Shane Beschen, historicamente um dos maiores rivais de Kelly Slater, lançará piscina de onda com aparência mais natural
“Neste momento, o que você está vendo é apenas metade da piscina. Temos as paredes laterais sendo construídas agora para a outra metade. Vai ser uma piscina duas vezes mais larga do que você vê agora. A onda será um A-frame que quebra no meio da lagoa, o que lhe dará uma aparência mais natural do que outras piscinas de ondas que quebram bem contra a parede. Você poderá sentar ao lado de seu amigo e dividir picos juntos. E se você cair ou terminar a onda, basta remar para qualquer um dos canais na beira da piscina”.
Essas são palavras do californiano Shane Beschen descrevendo como será o funcionamento da piscina de onda da Revel Surf Parks, em construção no estado do Arizona, nos EUA, que vai utilizar tecnologia de uma empresa da qual ele é um dos dirigentes. Para quem não sabe, Shane Beschen competiu na ASP (entidade que precedeu a WSL) por mais de 15 anos, terminando como vice-campeão em 1996, só atrás de Kelly Slater, de quem era grande rival. É dele até hoje, e provavelmente será para sempre, o recorde mundial de mais pontos numa bateria, registrado na mundialmente famosa onda de Kirra, na Gold Coast da Austrália. Foram três notas dez, numa época em que as três melhores ondas eram somadas para a pontuação final. Shane também trabalhou como técnico de muitos dos grandes atletas de elite da WSL, como Carissa Moore, Kolohe Andino, Julian Wilson, Bethany Hamilton e Jordy Smith.
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Tudo isso pra dizer que de surf e onda, poucos entendem tanto quanto Beschen. Morador da costa norte de Oahu, no Havaí, palco de alguns dos picos mais cobiçados do planeta, ele já vem atuando há vários anos como consultor no emergente mercado de piscinas de ondas. A tecnologia da Swell Manufacturing, uma start-up de ondas artificiais do Arizona, foi a escolhida para dar vida à principal atração da “Cannon Beach”, um complexo de varejo e entretenimento de 37 acres, ancorado por uma lagoa de surf, e que receberá um investimento de US$ 280 milhões de dólares. Localizado na cidade de Mesa, um subúrbio de Phoenix, a capital do Arizona, o empreendimento contará também com um hotel de 115 quartos, academia, vários restaurantes e um centro de esportes de ação coberto. Tudo bancado pelo empresário Cole Cannon.
A onda, segundo quem já experimentou, tem o diferencial de expelir aquele spray característico de tubos com bastante pressão. E lembra muito um “slab”, como são conhecidas as ondas que quebram com muita potência sobre lajes rasas. De acordo com a Swell Manufacturing, as ondas, geradas em câmaras separadas, com prensas hidráulicas acima delas, são produto de um sistema inovador, que permite uma “ajustabilidade na seleção”. Devido a essa variabilidade, causada pela mudança de como cada câmara interage independentemente, é possível criar uma “playlist” que muda o tipo de onda conforme a sessão avança. Além de oferecer ondas para todos os níveis de performance, do iniciante ao avançado.
Se tudo que está sendo anunciado irá corresponder à realidade apresentada pelo Revel Surf Parks no dia da sua inauguração, prevista para o primeiro semestre de 2024, só aguardando para confirmar. Por enquanto, as imagens liberadas mostram uma onda similar a tantas outras já em uso. Mas Beschen tem sido enfático desde a primeira vez, há mais de três anos, em que anunciou seu envolvimento na busca por um novo tipo de onda artificial: “Nossa tecnologia de onda e visão para este projeto serão diferentes de tudo que você já viu no mercado até agora”.