Gabriel Medina se pronuncia sobre interferência e pede que WSL volte a bateria contra Caio Ibelli. Entidade ainda não se manifestou sobre o assunto
Por Fernando Guimarães
Gabriel Medina se manifestou no final do domingo (20) sobre a interferência anotada pelos juízes contra ele em sua bateria com Caio Ibelli, pelas oitavas de final do Meo Rip Curl Pro. Ele afirma que foi prejudicado por uma decisão do juiz de prioridade — uma decisão que deveria ser tão clara, segundo ele, que ele deixou de olhar o painel. Ele escreveu em sua conta no Instagram, ao lado de um vídeo que explicaria a situação:
“Gostaria de explicar oque aconteceu na minha bateria.
Eu e Caio pegamos a mesma onda e cada um foi pra um lado. A minha onda foi mais curta e a dele foi mais longa. Tanto que enquanto eu voltava pro outside, ele ainda estava surfando a onda dele. Quando cheguei no fundo, tinha tanta certeza que a prioridade era minha que não olhei pra a placa de prioridade. Pra minha surpresa, quando veio a onda seguinte, acabei indo porque estava seguro que a prioridade era minha. Acabei levando a interferência.
Quando saí da água fui falar com os juizes. Olhamos as imagens abertas, de nós dois voltando remando para o fundo, com um angulo da câmera aberto. Ficou bem claro que eu cheguei bem antes. E mesmo que eu tivesse chegado junto com ele e tivesse um empate, a prioridade seria minha pela regra. Porque na onda que surfamos juntos antes, o Caio tinha a prioridade 1. Tenho a esperança que a minha bateria seja reavaliada pois ocorreu um erro.”
Comentando uma postagem na mesma rede social, sua mãe, Simone Medina, que está acompanhando o campeonato in loco, deu a entender que a WSL já decidiu por não refazer a bateria. Entretanto, a entidade ainda não se posicionou oficialmente sobre o protesto de Gabriel.
A única alegação possível do juiz de prioridade para o ocorrido é dizer que, na visão dele, Caio Ibelli chega antes ao pico.
Gabriel começa a remar antes, mas precisa furar uma onda e é jogado um pouco para trás, enquanto Caio rema direto. Caio passa por uma onda quebrando que poderia facilmente ser surfada e somar pontos para a bateria, talvez por isso o juiz tenha entendido que ele chegou antes ao pico.
A decisão é interpretativa, e é difícil dizer olhando os dois surfistas separados em quadros diferentes, sem ter a imagem aberta desde o primeiro momento.
A WSL já mandou baterias para um re-surf depois de constatar erros de prioridade — um caso aconteceu entre Mick Fanning e Kanoa Igarashi, em Trestles, 2017. Entretanto, na ocasião, o lance era muito mais claro: após bloquear Mick, Kanoa permaneceu com a prioridade, e ainda usou-a para tirar um high-score logo na sequência.
Erro da WSL não justifica o de Gabriel
Gabriel Medina é bicampeão mundial e está em sua nona temporada consecutiva disputando o Circuito Mundial da WSL. Ainda que ele esteja correto sobre quem deveria ter a prioridade — e tudo indica que ele está — , conferir o painel é obrigação de qualquer surfista que compete nesse nível. Mesmo com certeza absoluta de que a prioridade era sua.
Medina deve saber mais do que qualquer surfista que os juízes erram com enorme frequência na WSL. Confiar na sua própria certeza e não conferir a prioridade anunciada pelos juízes foi sim um erro. O erro da WSL, por mais crasso que seja, não justifica sua desatenção — e ele certamente sabe que vacilou.
No momento em que a interferência aconteceu, sua nota já tinha sido anunciada, acima dos oito pontos, e ele estava aplicando uma lavada em Caio. A onda que motivou a disputa era uma direita normal para o dia e Caio precisaria tirar mais de nove pontos, e na volta a prioridade ainda seria de Gabriel.
Se tivesse observado o painel, Gabriel teria vencido a bateria, e essa discussão sobre o erro da prioridade nem existiria. Ele poderia ainda protestar caso Caio fizesse um milagre e virasse o duelo — mas qual a chance de uma coisa dessas acontecer? Quem assistia ao duelo sabe que nenhuma.
A boa notícia para Medina é: ele continua sendo disparado o melhor surfista de todos os concorrentes ao título em Pipeline, onde o troféu vai ser decidido. Enquanto isso, a corrida em Portugal segue. Próxima chamada às 4h da quarta-feira (23) no horário de Brasília — com um possível re-surf, já que a WSL segue sem se pronunciar.
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