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Manual de Aéreos com Yago Dora

 

 

Em Porto Rico, no Caribe, Yago Dora encontrou, em mares praticamente sem crowd, o cenário perfeito para aperfeiçoar uma de suas especialidades: voos cabulosos.

Junto ao jovem Nate Tyler e ao fotógrafo Tom Carrey, ambos californianos, o catarinense de 18 anos passou oito dias no país caribenho. A missão consistia em elevar ao máximo o nível dos aéreos e, assim, acumular imagens para o próximo filme de surf da Volcom, Psychic Migrations.

Rendeu mais que isso. “No final, eu quase não errava mais. Em cada sessão acertava mais de cinco aéreos bons – isso foi o mais irado”, observa, empolgado. “Senti que minha margem de erro estava bem pequena.”

Na casa dele, em Floripa, Yago analisou os principais aéreos que acertou na trip. O resultado é uma verdadeira aula de decolagens. Veja abaixo.

 

“Esse foi um pouco mais difícil que o full rotation no grab, porque era uma seção mais crítica da onda, uma junção bem buraca. Não estava cem por cento confiante de que iria voltar. Mas, no ar, consegui voar para o lugar certo e não aterrissar no impacto da onda. Cai lá embaixo, longe da espuma. Fugi daquela explosão que vem com a junção. Não fico pensando muito em mandar o indy, que é o grab mais simples. Vem na hora. Às vezes sai sem querer. Geralmente, eu começo grabando de indy e logo depois tiro a mão para completar a rotação. Acho que fica mais fácil terminar a última parte do giro sem a mão na borda. Parece que a prancha roda mais fácil.”

"Essa viagem aconteceu em cima da hora. O Tom Carey enviou um e-mail a mim e ao Nate Tyler, para saber se estávamos disponíveis para gravar o próximo filme da Volcom, Psychic Vibrations. E então nós fomos"
– Yago Dora 

“Estou com esse bastante no pé. É um aéreo que você pega a manha na prática. A chave, na verdade, é a rotação da cabeça. Tem muita gente que não se toca nisso. Quando você chega na fase em que a rabeta já está apontada para frente, só o movimento da cabeça já faz o corpo inteiro girar. Nessa hora, é só olhar com o queixo por cima do ombro que o giro acontece sozinho. Isso é o mais importante para mandar um full rotation. Nesse caso, aterrissei bem no flat, que é mais difícil do que na espuma. Aí é só amortecer a queda, com a base certa, grudado na prancha, para conseguir segurar. O ideal é sempre ter o vento na boca, vindo contra a onda – é o melhor para dar aéreo e ajuda bastante a segurar a prancha no pé, sem precisar usar a mão.”

"Eu nunca tinha ido para Porto Rico antes, e acabou que rolou um surf animal. As ondas lá são muito divertidas, além de ser um lugar muito bonito. Parece bastante com o Hawaii"
– Yago Dora 

“É uma das manobras mais difíceis. Só acertei três vezes. Parei de tentá-la por um tempo, mas em Porto Rico, como as condições estavam boas, arrisquei vários e consegui acertar. Na verdade, é muito difícil explicá-la. É como em uma cama elástica: impulsionar a cabeça para dar um mortal para trás e grabar sua prancha para ela não escapar na hora do giro. Quando saio do lip, tento olhar para cima para fazer a rotação. Sem o vento na boca, o backflip é quase impossível. Você precisa de bastante velocidade para voar bem alto e conseguir a rotação inteira. Na junção, acho mais fácil de mandar, mas mais difícil de aterrissar – como é um ângulo diferente, você cai com o bico meio de lado, em vez de virado completamente para a areia. Na parede, acho mais complicado grabar e fazer a rotação, só que é bem mais tranquilo de aterrissar. Os dois primeiros que acertei, no Hawaii, foram assim. Esse último foi na junção. Acho que na parede acaba sendo um pouco mais fácil.” 

"Teve vento na boca da onda quase todo dia, o que facilitou bastante para voar. Surfamos sem crowd várias vezes, então tivemos muitas oportunidades para mandar os aéreos que quiséssemos"
– Yago Dora 

“Esse indy foi na primeira onda da sessão. Quando estava na areia, o [fotógrafo] Tom Carey falou para dar um aéreo reto e alto. Fui para dentro d’água com isso na cabeça. A minha primeira onda formou uma junção perfeita para dar o aéreo. Estava com bastante velocidade e consegui jogar a prancha bem para cima e segurar bem a borda. Foi um dos meus aéreos favoritos dessa trip, o mais alto que voltei. O indy passando é muito irado; gosto muito de fazer. Quando sai alto mesmo fica muito bonito, porque você consegue esticar bem a perna de trás, dobrar a da frente, grabar perfeito e dar aquele tweak – a esticada.”  

 "No final da trip, eu quase não errava mais os aéreos. Senti que minha margem de erro estava bem pequena. Em cada sessão, acertava mais de cinco bons – e isso foi o mais irado"
– Yago Dora

“Você tem que segurar na borda da frente. A mão não vai entre as pernas, então é mais difícil de fazer bem o grab. É um aéreo que tenho encaixado com facilidade – não sei se é porque meu braço é muito longo (risos). Quanto mais praticar, mais fácil fica. Aí você tenta ir mais alto, dar um rodando, um full rotation. Nesse caso, foi um aéreo passando, que acho que é um dos mais irados – dar um slob reto mesmo, sem girar nem nada. O rodando é mais difícil, com certeza, porque a mão meio que trava a rotação do corpo. Para fazer o giro, tem que saber usar bem o ombro e a cabeça. É um aéreo bem difícil. Nessa onda, consegui achar uma junção boa. O mar estava pequeno, mas a formação estava legal, com rampinhas.  Apesar do tamanho da onda, consegui descolar bem. A aterrissagem foi fácil, em uma espuma bem macia. Acho que foi meu melhor aéreo do dia.” 

"Já vi muita gente antigamente entrar no WT só com aéreo, mas hoje em dia precisa ter o power, aquela sequência de manobras fortes. Não dá para depender só do aéreo"
– Yago Dora 

“O stale é difícil por causa da posição do corpo na hora de grabar na borda de trás – bem mais complicado que os outros. Na hora do aéreo é bem mais difícil inclinar-se com o corpo para trás do que para frente. Por isso, é um aéreo tão cobiçado. Tem que esticar bem a perna de trás, para alcançar a borda com a mão, e deixar a coluna bem reta; o que flexiona mesmo são as pernas. Não é como o indy ou o slob, em que se dobra para a frente. Acho que não precisa de tanta velocidade para executar um stalefish. É mais o jeito que você joga a prancha na hora da rotação. Pode estar sem velocidade,  só que na hora da junção consegue fazer a projeção para frente, jogar o aéreo mais pro flat e grabar. Claro que quanto mais velocidade, mais alto e melhor vai ser o aéreo.” 

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