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Deivid entra no CT, Parko vence e Herdy é vice em Haleiwa

Mateus Herdy é vice-campeão do Hawaiian Pro, em Haleiwa, decola no ranking e entre na lista provisória de classificação ao CT; Deivid Silva também chega à final, termina em quarto e se garante na elite. Joel Parkinson se aproxima da aposentadoria com título contra a nova geração

Por João Carvalho

Um confronto de gerações com dois jovens brasileiros e um australiano encerrando uma brilhante carreira no Circuito Mundial fechou o Hawaiian Pro com uma final de alto nível nas boas ondas de 4-6 pés do sábado em Haleiwa. O experiente Joel Parkinson, 37 anos, e o catarinense Mateus Herdy, de 17, protagonizaram a disputa do título. E o australiano fez uma bateria impecável para ganhar a primeira joia da Tríplice Coroa Havaiana. Grande surpresa do evento, Herdy conseguiu o segundo lugar que precisava para entrar na lista dos dez que se classificam para a elite dos top-34 da World Surf League. E o paulista Deivid Silva ficou em quarto na final, mas já havia festejado a conquista da vaga no CT 2019 nas semifinais.

Deivid chegou na decisão do título invicto, sem perder nenhuma bateria em Haleiwa Beach. Ele ficou bem perto de confirmar sua classificação para o CT quando passou para as semifinais e garantiu de vez o seu nome com mais uma vitória. O surfista do Guarujá foi a segunda novidade do Brasil a garantir vaga no Hawaiian Pro. O primeiro tinha sido o paranaense Peterson Crisanto, que voltou a ocupar a quinta posição no ranking como chegou no Havaí, pois Deivid Silva subiu do sexto para o quarto lugar, onde ele estava.

“Este é um dos melhores dias da minha vida, certamente o mais importante da minha carreira”, disse Deivid Silva. “Eu batalhei muito por isso e quero agradecer todos que apoiaram, acreditaram em mim, toda minha família, amigos, patrocinadores, mas eu só procurei fazer o meu melhor nas baterias. Tentei meu melhor em cada onda e agora veio a recompensa pelo trabalho e estou muito feliz”.

O catarinense Mateus Herdy também estava radiante. Ele nem aparecia entre os principais concorrentes por vagas no G-10, pois chegou no Havaí na 61.a posição e sua única chance era ficar entre os dois primeiros colocados do Hawaiian Pro, algo improvável para um surfista tão jovem como ele. Tanto que nem está inscrito no outro QS 10000 do Havaí, a Vans World Cup que começa no dia 25 em Sunset Beach, porque iria competir no Mundial Pro Junior da WSL em Taiwan, na primeira semana de dezembro.

Mas Mateus foi avançando as baterias em Haleiwa, sempre fazendo grandes apresentações, até chegar na final. Ainda teria que ser vice-campeão no mínimo para entrar no G-10 e conseguiu isso no desempate, pela maior nota contra o neozelandês Ricardo Christie, a outra única novidade na lista. Mateus saltou da 61.a para a 12.a posição no ranking, que estava com o paulista Jessé Mendes, barrado na primeira semifinal pelo próprio catarinense que agora deixa a dúvida se vai defender a última vaga para o CT 2019 em Sunset Beach, ou parte para a Ilha Taiwan tentar o título mundial Pro Junior.

“Eu estou muito feliz e nem sei expressar toda essa emoção que estou sentindo. Parece até melhor do que a vitória”, disse Mateus Herdy. “Eu vim aqui só para passar algumas baterias e chegar na final com um ídolo como o Joel (Parkinson), é quase inacreditável. Eu estava preparado para surfar aqui, mas não esperava tanto e quero agradecer a força dos brasileiros e a todos aqui na praia. Foi um dia incrível para mim, obrigado”.

Talvez Mateus Herdy não esperasse chegar na final em Haleiwa, feito que muitos passaram a carreira inteira sem conseguir. Nem que entraria na zona de classificação para o CT, pela grande distância dos primeiros colocados. Mas, a realidade é que ele foi o vice-campeão do Hawaiian Pro, subiu 49 posições para o 12.o lugar no ranking, é o vice-líder da Tríplice Coroa Havaiana e está com a tão disputada última vaga do G-10 para o CT 2019.

DECISÃO – O segundo lugar no pódio também era a meta de outro finalista, o neozelandês Ricardo Christie, que precisava desse resultado para já confirmar seu nome na elite do ano que vem. A bateria demorou para entrar ondas e foi ele quem pegou a primeira depois de 8 minutos, para largar na frente com nota 6,17 pelas três manobras que fez. Na segunda, Joel Parkinson surfa com mais pressão, jogando água pra cima a cada movimento para ganhar 7,50.

Os brasileiros também fazem suas estreias na final. Mateus Herdy pega uma boa direita, manobra forte e manda outra mais explosiva na junção para receber 8,83, ficando atrás ainda do neozelandês que já tinha somado um 4,17 para se manter na ponta. Deivid falha na primeira tentativa, mas pega outra onda que rendeu um longo floater e mais algumas batidas e rasgadas para entrar na briga com 6,83.

Em outra série de boas ondas, Ricardo pega a primeira e faz duas manobras muito fortes, uma voando por cima da junção e ainda pega um tubinho pra fechar sua melhor apresentação, que valeu 8,40. Parko vem na de trás com seu surfe clássico e assume a ponta com 7,70. Deivid erra de novo na sua onda e Mateus levanta a torcida mandando um aéreo full rotation animal como primeira manobra e mais duas muito fortes para pegar a liderança com nota 7,00.

Logo Parko dá o troco, surfando outra boa onda de forma impecável com seu surfe limpo de frontside e retoma o primeiro lugar com um excelente 9,33. Na seguinte, Deivid faz sua melhor apresentação, atacando uma direita mais em pé com manobras potentes de backside que valeram 8,53 e o terceiro lugar. O tempo já chegava nos 10 minutos finais quando Parko destruiu outra direita para aumentar a vantagem com nota 8,03.

Na de trás, Mateus surfou até um belo tubo, mas descartou o 6,90 recebido.  Ficou a chance para o neozelandês, que também surfou forte mais uma onda boa para ganhar 7,43 e igualar os 15,83 pontos do catarinense, mas perdeu no desempate da maior nota a chance de já se garantir no CT. Ricardo Christie terminou em terceiro lugar e em sétimo no ranking, com Deivid Silva ficando em quarto na bateria, mas foi por pouco, 15,36 contra os 15,83 dos dois e Joel Parkinson foi o campeão com um total de 17,36 pontos.

“Eu estou chocado e querendo até surfar outra bateria. Eu realmente gostei muito do evento, que provavelmente foi a chave para mim neste estágio da carreira”, disse Joel Parkinson, que está se despedindo do Circuito Mundial na Tríplice Coroa Havaiana, que ele foi tricampeão em 2008, 2009 e 2010. “Certamente, vou sentir falta de momentos assim, mas estou feliz que eles estejam chegando ao fim. O Havaí é um lugar especial para todos nós. Não sei se essa é a última vez que eu subo no pódio, mas o surfe foi incrível para mim e eu adoro isso. Ano que vem eu serei apenas um fã como todos vocês, mas sempre amarei surfar, as pessoas no surfe e agradeço por fazer parte disso. Obrigado a todos aqui no Havaí, que nos emprestam a praia e nos deixam aproveitar estas ondas incríveis, obrigado a todos vocês”.

NOVOS BRASILEIROS – Enquanto mais um ídolo australiano se despede, como já aconteceu com o tricampeão mundial Mick Fanning no início da temporada, os brasileiros vão se fortalecendo como a maior potência do esporte na atualidade. O catarinense Mateus Herdy, com seus apenas 17 anos, é mais uma revelação que mostrou o seu valor com o inesperado vice-campeonato no Hawaiian Pro. Também em Haleiwa, foram confirmadas duas novidades na “seleção brasileira” que vai disputar o título mundial em 2019, o paulista Deivid Silva, 23 anos, e o paranaense Peterson Crisanto, 26.

Outros dois estão na lista dos dez que se classificam pelo WSL Qualifying Series, que será definida no QS 10000 Vans World Cup, a partir do dia 25 em Sunset Beach. O potiguar Jadson André não pontuou em Haleiwa Beach e caiu do sétimo para o nono lugar no ranking que está garantindo até o 12.o colocado, posição conquistada por Mateus Herdy na última bateria do Hawaiian Pro. Essa última vaga no G-10 teve três donos antes de ficar com o catarinense.

ÚLTIMA VAGA NO G-10 – O sábado começou com outro catarinense só na torcida para permanecer na lista, Alejo Muniz, derrotado na estreia em Haleiwa. Na primeira bateria do dia, Miguel Pupo já ultrapassaria os seus 12.710 pontos se passasse para as semifinais. Mas, ele perdeu por pouco, 12,70 a 12,10, para o também paulista Jessé Mendes, que já pulava para 13.o no ranking com a classificação. A novidade havaiana para o CT 2019, Seth Moniz, derrotou os três brasileiros por 14,70 pontos, com o baiano Bino Lopes ficando em quarto com 10,17.

Na segunda quarta de final, Mateus Herdy conquistou sua primeira vitória. No fim da bateria, Ricardo Christie impediu uma dobradinha brasileira, barrando o defensor do título do Hawaiian Pro, Filipe Toledo, que não achou as ondas que pegou na quinta-feira, quando fez os recordes do campeonato, nota 9,60 e 19,10 pontos. Na bateria seguinte, o australiano Soli Bailey pegaria a última vaga no G-10 de Alejo Muniz se passasse, mas também perdeu para o invicto Deivid Silva e o italiano Leonardo Fioravanti.

No entanto, na última quarta de final, dois norte-americanos ameaçavam o brasileiro e Patrick Gudauskas venceu para assumir o 12.o lugar, tirando o catarinense da lista. A batalha prosseguiu nas semifinais. O paulista Jessé Mendes estava se classificando junto com o inspirado Mateus Herdy, que dominou mais uma bateria com um surfe moderno e progressivo, usando as manobras aéreas também para liquidar seus adversários. Só que, novamente, Ricardo Christie impediu mais uma dobradinha e ficou com a segunda vaga na final.

Mesmo assim, o terceiro lugar foi suficiente para Jessé Mendes entrar no G-10 no lugar de Patrick Gudauskas. O americano entrou na bateria seguinte e só não poderia ficar em último para recuperar o 12.o lugar no ranking. Ele até tirou a maior nota do último dia em sua primeira onda, 9,37, mas depois não surfou mais nada. Deivid Silva arrebentou para vencer por 15,50 pontos e Joel Parkinson ganhou a última vaga na final com 11,97. O italiano Leonardo Fioravanti conseguiu duas notas regulares para somar 11,70, contra 10,00 de Gudauskas, que terminou mesmo em último para alívio do brasileiro.

FIM DA BATALHA – Com esse resultado, Jessé se manteve no G-10, mas ainda ameaçado por Herdy, que ficaria com a vaga se terminasse o campeonato entre os dois primeiros colocados. E o catarinense conseguiu isso para pôr fim na batalha pela última vaga e sair de Haleiwa como o mais jovem integrante na lista provisória para o CT 2019. Dos dez indicados pelo QS, quatro já estão garantidos por terem ultrapassado a barreira dos 19.000 pontos no ranking, o havaiano Seth Moniz, os brasileiros Deivid Silva e Peterson Crisanto e o australiano Ryan Callinan, que já fez parte da elite em 2016.

Os outros seis que ainda não estão confirmados, são o neozelandês Ricardo Christie com 17.700 pontos em sétimo lugar, o italiano Leonardo Fioravanti em oitavo com 16.600, o potiguar Jadson André em nono com 14.160 tentando recuperar a vaga perdida no ano passado, o australiano Ethan Ewing em décimo com 14.030, o francês Jorgann Couzinet em 11.o com 13.660 e em 12.o a surpresa Mateus Herdy, com 12.960 pontos.

Na porta de entrada do G-10 ficou Jessé Mendes em 13.o com 12.850, seguido por Patrick Gudauskas em segundo na fila com 12.780 e Alejo Muniz, que saiu da lista com 12.710. Outros dois brasileiros se aproximaram da zona de classificação em Haleiwa, o paulista Miguel Pupo que está em 19.o lugar e o baiano Bino Lopes em 25.o, logo abaixo do catarinense Yago Dora em 24.o, que no momento está se mantendo na elite entre os top-22 do CT. Depois deles, tem os paulistas Alex Ribeiro em 29.o e Thiago Camarão em 31.o, com o cearense Michael Rodrigues já garantido para 2019 pelo ranking principal entre eles.

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