Quem diria que Owen Wright seria o campeão do Pro Gold Coast 2017? E que o Matt Wilkinson chegaria na final pelo segundo ano seguido?! Ou que eles seriam os responsáveis por eliminar os grandes favoritos da temporada: John John Florence e Gabriel Medina… Pois é, o surfe competição está cada vez mais imprevisível e, dos Top 34, não dá para cravar quem vai ganhar, mas todos podem fazer estragos e surpreender.
O campeonato de Margaret River, também conhecido como “Fique Longe das Drogas Pro” (WTF?!), é sem duvida alguma, o mais complicado de se fazer qualquer previsão. Isso porque, ele pode acontecer em dois (agora três, com North Point) picos diferentes e com ondas completamente distintas. O comissionário Kieren Perrow vai à loucura e deve ser um saco ter de ficar ouvindo grupos de surfista puxando a brasa para suas sardinhas e tentando levar o call para as ondas que mais se encaixam com suas habilidades.
Acrescente a isso, todas as zebras e surpresas que vem acontecendo o tempo todo no Circuito Mundial de Surf. Digamos que desde que a WSL assumiu as rédeas, que não faltaram foram Dark Horses se dando bem.
O Resultado?
Para mim, ficou bem mais fácil escrever esse pedaço do “Comenta Cako ao Avesso“. Foi só tirar os de sempre – leia-se John John Florence, Mick Fanning, Kelly Slater e Joel Parkinson (exímio conhecedor dessas ondas todas do WA) e escolher dois ou três para cada uma das ondas: Main Break, The Box e North Point.
1. As triagens já rolaram em North Point e a primeira fase também deve ser por lá. E vai estar bem grande (no mínimo 8-10 pés).
Nesse expresso tubular para a direita, minhas apostas ao contrário vão para dois caras: Filipe Toledo e o Ace Buchan.
Podem acreditar, mesmo estando grande, tubo rápido para a direita nunca foi um problema para o Filipinho, que pode surpreender. E tem umas rampas ali também! Além disso, ele está querendo mostrar que o resultado na Gold foi apenas um tropeço. O aussie especialista em tubos já ganhou uma etapa na França, derrotando o Kelly Slater na final e o maluco tem a manha legal. Ahh, e ele tá treinando direto em North Point. Italian boy também surfa de frente em North Point e costuma ficar a vontade em condições pesadas (vide os beachbreaks europeus).
2. Se o campeonato rolar em The Box, aumenta o número de possíveis azarões. Aquela onda é bem específica e são poucos os que sabem e tem costume de surfa-la. A maioria dos tops dificilmente treina em condições similares. Por isso, levam vantagem os aussies mais malucos, que gostam de surfar em laje e na selvageria do oeste australiano e mais um ou outro freak havaiano.
Dando nome aos bois (ou aos cavalos), vamos com Owen Wright e Sebastian Zietz! Se o camisa amarela não ficar com medo (e ele já falou que quer um The Box de verdade pra mostrar que voltou), deve dar show ali. E o havaiano cresceu no Kauai e quem conhece aquelas ondas, sabe que tubo é a especialidade da casa.
3. Agora, se a brincadeira for par ao Main Break (o que fatalmente deve acontecer, mais cedo ou mais tarde), temos dois cenários: o grande e divertido e o pequeno e chato! Para o primeiro, tenho dois azarões fortíssimos. Um é o Frederico Morais. Se o Kikas pegar aquela direita com 8-10 pés, paredão abrindo e junção, ele vai destruir a onda! Vira candidato ao título da prova, inclusive. O outro é o Nat Young, que apesar de estar como substituto do Ítalo Ferreira, já se deu bem nesse evento e tem um backside que se encaixa legal nessas condições.
Por fim, temos o Main Break pequeno, que é uma das ondas mais chatas que se pode ter no tour. Ela fica totalmente deitada, sem força e só tem uma junção no final, quase em cima das pedras. Ano passado, o campeonato foi quase todo assim e o dia final foi extremamente sem graça. Não quero apontar favoritos ou zebras aqui, porque torço para o campeonato passar longe dessas condições. Se rolar desse jeito, que ganhe o Jessé Mendes, que aí não atrapalha ninguém e de repente nego tira de vez essa prova do calendário.
Tem um cara que não apareceu em nenhuma dessas listas (e nem nas minha previsão para os verdadeiros favoritos), mas que pode surpreender sempre. Gabriel Medina é o nome dele. O brasileiro tem como melhor resultado em Margaret River um 5º lugar, mas surfa em qualquer condição e é uma verdadeira máquina de competir! Alguém ainda duvida desse menino?