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Entrevista: Carlos Burle

Por Kevin Damasio

 

No final de 2017, o pernambucano comemorou seus 50 anos com uma fila de cinco horas de autógrafos em sua autobiografia, Profissão: Surfista (Sextante/Primeira Pessoa, R$ 49,90), escrita com o jornalista André Viana.

Nos dias seguintes, os leitores teriam uma leitura das memórias sinceras e sem papas na língua – uma história na qual o big surf é pano de fundo para os altos e baixos das complexidades da vida comum.

A infância no engenho; a paixão imediata pelo surf em Recife; as delicadas e construtivas relações familiares; o sucesso instantâneo seguido de uma repentina espiral descendente; as incertezas de uma carreira profissional e a esperança de um caminho empreendedor no big surf e no freesurf…

Na entrevista a seguir, o ser humano Carlos Burle fala mais alto do que o personagem big rider, assim como acontece em seu instigante livro.

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Qual foi a motivação para escrever esse livro?

Muitas vezes eu era questionado: “Você nunca vai escrever um livro? Sua vida é muito interessante”. E aí a gente começou o projeto, três anos atrás, com a Sextante. Logo, falei: “Cara, não quero escrever um livro contando histórias que já estão na mídia. Quero desconstruir a imagem que todo mundo tem do Carlos Burle: ‘Pô, você pega altas ondas, faz ioga, meditação, reike, come bem, é saudável, tem uma família maravilhosa”. Isso é super comerciável. E sinto que, quando se torna referência, você tem uma responsabilidade muito grande. Fiz um livro pensando em pessoas como você, jovens, que têm uma vida toda pela frente e, de alguma forma, poderão assimilar experiências interessantes, tomando escolhas mais sábias daqui para frente, por saberem que alguém teve coragem de chegar lá e falar. Se não falar nada, fica todo mundo pensando que está show, aquele papo de superfície. E sabemos que a vida é muito mais que isso.

Em relação à exposição, qual é a diferença entre contar sua história em um livro e em séries de TV?

O que está na tela, que chega para o espectador, o fã, é o lado lúdico, sobre o ídolo, campeão do mundo, que pega altas ondas, viaja com os filhos para lugares lindos, praias maravilhosas. De vez em quando passa um perrengue, mas é casca-grossa, “o fodão”. Tive de ter coragem. É um desafio grande. Minha família não sabe de 10, 20 por cento das coisas que estão no livro. Então, todo mundo vai ficar chocado. Se pudesse dar uma dica para o leitor, seria: não se apegue aos fatos, aos personagens; entenda que tudo colocado no livro é um convite para que a gente se aprofunde na vida. No caso, eu usei aqueles fatos e personagens para me aprofundar na minha vida e tentar evoluir. Todo dia a gente luta, batalha, tem milhões de desafios, como todos os seres humanos. E a sociedade tem uma receita muito cruel para vender a imagem. Cria a imagem do ídolo, o afasta do mundo. O ídolo acha que é legal acumular valores materiais. Quanto mais acumula, menos as pessoas que te admiram podem chegar perto de você. E aí você anda na rua com seguranças – sinal de prestígio.

Não estou julgando. Acho que a gente passa por esses processos mesmo. Já faço parte disso, em certa proporção: uso minha imagem para ganhar dinheiro; ela é atribuída a vários produtos. Mas eu não vendo minha alma. Existe um questionamento grande: será que meus patrocinadores vão se afastar, depois de escrever tudo isso? Minha convicção é de que eu entenderei profundamente os que se afastarão por causa disso; e os que ficarem encontrarão uma conexão, uma verdade muito maior, uma energia que a gente não compra. Então, cara, estou muito feliz por não ter rabo preso para ficar com papas na língua (risos).

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No processo de reconstruir suas memórias, teve alguma que foi mais forte, mais viva?

Ah, o processo de separação dos meus pais; a reconstrução das cenas com minha irmã e minha mãe, com meus amigos de infância. Eu chorei, me emocionei bastante. Minha relação atual no casamento é muito boa, mas passou por vários questionamentos, sessões de análise. Então, tem sido uma oportunidade muito grande para me entender melhor, trabalhar minhas emoções – uma verdadeira catarse, como tudo que faço na vida. Gosto de fazer de verdade, me aprofundar, me entregar. Por exemplo, eu fiz um filme agora com o Felipe Joffily e o Carlos Sanfelice. Mas nele eu só podia chegar até certo ponto. No livro, não. O André Viana [escritor da biografia] foi uma peça fundamental, mas o livro tá muito Carlos Burle. Nos outros projetos que fiz, não tinha essa gestão. A Sextante me ofereceu alguns escritores, eu não gostei. Fui atrás do André, me apaixonei por ele, é o cara. E a gente passou por um processo longo, com vários obstáculos e desafios, e deu muito certo. A gente precisa ter coragem para mostrar, falar essas coisas, e também criar um ingrediente para que as pessoas tenham uma leitura leve. Os campeonatos e o surf são pano de fundo. Se fosse descrevê-los, o livro ficaria um saco. A minha missão de vida é muito maior que minha missão como atleta. E me sinto na obrigação de levar o surf ao grande público. Não quero que só surfista leia meu livro. Ficaria disappointed, totalmente frustrado. É um livro de ser humano.

Nos primeiros capítulos, você conta a história da sua infância e adolescência. Dessa fase, o que ainda está mais presente?

Com certeza a disciplina do engenho, com meu padrinho, minha madrinha. E minha mãe falando para mim: “Se alguém bater em você, vire a cara. O amor é mais forte do que tudo”. Outro momento em que ela me diz: “Você sabe o que é droga? Droga é qualquer coisa que te domina”. Com muita sabedoria, ela foi levando a minha educação. Uma coisa que também me marcou muito, relacionada ao surf, foi quando meu pai chegou para mim e falou: “Você vai terminar a vida empurrando carroça e catando lixo”. Eu, adolescente, ouvi isso e foi muito marcante. Peguei aquilo como motivação. Apesar dos altos e baixos que tive – inúmeros, principalmente no início da carreira –, nunca quis largar aquele sonho. De alguma forma, tinha aquela vontade enorme de me provar, de provar para todo mundo que o esporte era sadio, praticado por pessoas do bem, que poderia ser uma profissão. Da minha mãe, tenho muito da bondade, do acreditar, da liberdade, da relação com a natureza, com os animais. Meu pai era meu grande ídolo, herói, boa-pinta. Sou praticamente a sucessão dele – atleta, carros, troféus, adesivos. Mas, ao mesmo tempo, o meu pai pertencia a um universo com o qual eu não sentia comunicação – cigarro, festa, coisas superficiais. Lógico, minha característica é de uma personalidade muito intensa. No conjunto das loucuras que fiz na minha vida, eu poderia ter dado errado. Mas sobressaía aquela semente, com tudo que aprendi – a disciplina, a vontade de evoluir, a crença nos valores corretos, dignos. Eu fazia alguma merda, olhava para trás e me questionava: “O que eu tô fazendo? Volta pro caminho certo”. Até o final do livro tem isso. E vai continuar. Só acaba quando a gente passa para outra encarnação.

Nos anos 1980 e 1990, havia uma estrutura de competições nacionais maior que agora, um momento econômico delicado. Como observa esse contexto atual?

O esporte não tinha a estrutura de hoje. Hoje, você começa a performar bem, logo vem um técnico e passa a te treinar; um manager para te vender; um nutricionista para te alimentar; um psicólogo para te instruir; e uma entidade profissional, com antidoping. Por isso, o nome do livro é Profissão: Surfista. Antigamente, qual é sua profissão? “Atleta profissional”. Eu tinha vergonha de ser surfista. Era horrível. Fico emocionado, porque passei por isso, e marca muito.

O mundo era regional. Hoje, é global. A estrutura está pior nacionalmente. Existia um trabalho muito forte de clubes, uma estrutura melhor, porque o surf acompanhava a velocidade das informações da época. As notícias, as informações eram muito limitadas. Você falava só para certo número de pessoas ao teu lado. Hoje, fala para o mundo todo. A entidade, em nível internacional, está melhor. O surf cresceu, é olímpico. Agora, precisamos entender que, para fazer uma transformação positiva localmente, temos de investir nessas categorias de base. Como a gente vai chegar lá? Não sei exatamente, mas talvez o caminho seja o esporte nas Olimpíadas.

Pela sua história, você acha que o big surf introduziu o freesurf no Brasil, pelo menos profissionalmente?

O que acontecia era o seguinte: o conteúdo que ia para as mídias era só de ondas de campeonato, e não atraía muito. E, quando aparecia com aquelas ondas incríveis que eu pegava nas viagens, começaram a ver o quão relevante e o quanto aquelas imagens, aquelas viagens chamavam a atenção. Então, posso dizer que sim, o big surf tem uma participação.

Na minha época, não tinha dinheiro no freesurf. Eu fazia por amor. Fazia porque, para mim, aquilo era a essência do meu surf: surfar ondas boas e perfeitas e performar o que eu não sabia na marola. Mais ou menos a mesma relação que eu tinha com alimentação, com as drogas. Não era se drogar por se drogar, não era comer a dieta para ficar leve. Tudo tinha uma conotação de evolução. E o surf de ondas grandes, para mim, mostrava que eu tinha muito mais a evoluir do que na marola – onde estava estagnado, tomando couro da galera.

Eu não pensei em parar de surfar, de ser surfista profissional. Mas, imaturo, não valorizei aquele momento. Se tivesse focado mais, teria melhores resultados. Só que meu foco, a partir do momento que conheci o Hawaii, passou a ser onda grande. Voltava do Hawaii chateado para correr o OP Pro no verão. Ficava puto com aquela história de que tinha que voltar para ficar com os patrocinadores aqui, pegando marola – e de perder pros maroleiros (risos). Eu não tinha humildade, sabedoria, experiência. Paguei karma, né. Fui expulso do circuito rapidinho. Perdi os patrocínios e fui vender muamba. Chegou uma hora em que eu estava tão mal na cena do surf que achei que nunca mais seria surfista profissional.

No livro, você fala bastante de personagens específicos que moldaram sua carreira, como o Júnior Pimpa, Eraldo Gueiros, Taiu Bueno. O que descobriu dessas relações durante a reconstrução das memórias?

O mais importante de tudo é que essas relações foram sempre muito verdadeiras, relações de aprendizado. Até perto dos 40 anos, o Carlinhos só tinha tido relações mais intensas com pessoas mais velhas. O Júnior Pimpa era um filósofo, poliglota, que tomava conta de mim e tinha um carinho além da amizade, com valores incríveis. O Eraldo, mais velho, era um ídolo, intocável, aquele cara que eu olhava e falava: “Meu Deus, meu sonho um dia é ser o Eraldo!”. O que o cara falava para mim era lei, um cara muito sábio em relação ao conhecimento do ser humano. O Taiu já foi em um momento em que fui “convidado a sair” da casa do Eraldo. E aí caí na casa de um amigo mais velho de novo, que tinha toda uma condição para tomar conta de mim – experiente pra caramba, que falava inglês melhor do que eu, tinha melhores patrocinadores do que os meus, viagens para muito mais lugares. Essas relações eram muito ricas em conhecimento. Eu era uma esponja, e também gostava de que tomavam conta de mim, enquanto me desenvolvia. Até um dia em que disse: “Chega!” – que foi a história da separação com a minha primeira esposa, a Chris. “Preciso tomar conta da minha vida, preciso virar dono do meu nariz!”

Na busca por se consolidar na carreira de freesurfer e big rider, você criou uma imagem de surfista empreendedor, muito abordada pela grande mídia. De que maneira isso se transformou com o tempo?

Fiz uma entrevista agora com o Ricardo Tatuí, pro SurfLand, e ele: “Burle, eu falo pros meus amigos que a primeira vez que veio para o Rio de Janeiro correr o Circuito Company, você tinha um álbum de fotos de Fernando de Noronha e ficava mostrando pra todo mundo”. E tem aquela carta que escrevi lá atrás [para angariar apoios de lojas e marcas, na fase de amador]. Sempre tive essa vontade de ter uma imagem limpa, transformar o esporte. Só que, em paralelo a essa vontade, fui um jovem rebelde. Um jovem que odiava a hipocrisia, que queria ser livre, que idolatrava a liberdade. Que achava que as pessoas bebiam e enfiavam a faca nos outros, enquanto os que queimavam bagulho ficavam na praia meditando – e a sociedade falando da “erva do diabo”. E isso no Nordeste é brabo, né, cara. Em qualquer esquina a galera fica tomando cana, e tome briga, estuprando as mulheres, fazendo aquelas besteiras – e ninguém fala nada de álcool. Eu era um jovem que queria profissionalizar o esporte, mas, ao mesmo tempo, tinha esse ímpeto, essa forte característica de ser intenso. E fui perdendo a linha também. Não consegui ser o cara certinho. Talvez, se fosse, eu não chegaria onde cheguei. Comecei a fazer milhões de experiências: de dieta, drogas, exercícios, tudo. A profissão não existia, e eu queria que o surf tivesse uma imagem boa, mas muito baseada nos valores de ser humano para ser humano. De respeitar e não julgar. Só que chegou um momento em que achei que não conseguiria, quando perdi os patrocínios, degringolou… e o mundo engoliu o Burle. Eu não tinha onde praticar aquilo. Estava sobrevivendo. Vendendo roupa pra pagar conta. Quando fui ao dentista pela primeira vez, havia 20 cáries. Fui lá no fundo do poço, e, quando voltei, que começo a me dar bem e finalmente ganho o título em 1998 [no Mundial de Tow-in em Todos Santos, México]… “Agora me deem licença. Mais maduro, com título, vamos trabalhar”. Já tinha uma consciência do quanto era importante, realmente, trabalhar. Tudo que eu queria dez anos antes acontecia só aos 30. Finalmente, meu sonho estava acontecendo – eu poderia fazer alguma coisa pelo esporte. Finalmente, eu podia transformar a cena, quebrar aquele tabu, paradigma, aquele julgamento: “nem todo maconheiro é surfista, mas todo surfista é maconheiro”. Era mostrar pras pessoas que “somos seres humanos iguais a vocês, queremos ser felizes que nem vocês e somos saudáveis”. Comecei a valorizar muito tudo. E o medo de não me dar bem me levou a empreender cada vez mais. Sou um cara que acredita que, investindo, você colhe. Enquanto amigos, nos meados dos 30 aos 40, falavam “é, a carreira tá acabando, vamos comprar terreninho, financiar um apartamento”, eu falava: “Não, vamos investir em equipamento, cursos, aprender a dar palestra, abrir escritório, fazer uma fábrica de molhos, não sei o quê…”. E continuo quebrando essas barreiras. Acabei de fazer uma palestra na França que foi minha melhor em inglês – ever. Amei, ainda tem toda a Europa para eu alcançar. Tem tantas coisas. O trabalho com o Lucas Chumbinho. Então, sou um cara que gosta de empreender, e que gosta muito do ser humano. Não acho que o surf é tudo. É apenas uma motivação.

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Apesar do biotipo baixo e magro, você sempre teve práticas de saúde que serviam de combustível. Como são hoje seus hábitos de alimentação, meditação, treinamento?

Agora, nesse momento, eu cheguei de Nazaré, estava num ritmo muito bom. Mas, cara, perdi. Estou não sei há quantos dias que nem um zumbi, focado no livro. Uma entrevista atrás da outra, um programa atrás do outro. Mas estou feliz. Tenho feito alinhamento energético. Acabei de chegar de uma massagem que tinha também minha meta energética, terapia crânio-sacral. Faço minhas meditações e orações. Tenho feito menos ioga, menos preparação física, porque estou me sacrificando para um projeto muito humano, que vale a pena. E sei que daqui a pouco vou pro Hawaii, então tomo conta da minha alimentação, durmo cedo. Temos em casa esses valores. Minha mulher também gosta muito disso, então a gente tem uma rotina saudável. Mas, se chegar pra mim hoje e perguntar: “Você está bem fisicamente para competir?” Vou falar: “Estava, preciso de mais um tempinho”. Porque tenho 50 anos. Não vou ter aquela explosão que moleque tem. Peguei onda ontem, hoje, mas apenas por 10, 15, 20, 40 minutos. Sem ir pra academia. Na minha idade, você perde musculatura rápido. Mas sempre dei muito valor a isso. Essa consciência que a urinoterapia também trouxe muito, de entender melhor o corpo, o que é bom, ruim – essa relação facilita no bem-estar, facilita manter essa saúde. Sei que sou um cara saudável, que tenho resistência. Em São Paulo, cinco horas dando autógrafo, com calma. Vim pro Rio, mais cinco. Em  Recife, pau-pereira. Mas tudo tem limite, ninguém é super herói. Dei muito valor ao cardiovascular, à preparação dentro e fora d’água, o psicológico, meditação, ioga, reiki.

Sempre dei muito valor a tudo isso, e meu corpo tem essa memória celular. Durante muito tempo, tive uma doença que veio também do lado emocional. Já era metido a ioga, meditação, mas eu tinha uma sequela daquela personalidade pura que eu era. Minhas alergias me prejudicavam bastante. Depois que comecei a me conhecer mais, a evoluir, e já tinha toda a experiência da ioga, da meditação desde cedo, fui ficando mais forte. Hoje tenho uma saúde boa, mas continuo pagando pedágio pelo que faço. Já sofri muitos acidentes. Tenho a consciência de como posso usar minha respiração, alimentação, pensamento, meu corpo. Eu não fico fazendo extravagâncias. Pô, bebi pra caramba no meu aniversário: quatro cervejas. É uma raridade. E tudo isso envolve a viagem da vida que é mais importante: para o interior. É a que realmente faz a diferença. Sou um indivíduo e quero me conhecer. Que tipo de corpo tenho? Meu colesterol é alto? Meu açúcar é baixo? Nervoso? Estressado? Tem que ter coragem para mergulhar no autoconhecimento. Não fugir desses medos traz a saúde.

Como tem sido o trabalho com o jovem big rider Lucas Chumbinho? Que evolução você já sentiu que aconteceu?

Muita coisa. Os resultados já estão aparecendo. Ele já é outra pessoa, um cara muito mais centrado, está tomando decisões, entendendo que pode ser o grande expoente do surf. Mas precisa fazer por onde. O caminho é longo, não é uma coisa de um evento, de um título. É um projeto de médio a longo prazo. E o desafio foi muito maior do que eu esperava. Achei que só de falar ele já me seguiria e os resultados apareceriam. Mas vi que era um desafio espiritual também. Tem coisas de relacionamento de outras vidas, minha e dele, e não estava no contexto. Então, temos uma coisa forte que tivemos que trabalhar, e continuamos isso. Para resumir, poderia ter sido uma coisa bem mais pragmática. E não foi, assim como tudo na minha vida. Eu achei que ia ser a, b, c até z, dentro da cartilha do esporte: você treina assim, come assim, faz assim. Mas não é. O Chumbinho não dormia de luz apagada. E por quê? Aí começa a entrar na análise. É um projeto que a família teve que abraçar – a Michele, o Gustavo, o irmão, João. Não é simples, é abrangente, desafiador, legal pra caramba. Vem o avô, a avó, o tio, os amigos, todo mundo. É pau-pereira, meu cumpade.

Originalmente publicada na HARDCORE #335

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