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Steph e Kanoa são campeões em Keramas; Michael fica em 3º

Kanoa Igarashi e Stephanie Gilmore vencem Corona Bali Protected em Keramas e sobem para 2º e 1ª do ranking, respectivamente; Michael Rodrigues fica em 3º

Por Fernando Guimarães

O Corona Bali Protected foi encerrado na madrugada deste sábado (25), em um dia de muitas primeiras vezes: pela primeira vez, Michael Rodrigues chegou a uma semi-final do CT; pela primeira vez, Kanoa Igarashi foi campeão de uma etapa; e, pela primeira vez nesta edição do campeonato, a onda de Keramas realizou o potencial que a tornou conhecida como um parque de diversões do surfe.

O oposto das primeiras vezes se deu através de Stephanie Gilmore, que venceu uma etapa da elite mundial pela 30ª vez, e por Kelly Slater, que chegou às semifinal mais uma vez, de um total que nem faria sentido contar. Ele o fez derrotando nas quartas o brasileiro Filipe Toledo, que poderia ter deixado a etapa balinesa do circuito com a liderança do ranking se tivesse uma atuação melhor no dia das finais. Os vice-campeões foram o francês Jeremy Flores e a australiana Sally Fiztgibbons, dois dos melhores tube-riders de todo o campeonato.

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Entre os homens, a camisa amarela segue com John John Florence, agora seguido por Igarashi, vice-líder. Entre as mulheres, Stephanie Gilmore chega ao topo, e manda a grommet Caroline Marks para a segunda posição.

O dia começou com Nikki Van Dijk vencendo Bronte Macaulay em uma bateria solitária das quartas de final feminina. Van Dijk venceu por margem mínima e com uma virada incrível, saindo de um total de 4 pontos para virar o confronto e se garantir na semi.

Na sequência, Michael Rodrigues entrou na água pela terceira vez em sua carreira em uma bateria de quartas de final. Desta vez, muito mais à vontade que nas outras duas, começou pressionando o adversário, o australiano Wade Carmichael. O mar ainda estava mudando e nenhum dos dois achava ondas boas, levando a bateria à reta final com o resultado ainda muito aberto, com notas médias ou baixas para os dois.

Michael, na onda da virada (reprodução)

Wade vira a dois minutos do fim; mas Michael pega uma onda logo depois de ouvir a nota do australiano, faltando um minuto, e solta o pé sem medo. Desvira, vence o duelo e garante o melhor resultado de sua carreira.

Seu rival na semi foi definido na sequência, quando Jeremy Flores usou de seu faro diferenciado para tubos para superar as manobras meio leves de Kolohe Andino.

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Com praticamente todos os demais top 10 já eliminados, a WSL apostou em uma comunicação pesada para o duelo entre Filipe Toledo e Kelly Slater. E os dois não decepcionaram.

Os tubos que estavam difíceis no dia de repente começarem a ser completados, um atrás do outro. Primeiro Filipe, depois Kelly, depois Filipe, depois Kelly de novo. Tubos longos, difíceis, técnicos.

A diferença na melhor nota de cada um ficou a favor de Kelly, que após sair de um tubo um pouco menor que o de Filipe mandou um cutback numa sessão muito crítica. A manobra chamou atenção dos juízes. Surfe que nunca envelhece.

Grande oferta de tubos era a melhor condição possível para Slater nesse duelo e ele aproveitou. Venceu Toledo pela segunda vez seguida — a primeira da série foi em Pipeline, quando acabou com as chances de Filipe de vencer o mundial.

Strider Wasilewski, dentro da água, afirmou que Filipe deixou de pegar uma onda que parecia ótima devido a uma sinalização de seu pai — da areia, Ricardinho assobiou, apontando para o filho não entrar na onda. Filipe não foi, contou Strider, e a onda quebrou perfeita, sozinha, uma rampa ideal para o brasileiro fazer o tipo de manobra que Slater não conseguiria equiparar.

Na sequência, Kanoa Igarashi passou pelo último goofy do evento, Adrian Buchan, que conseguiu manipular um score ou outro mas jamais pareceu páreo para o representante japonês.

As semis femininas foram para a água e Brisa Hennessy parecia destinada a continuar sua incrível corrida em Keramas. Mas com os à disposição, Sally Fitzgibbons se mostrou uma adversária ainda um nível acima. Seu talento para os tubos foi recompensado com mais pontos do que o ataque certeiro de Brisa, que parece ter uma leitura de onda bastante acima da média — especialmente para uma estreante.

Steph Gilmore passou por Nikki Van Dijk na sequência em uma vitória de rotina, liderando do início ao fim.

Michael Rodrigues começou sua semifinal contra Jeremy Flores do jeito que aprendeu na escola: correndo atrás de nota logo no início e jogando a pressão para o rival. E o fez com boas ondas, enquanto Jeremy entrava e saía sem parecer conectar-se com o pico.

Tudo parecia correr bem para o brasileiro, até que Jeremy veio em uma segunda onda da série, correndo por dentro de um rápido tubo para fazer a melhor nota da bateria. Rapidamente, o francês pegou outra onda razoável e assumiu a liderança com uma das melhores somas do evento até então.

Nas quartas ninguém tinha superado a casa dos 12 pontos, e ver Jeremy passar dos 16 ainda com meia bateria pela frente parece que deixou Michael meio congelado. O brasileiro precisava de nove pontos e esperou, esperou, esperou e… Nada. Duas vezes campeão em Pipe, campeão em Teahupoo: dê uns tubos ao Jeremy que fica muito difícil vencê-lo.

Kelly segue na mesma linha, mas foi confrontado por outro estilo na sua semifinal. Em vez de apostar nos tubos, Kanoa seguiu fiel ao seu estilo, costurando manobras de expressão e funcionais em uma linha muito segura e em perfeita sintonia com as sessões da onda.

O japonês foi mal avaliado no começo da bateria, quando acertou quatro facadas no coração de uma direita com bom tamanho. Mas nada que impedisse sua vitória — aparentemente, os juízes achataram scores de Slater na sequência para manter a justiça no resultado final.

Kanoa vai conseguir brigar pelo título mundial? (WSL/Dunbar)

Fora da água, Slater reconheceu que as coisas não foram bem para ele na semi, especialmente após cair dentro de um tubo, talvez o melhor do campeonato, logo no primeiro segundo do duelo. Foi quando ele perdeu o o controle e permitiu a Kanoa fazer o que fez.

Stephanie atropelou Sally na final feminina. Enquanto Sally não conseguia somar a uma nota cinco nada acima de dois pontos, Steph colecionou notas seis até o final da bateria. A vantagem não seria nada insuperável se ela não arrancasse, nos minutos finais, o único 10 do campeonato. Um carving com layback na primeira sessão, cavada seguida de um snap pra acertar a passada para o tubo, some na garganta da onda, sai limpa e sela a junção. Dez unânime.

A final masculina foi diferente. Kanoa repetiu a receita da semi. Os juízes entenderam a dificuldade do que estava fazendo e deram mais de nove pontos em uma onda mais fraca que a sua melhor da semi (7,67).

Martin Potter não fez nenhuma questão de esconder sua discordância do resultado quando Jeremy, em uma onda maior, com manobras mais forte, recebeu uma nota menor, 8,93. A diferença entre a nota mais alta e a mais baixa para esta onda de Jeremy foi de 1,2 pontos (9,50 a mais alta, 8,30 a mais baixa).

As manobras de Jeremy eram um pouco mais fortes, brutais, mas de alguma maneira isso não sensibilizou por completo o painel de juízes.

Apesar das discordâncias, uma unanimidade: Steph Gilmore fez a melhor onda de todo o campeonato, masculino e feminino. E provavelmente teria vencido a final masculina.

A janela para o Margaret River Pro começa nesta terça (28), manhã de quarta-feira no oeste australiano.

Corona Bali Protected – resultados

F: Stephanie Gilmore 16,83 x 7,00 Sally Fitzgibbons

F: Kanoa Igarashi 15,10 x 14,63 Jeremy Flores

Sf1. Sally Fitzgibbons 15,07 x 12,86 Brisa Hennessy
Sf2. Stephanie Gilmore 11,74 x 7,80 Nikki Van Dijk

Sf1. Jeremy Flores 16,43 x 12,00 Michael Rodrigues
Sf2. Kanoa Igarashi 15,07 x 12,84 Kelly Slater

Qf1. Michael Rodrigues 10,20 x 9,93 Wade Carmichael
Qf2. Jeremy Flores 10,47 x 10,00 Kolohe Andino
Qf3. Kelly Slater 12,30 x 10,53 Filipe Toledo
Qf4. Kanoa Igarashi 11,17 x 10,10 Adrian Buchan

 

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