Por Julio Adler
Vocês todos lembram da bateria em Bells com Filipe Toledo, Jordy Smith e Mick Fanning, certo?
Jordy fez dois noves, Filipinho acertou uma rabetada absurda, surfou muito e ainda assim perdeu.
Fanning foi coadjuvante.
Pois hoje, com pouco mais de um mês de distância daquela disputa do mais alto nível, Filipinho Toledo, do alto dos seus 18 (recém-completados!) encarou Jordy e Fanning novamente, desta vez para mostrar que o tempo não espera por ninguém – como naquela canção dos Stones.
Não é todo dia que vemos duas notas 10 numa única bateria, apesar de eu achar que a onda do Jordy foi um exagero dos juízes após ver tanta excitação do gigante sul-africano ao varar aquele tubo.
Falemos da onda do Filipe.
Num dia de tubos, Toledo escolheu voar em duas rotações opostas, para um lado e para o outro, para o alto e avante!
Provável que esse hype todo em torno do Medina tenha deixado Toledo mais leve e livre para criar rotinas como de um skatista profissional, estilo Pedro Barros, digamos.
A surpresa é sempre uma grande arma e Filipe se favorece dela da mesma maneira que Medina em 2011.
Toledo derrotou o melhor surfista da sexta-feira e um dos homens mais perigosos do Tour, Josh Kerr.
E o fez, aparentemente, sem muito esforço. Surfando distante da zona onde todos surfaram, sem se preocupar muito com o adversário.
Bater Jordy e Fanning foi um rito de passagem pro rapaz – falta agora vencer no Rio e partir rumo a Fiji e Tahiti com vontade de aprender.
Antes de Toledo chocar o mundo do surfe, algumas coisas interessantes aconteceram.
O dia começou com a perspectiva de ondas decentes, finalmente!
Mineiro e Medina fizeram o dever de casa e atropelaram seus oponenentes na terceira fase.
Nada de muito espetacular se anunciava até Slater entrar no mar para a sexta bateria.
Duma hora pra outra, como num filme bíblico, as ondas que então pareciam ordinárias. Até pior, as ondas pareciam estar em plena degradação quando o Careca pegou seu primeiro tubo.
E um segundo.
Um terceiro.
E ainda um quarto.
Subitamente, o Postinho assemelhou-se a OTW, La Graviére, ou qualquer outra onda boa pra direita que se preza.
Slater faz isso, sempre fez, me confessa Peter King, que o conhece faz mais de 40 anos e já teve até banda com o Careca – lembram dos The Surfers?
Kelly simplesmente faz isso acontecer, disse PK.
O resultado disso foi a maior média do evento até agora.
Talvez eu devesse mencionar que Parko foi eliminado ?
Talvez não…
O que realmente nos interessa agora são os oito surfistas que restaram.
E reduzindo nosso interesse ainda mais, Medina, Toledo e Mineiro, este último com todas chances de alcançar, uma vez mais, a liderança do ranking depois do Brasil.
Basta que Slater e Fanning fiquem nas quartas.
Não há mais zebras, só cobras.
A cada bateria, Filipe Toledo se mostra mais acostumado com o Tour. Foto: ASP/Smorigo
E não foi só no ar que Filipinho se destacou. Ele ficou deep nos tubos no caminho para as quartas. Foto: ASP/Smorigo
Mineiro mandou Nat Young e Taj Burrow para a repescagem e avançou direto às quartas. Foto: ASP/Smorigo