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10 Perguntas: Alex Chacon


A vida de Alex pode ganhar um novo rumo caso sua sessão entre no Innersection 3. Foto: Caio Guedes

Por Steven Allain 

Este paulista de 25 anos cresceu em Floripa e mora desde os 15 na Austrália, onde estudou gastronomia e negócios, trabalhou como pedreiro, garçom, jardineiro e hoje, sem patrocínio, viaja o mundo pegando onda. ele acaba de entrar na disputa para integrar o próximo filme de Ta ylor Steele. Conheça um dos brasileiros mais respeitados do underground do surf

Você ainda não é residente na Austrália. Para onde pretende ir depois desse tempo viajando pelo mundo?
Eu e meu irmão já estamos aqui há algum tempo. Minha mãe veio nos visitar e curtiu muito a vibe do país e decidiu se mudar para cá. Depois de três anos, conheceu um cara, começou a namorar e casou-se. Por isso, ela já se tornou residente e tem a cidadania australiana. É um passo grande para eu conseguir minha residência.

E justamente por ter essa facilidade você resolveu focar totalmente no surf?
Exatamente. Me restaram duas opções: ou me dedicaria apenas ao surf profissional ou focaria nos estudos e na residência. Minha decisão foi trabalhar durante o verão inteiro, para poder fazer a minha primeira perna europeia, que aconteceu no ano passado. Disputei campeonatos na Indonésia e na Europa.

Como foram seus primeiros campeonatos na Austrália?
Já cheguei na final de um Pro Junior, mas foi na Nova Zelândia que aconteceu o mais marcante. Fui para lá pois precisava renovar o visto, e acabamos passando pelo maior perrengue de dinheiro. Eu e meu irmão tínhamos prometido não pedir mais dinheiro para minha mãe, que já tinha dado o empurrão inicial. Era uma fase difícil, outros brasileiros estavam na mesma roubada, porque os caras não receberam os salários. Mas aconteceu que por lá ia rolar um campeonato, então todo mundo pagou uma parte da inscrição para eu correr. E deu certo. Ganhei os US$ 300 da premiação e gastei tudo no supermercado porque eu estava me alimentando muito mal.

Tinha patrocínio enquanto esteve na Austrália?
Tinha. No primeiro ano de júnior, sem patrocínio, fiquei nos Top 50. Isso foi bom para mim, porque no terceiro ano eu já começaria as competições no terceiro round. Num campeonato em Sydney, um olheiro da O’Neill me viu surfando. Ele ficou amarradão com a 48ª colocação no ranking e resolveu me patrocinar. Eu tinha 17 anos e o contrato durou até os 19.

E depois você não renovou com os caras? Como foi?
Eu me dei bem nos Pro Junior. Tive resultados expressivos. Mas depois eu entraria na vida de WQS, que já era outra história. Como não tinha minha residência, ficou complicado para viajar pelo mundo e ter como base a Austrália. Eu precisava ter o visto, tudo organizado. Era difícil conciliar todas as etapas com os estudos e o trabalho. Eu corri as etapas do WQS que rolavam na Austrália, já que estava difícil para viajar. Depois de seis anos, passei um ano no Brasil e resolvi voltar para a Coolangata para correr umas etapas do WQS que rolavam no começo do ano. Continuei competindo, mas por conta própria. Vejo o freesurf como um caminho interessante para mim hoje em dia.

“Chega uma hora que o cara que tem talento encontra a estrutura certa para mostrá-lo.”

As marcas têm interesse em você como freesurfer?
Eu nunca fui muito competitivo. Não é a minha natureza. Sempre fui muito tranquilão, só queria curtir o surf mesmo. Cresci andando de skate, então sempre puxei meu surf para os aéreos. Nos campeonatos, ganhei vários air shows, expression sessions… Então tenho um pouco esse perfil.

E essa participação no Innersection? Você acha que vai abrir portas e deixá-lo mais conhecido no Brasil?
Sim. Isso foi uma coisa muito grande. Sempre confiei em mim. As pessoas que estavam por perto sempre acreditaram muito no meu talento. Mas nunca fui conhecido no Brasil pelo fato de estar na Austrália, onde também encontrava dificuldades, por causa do trabalho e dos estudos. Só pude realmente surfar integralmente a partir do ano passado. Agora tenho tempo para ir atrás de um patrocínio. Já fui para lugares sem nenhum tostão no bolso. São histórias muito maneiras, as pessoas ficam até impressionadas com o que passei. Parece que sempre quando estou em situações extremas aparece uma oportunidade. Acho que isso vem muito da personalidade, das intenções. Por isso as coisas acabam fluindo. Eu vivi como um nômade nos últimos dois anos. Tive experiências muito boas e na Indonésia filmávamos uns aos outros. Isso do Innersection não foi uma coisa planejada.


Para colocar o surfista brasileiro no próximo filme de Taylor Steele, basta votar em sua sequência no site innersection.tv. Foto: Caio Guedes

Vocês tinham altas imagens e pensaram em fazer o vídeo?
Foi natural. A gente começou a fazer as imagens, que passaram a render uns clipes maneiros. Aí o Jay Button, que está começando a sua história dentro dos vídeos de surf, falou para investirmos, fazermos o Innersection. Eu falei “show, vamos nessa, vai ser muito bom para os dois”. A gente deu muita força um para o outro, porque os dois estavam nessa vibe e, acima de tudo, sem grana. Independente do resultado, o importante é que estamos vivendo isso. É um prêmio legal para o surfista. Com essa grana eu poderia investir em mais trips, expressar ainda mais o meu surf, ficar tranquilo, melhorar o equipamento, presenciar os swells certos nas horas certas… Chega uma hora que o cara que tem talento encontra a estrutura certa para mostrá-lo.

Você acha que o público brasileiro vai votar em você?
Com certeza! Sou 100% brasileiro. Uma galera chegava a me chamar de australiano, mas na brincadeira. Sempre que tive a oportunidade levantei a bandeira do Brasil e sempre ajudei todo mundo que ia lá em casa, como o Heitor Pereira, Alejo, Mineirinho, Camarão… Tenho um vínculo com a galera do surf brasileiro, mas não tenho o público.

Pretende voltar a morar no Brasil?
Na verdade, nos últimos dois anos eu vivi pelo mundo. Passei três meses no Brasil, três na Indonésia, três na Europa e três na Austrália. Se render um patrocínio no Brasil, o que é meu grande foco, vou estabelecer minha base, porque é minha casa, onde cresci, onde gostaria de ter mais contato.

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