Diferentemente de outros esportes em que o uso de equipamentos de proteção é comum, ainda é raro ver surfistas usando capacetes, até mesmo em ondas muito perigosas, como Teahupo’o e Pipeline. Contudo, essa realidade aos poucos está mudando.
Uma reportagem do site Swell Net conta a história do grommet australiano, Ted Badgery, que aos 12 anos sofreu um grave ferimento na cabeça enquanto surfava perto de sua casa em Palm Beach, nas Northern Beaches de Sydney. Ele perdeu o controle e foi atingido pela própria prancha de surfe, fraturando seu crânio e deixando-o em cuidados intensivos com hemorragia cerebral.
Depois de uma semana no hospital e um ano afastado do mar, ele retornou às competições participando do Junior Kirra Teams Challenge, na Gold Coast. Ted venceu sua primeira bateria e seu clube, a North Avalon Surfriders Association, ficou em quinto lugar geral. Ao Swell Net, o grommet admitiu que foi angustiante voltar para o mar, mas afirma que o uso do capacete foi fundamental para fazê-lo sentir-se seguro na água.
O ex-campeão mundial Tom Carroll foi pioneiro ao usar um capacete no Pipe Masters de 1987. Ele conta que tomou essa decisão após testemunhar o surfista da Flórida, Steve ‘Beaver’ Massafeller, sofrer uma lesão cerebral ao atingir o fundo em Pipeline.
O uso do capacete entre profissionais, no entanto, ainda é pouco difundido. Mas aos poucos a situação vai mudando. Owen Wright é um dos nomes que preza pela segurança em ondas potencialmente perigosas. Após se recuperar de uma lesão cerebral traumática em 2015, ele passou a usar o capacete em etapas como Pipeline e Teahupo’o. Da mesma forma, Liam O’Brien passou a usar o equipamento nas ondas mais perigosas do circuito mundial. Entre as mulheres do CT, o uso é mais bem comum e vemos diversas Tops do circuito mundial usando capacete em provas.
Ainda assim, a evolução do uso do capacete parece manter-se restrita às ondas mais perigosas que quebram sobre bancadas de coral. Porém, embora os capacetes sejam associados à prevenção de fraturas no crânio e cortes, há evidências de que eles também previnem concussões, que normalmente são causadas pelo impacto da cabeça do surfista sobre bancadas de fundo areia.
Vale dizer, contudo, que entre as gerações mais novas estão quebrando esse paradigma, é ao mesmo tempo em que é cada vez mais comum ver surfistas com pouca idade desafiando ondas grandes, a preocupação com a segurança é uma prioridade.
No vídeo abaixo, Sani Hellman, de apenas seis anos, encara os tubos de um slab intimidante devidamente equipado com um capacete.