Surf Olímpico: descubra uma curiosidade lendária sobre a onda sede da Paris 2024

Quem nos lembra disso é o historiador e biólogo local Peva Levy, que explica que o nome tradicional da onda – Pererure, que significa “pião” – foi dado pela primeira surfista da onda, uma jovem de Raiatea chamada Vehiatua.

Isso nos remete à uma própria lenda.

Conta a lenda, segundo Peva Levy, que a primeira surfista a pegar ondas em Teahupo’o, foi uma mulher taitiana chamada Vehiatua. Esse nome significa “Culto de Deus”.

Peva Levy conta que Vehiatua, uma jovem garota de Raiatea, decidiu participar de um campeonato no distrito de Hui – assim se chamava o distrito antes de ele se tornar Teahupo’o, o ‘muro de crânios’.

Ela era filha de um chefe de Raiatea. E viajou para Hui com seus dois servos e se hospedou em uma casa no vale de Fauoro, que fica bem em frente ao local.

A competição deveria ser na arrebentação da margem do rio e começaria na manhã seguinte, com todos os melhores surfistas das ilhas.

Todos estavam esperando pela única garota de Raiatea, mas ela não apareceu.

As pessoas começaram a ficar nervosas e começaram a dizer que Vehiatua tinha medo de se comparar com os melhores surfistas.

Algum tempo depois que ela chegou, ela disse a todos que não iria surfar porque as ondas eram muito pequenas para ela. Todos riram e pensaram que ela estava com medo, então a competição não começou.

Na manhã seguinte, seus dois servos chegaram cedo na praia para dar uma olhada, mas o mar ainda era muito pequeno, então Vehiatua não veio para a competição. As pessoas não queriam esperar mais, mas queriam ver Vehiatua, a primeira garota que diziam ter muita coragem para pegar uma onda.

O melhor surfista era o jovem chefe de Hui. Ele mal podia esperar para ver essa garota de Raiatea em uma onda. Na manhã seguinte, Vehiatua ouviu um grande estrondo vindo do recife. Toda a população sabe que quando se ouve aquele barulho, as ondas estão grandes. Vehiatua disse a seus dois servos para irem até a arrebentação e dizer a todos que ela viria à competição.

Todo mundo esperava por ela na arrebentação quando ela chegou com a prancha. Para surpresa de todos, ela não parou ali, mas continuou caminhando até o final da ponta da praia de areia preta, e então pulou no mar e nadou em direção a Hava’e, a passagem do recife.

Todos ficaram muito surpresos ao vê-la nadando em direção a Pererure, pois as ondas eram grandes e ninguém podia acreditar que uma garota pudesse surfar lá.

Ela esperou um pouco e então surfou sua primeira onda, e uma segunda, e mais várias. Os outros surfistas não podiam acreditar em seus olhos. Todos eles se juntaram a ela lá, mas não puderam surfar porque as ondas eram grandes.

Vehiatua foi campeã e a primeira a pegar aquela onda.

Mas ela não reinou por muito tempo sobre sua onda. Logo após o primeiro evento o chefe local ficou com ciúmes da sua habilidade suprema de deslizamento de onda, então ele a matou, esperando herdar sua bravura e habilidade.

Essa é a história da santa padroeira de Teahupo’o, senhora Vehiatua, segundo Peva Levy.