades para a cultura do surf.
No coração dos Estados Unidos, em Virginia Beach, o Atlantic Park contou com um investimento de US$ 325 milhões e terá uma piscina de ondas da tecnologia Wavegarden Cove. Prevista para abrir suas portas no último trimestre de 2024, esta instalação multiuso transformará a paisagem urbana da cidade, oferecendo uma experiência única de surf em um ambiente controlado. Enquanto em Nova York, o Crest Surf Clubs também se prepara para estrear um empreendimento na região de Mastic-Shirley, com uma piscina de surf de 55.000 pés quadrados. Com previsão de abertura para o outono de 2024, este clube promete proporcionar uma experiência completa de surf, a menos de uma hora de Manhattan.
Já na Califórnia, dois empreendimentos estão previstos. O Palm Springs Surf Club está em processo de reforma do antigo parque aquático Wet’n’Wild, com previsão de reabertura na primavera de 2024 e trará um foco renovado em proporcionar uma experiência de surf na região do Vale Coachella. Enquanto isso, em Oceanside, o projeto OceanKamp foi oficialmente aprovado pelo Conselho Municipal, apesar dos apelos iniciais de grupos locais preocupados com seu impacto ambiental. O projeto de 92 acres, localizado a menos de 5 quilômetros do mar, pretende transformar o antigo local de feira e cinema drive-in em um empreendimento misto com elementos residenciais, comerciais e recreativos, incluindo uma piscina de ondas de 3,5 acres como sua principal atração.
Também nos Estados Unidos, o Fireside Surf, localizado no Texas, está programado para abrir ao público na primavera de 2024. Com uma onda rápida situada ao norte da movimentada área de Dallas, esta instalação oferecerá não apenas surf, mas também uma variedade de opções gastronômicas e de entretenimento.
Por fim, localizado em Canon Beach, no Arizona, o Revel Surf é uma piscina de ondas que promete levar o surf ao deserto estadunidense. Impulsionada pela Swell MFG, essa piscina oferecerá uma variedade de ondas, incluindo esquerdas e direitas, além de contar com o endosso do surfista californiano Shane Beschen. Prevista para fazer parte do desenvolvimento de 37 acres de Canon Beach, a piscina estará cercada por fileiras de lojas, restaurantes, um hotel e espaços comerciais.
Apesar de não ter uma cultura forte de surf, o Canadá também entra para a moda das piscinas com a abertura do Reef Club, em Bridal Falls, na região de British Columbia. Com previsão de funcionamento previsto para o terceiro trimestre de 2024, este empreendimento promete promover a comunidade local, oferecer inclusão e incentivar a participação esportiva de pessoas de todas as idades e habilidades. Com um foco em proporcionar uma experiência de surf acessível, o Reef Club busca oferecer a cultura do surf e da diversão aquática no país.
Já no Oriente Médio, o gigantesco projeto Qiddiya em Riad, Arábia Saudita, está em construção e tem inauguração prevista para outubro de 2024. O projeto contará com uma piscina de ondas da tecnologia Endless Surf como parte de um parque aquático de US$ 750 milhões. Enquanto isso, a piscina de ondas do Kelly Slater em Abu Dhabi, localizada na Ilha Hudayriyat, já concluiu sua construção e já produz ondas desde o final de 2023. Parte de um mega empreendimento que abriga a tecnologia do lendário surfista, esta piscina de ondas promete oferecer a maior onda e o melhor tubo das até então máquinas existentes pelo mundo.
Além desses empreendimentos, a Austrália também está se destacando na cena das piscinas de ondas com o URBNSURF Sydney. Prevista para abrir em abril de 2024, esta será a primeira piscina comercial de ondas em Nova Gales do Sul e a segunda na Austrália. Localizada em Sydney, a instalação oferecerá uma variedade de comodidades, incluindo uma academia de surf, piscinas de lazer, um playground e um centro de alto desempenho. O objetivo do parque é fornecer ondas para mais de 1000 pessoas diariamente, baseado no sucesso da empresa com o menu de ondas em Melbourne.
Já no continente europeu, diversas piscinas de ondas também estão programadas para abrir em 2024, oferecendo novas oportunidades para surfistas e para fomentar a cultura do surf em regiões pouco tradicionais do esporte.
O O2 SurfTown MUC, localizado próximo ao aeroporto de Munique, deverá inaugurar suas atividades no início do verão do hemisfério norte de 2024. Equipado com o sistema Endless Surf ES34, este parque de surf fará parte do projeto maior “Hybrid One”, que inclui espaços de escritórios, restaurantes e lojas. Além disso, contará com uma área fitness ao ar livre, um parquinho infantil e um conceito de restaurante contemporâneo.
Também na Europa, o Lost Shore Surf Resort, perto de Edimburgo, na Escócia, tem previsão de abertura para setembro de 2024. Com um investimento de 55 milhões de libras, este resort incluirá um parque de surf, acomodações e um centro com opções de gastronomia, varejo e bem-estar, esperando atrair mais de 180.000 visitantes anualmente.
Além disso, o Surf Poel, a primeira piscina de ondas comercial indoor da Europa, está programado para abrir em 2024, oferecendo uma nova experiência de surf em Haia, na Holanda. Com a conclusão da máquina de ondas e dos sistemas de tratamento de água, o Surf Poel está se preparando para lançar suas primeiras ondas de teste em breve.
Enquanto isso, em Roterdã, também na Holanda, o RiF010 está previsto para se tornar a primeira piscina de ondas do país, com abertura prevista para o verão de 2024. Este projeto utilizará a tecnologia da Surf Loch, projetada para imitar as ondas naturais do oceano.
Já na Bélgica, a AllWaves já está produzindo ondas surfáveis em sua instalação de demonstração em Knokke-Heist e em breve receberá visitas de grupos de potenciais compradores.
Piscinas no Brasil
E o Brasil, claro, não fica de fora dessa onda. Por aqui, a cena das piscinas de ondas está mais forte do que nunca. Na capital paulista, O São Paulo Surf Club utilizará um sistema avançado para criar ondas similares as da piscina Boa Vista Village, em Porto Feliz (SP). Este clube oferecerá associações que incluem uma variedade de atividades esportivas e de lazer, com opções tanto para indivíduos quanto para famílias. A aprovação para se tornar membro requer um processo abrangente de análise. As obras estão quase concluídas, mas a data exata de abertura da onda ainda não foi revelada.
Enquanto isso, em Garopaba, o Surfland Brasil já está funcionando desde novembro de 2023 e é a única onda brasileira aberta ao público. Com uma piscina de ondas totalmente funcional, o complexo oferece não apenas sessões de surf, mas também uma variedade de comodidades, incluindo uma pista de skate, restaurantes e até um museu de surf.
Por fim, o Surf Center em Curitiba está em construção, com previsão de lançamento para dezembro de 2024, segundo um comentário da própria entidade em sua página no Instagram. Este será o primeiro centro de surf coberto e aquecido do mundo, apresentando uma tecnologia de ondas inovadora desenvolvida no Brasil. Com o apoio de grandes nomes como o campeão mundial Adriano de Souza, o Surf Center promete revolucionar a forma como as pessoas experimentam as piscinas de ondas, oferecendo uma alternativa indoor para os entusiastas do esporte.
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Prós e contras
De fato, as piscinas de ondas oferecem ondas perfeitas sem depender das condições naturais do mar. No entanto, apesar de seu potencial, há prós e contras a serem considerados neste tipo de empreendimento.
Entre os pontos positivos, destacam-se a possibilidade de fomentar o esporte em regiões distantes do litoral, onde o acesso ao surf é limitado. Além disso, as piscinas de ondas oferecem uma alternativa para aqueles que desejam aprender a surfar ou praticar o esporte de forma consistente, independentemente do mar. Isso pode resultar no desenvolvimento de uma nova geração de surfistas e no aumento da popularidade do surf em áreas antes inacessíveis. A tecnologia de ondas também oferece a oportunidade de treinamento para surfistas profissionais, permitindo-lhes aperfeiçoar suas habilidades em manobras, tubos e aéreos em um ambiente totalmente constante – e controlável.
Por outro lado, as piscinas de ondas ainda estão longe de serem acessíveis à maioria da população devido aos altos custos de construção e operação. Atualmente, o número de piscinas de ondas abertas ao público é limitado, e os preços para utilizar essas instalações geralmente são bem altos. Isso tudo sem contar com as preocupações ambientais relacionadas ao consumo de água e energia dessas instalações, bem como seu impacto nas comunidades locais.
Apesar desses desafios, a abertura de mais piscinas de ondas, especialmente em áreas urbanas e não litorâneas, pode eventualmente levar a uma maior acessibilidade do surf. Torcemos para que, com o tempo, o boom das piscinas de ondas resulte em uma redução dos custos e, consequentemente, em uma maior democratização do esporte aos entusiastas de todas as origens sociais e geográficas.
Independentemente dos prós e contras, uma coisa é certa: 2024 promete ser um ano inesquecível para o surf de piscinas, com mais lugares oferecendo a oportunidade de experimentar a emoção de deslizar sobre as águas, sejam eles próximos ao oceano ou não.