Por Fábio Maradei
O maranhense radicado em Santa Catarina Álvaro Bacana, foi o grande campeão master do Fico Surf Festival, neste domingo (1º), na Praia do Tombo, em Guarujá, na reedição do campeonato que marcou época no final dos anos 80. Para coroar o feito, ele superou Jojó de Olivença, um de seus ídolos, garantindo uma disputa de altíssimo nível. Mais do que disputas, o que se viu foi um grande clima de confraternização, num encontro de gerações, com muito sol, ondas e praia cheia.
Em outra categoria de destaque, a longboard, Jaime Viúdes, que já representou o Brasil no Circuito Mundial, voltou à disputas para esta confraternização e levou a melhor. Já na novidade do evento, a Pais e Filhos, competindo em casa, Ricardo e Pedro Pupo superaram os favoritos Jojó de Olivença e Kaipo de Jesus. A disputa, sem dúvida, foi uma das grandes atrações pelo clima amistoso entre os concorrentes, e Ricardo vibrou muito por ser a sua primeira vitória em campeonatos, ainda mais com a ajuda do filho.
A competição teve outras duas conquistas locais, com Juquinha Júnior na mirim (sub16) e Melissa Policarpo, na feminina. Na iniciante (sub14), Rodrigo Saldanha, representando São Sebastião, foi o melhor numa final com três companheiros diários de treinos no Instituto Gabriel Medina. Na estreante (sub12), o vitorioso foi Murillo Coura, também de São Sebastião, enquanto que entre os caçulas da petit (sub10) deu Kalani Robles, de Ubatuba.
Além de Jojó, outro grande ícone da história do surf, Amaro Matos, chegou a duas finais, competindo em frente de casa, sendo o terceiro master e o quarto nos pranchões. Na master, longboard, mirim e iniciante, os campeões levaram para casa passagens aéreas para o Peru, oferecidas pela Fico e Nivana Turismo. Nas outras categorias, os títulos valeram pranchas, sendo que nas disputas que tiveram viagens aos vencedores, os segundos colocados também ganharam pranchas. A premiação também teve troféus, medalhas e kits.
Junto às disputas de altíssimo nível nas ondas, o evento teve uma vertente social. A ONG Lugar ao Sol, responsável por revelar talentos do surf da Cidade, e o Lar Espírita Cristão Elizabeth, que atende milhares de pessoas numa das regiões de maior vulnerabilidade social de Guarujá receberam, cada um, R$ 3,2 mil, proveniente de parte das inscrições.
Para o empresário Raphael Levy, o Fico, idealizador desse evento em 1987, em Salvador/BA e um dos alicerces para a criação do Circuito Brasileiro Profissional naquele ano, a nova edição do evento, três décadas depois, repetiu o sucesso e alcançou o objetivo de reunir várias gerações, em muita harmonia. “Estou muito feliz. Foram três dias de um grande evento, pais e filhos, famílias. É o começo de tudo de novo. A gente volta de 30 anos atrás para agora no presente. Não tenho como agradecer a todos que participaram”, falou.
O gerente de marketing da Fico, Augusto Saldanha, ressaltou o desafio de recontar a história de 30 anos de um festival que marcou a história do surf brasileiro, com novas categorias, incluindo a base. “A responsabilidade foi muito grande. Graças a Deus foi tudo certo. Dias lindos, praia cheia. Um evento que mais uma vez marca a história do surf brasileiro”, comentou.
A primeira final foi a feminina e Melissa liderou do início ao fim. Nairê Marquez, de Ubatuba, foi a mais próxima da vencedora. “Amarradora em ser a primeira campeã deste grande evento, que voltou a ser realizado. Irado”, vibrou Melissa. Na sequência, na estreante, Murillo Coura deu um show e com um 7,5 disparou para não ser ameaçado.
Depois, foi a vez da Pais e Filhos. Na disputa especial, cada atleta da dupla entrava sozinho no mar para somar uma nota. Jojó de Olivença fez a melhor nota, com 6,67, mas quem fez bonito foi Pedro Pupo, para garantir a primeira e prometida vitória a seu pai. Ao final da disputa, a comemoração mostrou bem a festa com as comemorações conjuntas.
“Era tudo o que queria. Ele falou que ia fazer isso, pagou a inscrição para mim. Estou muito orgulhoso dele e ainda comemorei minha primeira vitória. Foi um dos melhores sentimentos da vida em campeonatos”, falou Ricardo, beijando o filho. “Na primeira bateria, ele me carregou. Depois na semifinal falei para a minha vó que iria passar para homenagear o meu vô e agora na final, falei que ia fazer ele ganhar o campeonato e deu certo. Foi irado”, complementou Pedro.
Na iniciantes, Fabrício Rocha saiu na frente, mas Rodrigo Saldanha assumiu a ponta com as duas melhores ondas da bateria, sendo que na última a comemoração com o famoso “claim”, uma vibração pela boa performance. “Foi uma final especial, da nossa turma do Instituto, que é o grupo D, e graças a Deus me sagrei campeão. Obrigado ao campeonato, patrocinadores, ao Instituto”, falou, explicando a vibração. “Tem de dar o claim para valorizar”, reforçou.
Já na petit, Kalani Robles levou a melhor. “Foi show o campeonato. é muito gostoso ser surfista”, falou o atleta de nove anos. Logo depois foi a vez da mirim e prevaleceu o conhecimento do pico, com Juquinha Júnior garantiu uma das melhores performances da competição, com 7,07 e um 8,67. Ryan Kainalo e Pedro Bianchini surfaram bem, mas não chegaram perto da pontuação do vencedor.
“Estou muito feliz e quero me dedicar essa vitória ao meu pai (Luiz Juquinha). Agradecer a Fico, que tem me ajudado bastante esse tempo todo. Consegui achar duas ondas iradas. Campeoanto abençoado do começo ao fim. Obrigado a torcida inteira da praia”, festejou Juquinha.
Na longboard, Jaime Viúdes abriu com um 6,5 e confirmou a vitória com um 7,67. “Hoje eu vim na proposta da festa, para me divertir, para brincar e, em momento algum, incorporei o espírito competitivo, da época que estava no Circuito. Vim solto, porque já tirei a faca dos dentes da competição, mas para prestigiar o Fico, vim com gosto”, falou o surfista de 42 anos.
Na última final do dia, a master, ex-profissionais na água. Jojó de Olivença começou bem, Jair de Oliveira fez boas apresentações, até cometer interferência, Amaro iniciou uma reação tardia, mas Álvaro Bacana, que já era o dono da maior somatória do evento, com 16,5 pontos, garantiu a melhor nota da bateria, 7,67, para ser o campeão. “Esta vitória não preço. Com meus ídolos, surfistas que fui crescendo e vendo competir, me fizeram ter esse sonho de ser surfista profissional”, afirmou Bacana.
“É uma hora ganhar aqui no Guarujá, lugar que venho competir desde pequeno, superar meus ídolos, rever muitos amigos. Espero que tenham muitos campeonatos como esse, para valorizar a geração passada, para a nossa molecada ver quem deu o gás e essa molecada está aí por causa deles. Foi um evento muito legal pela confraternização, a união das famílias, da nova geração com a velha guarda”, disse o surfista de 42 anos.
O Fico Surf Festival 2018 teve a apresentação de Grupo Lunelli, com os patrocínios da Nivana Turismo, Casa Grande Hotel, Sucos Do Bem e Montevérgine. Apoios: Prefeitura Municipal de Guarujá, através das secretarias de Esportes e Lazer (Seela) e de Turismo (Setur), FuWax, NaJaca, Sabesp, Governo do Estado de São Paulo, Associação de Surf de Guarujá e Federação Paulista de Surf.