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quinta-feira, 18 abril, 2024
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Delírio ou desespero?

Por Julio Adler Tudo indicava que essa segunda feira seria mais um daqueles dias pra não esquecer em Supertubos. Logo na primeira bateria, a décima da primeira fase, Damien Hobgood, Freddy P. e Luke Stedman fizeram um duelo de tubos com a média superior a qualquer outra bateria da fase. Stedman, mesmo em último, fez pontos suficientes para ganhar 6 das 9 baterias realizadas no domingo. Bobby Martinez renasceu pro circuito fazendo a maior média de toda fase e quem sabe, achando novamente seu ritmo depois duma série de péssimos resultados. O futuro dele depende dos próximos três eventos, mais um bom resultado e ele poderá respirar aliviado. Quem imaginaria que Bobby estaria em 18º nessa altura do ano depois dos dois terceiros que ele teve nas duas primeiras etapas. A repescagem começou com Bruno Santos chamando Kelly Slater pra dançar num Supertubos com maré esvaziando. Cabe lembrar que Bruno cresceu surfando ondas parecidas com essas e se há alguém capaz de surpreender em esquerdas tubulares de qualquer tamanho, vocês já sabem o resto da frase. Naturalmente, qualquer surfista que competir contra um dos candidatos ao título mundial terá a desvantagem de ser julgado mais pelo que representa na corrida ao título do que pelo desempenho. Bruno teve um bom tubo, pecou pela saída um pouco embolada, 5.5. A ASP não pode se dar ao luxo de ver um Slater ou Jordy perdendo por pequenas margens. Isso ficou ainda mais claro na bateria do Jordy contra Marlon Lipke. Fosse julgada com frieza e ausência de interesses obtusos, Lipke ganharia até com alguma facilidade, não faltando três etapas pra decidir o título. Slater venceu sem convencer, Jordy o seguiu com fidelidade canina. Como diriam americanos e australianos aqui, Game is ON – clichê tradicional e recurso cansado de linguagem. Na terceira bateria, depois de Kelly e Jordy com roda presa, Dane Reynolds era a nossa esperança de redenção. Dane foi chamado, corretamente, de Messias pelo brilhante jornalista australiano Steve Shearer na primeira etapa. Messias porque a missão do Dane é salvar o surfe do mais vasto aborrecimento. E foi exatamente isso que ele não fez em Peniche. Talvez tenha sido um mal vinho ou marisco que não lhe fez bem. Dane foi aniquilado por Travis Logie. Me faltam metáforas. O que se passa com Mineiro? Dean Morrison entrou de gaiato no Rip Curl Pro. Foi chamado às pressas quando Bede resolveu que voltaria pra casa testemunhar de pertinho o nascimento da sua filha (que já nasceu e passa bem). Dingo é um dos 3 Coolie Kids, aqueles que mereceram um filme, dezenas de artigos e que até hoje levaram dois títulos mundiais, todos dois do mesmo homem, Mick Fanning. Parko parece que vai, mas não vai e Dingo nunca chegou de fato a ir – exceto, eba!, pela vitória em casa, quando mesmo? Pois Dingo tem 300 anos de Tour nas costas e colocou mais uma pedra no pedregoso caminho que Adriano de Souza vem enfrentando desde que perdeu pro Kieren Perrow em Trestles. Na França, segundo consta, perdeu a cabeça depois de ter perdido pro inexpressivo Gabe Kling, uma reação perfeitamente aceitável dum competidor que mira nos top 5. Alguma coisa incomoda Adriano em 2010. Me pergunto se o sucesso do Jadson não tem tirado demais a atenção que Mineiro tanto se habituou a receber enquanto reinou nos últimos 3 anos. Mineiro podia tirar proveito disso. A derrota em Peniche para Dean Morrisom pode custar seu top 6, talvez até seu lugar nos top 10. Mineiro tem 3 quintos, 2 nonos e não não pode mais se dar ao luxo de perder cedo se quiser terminar onde merece, top 10. Andy, Andy, Andy Tanto se falou da volta do Andy após Teahupoo e até agora, depois da sua inquestionável vitória, nem uma semi, nenhuma quarta-de-final, nada. A repescagem tem sido dura com Andy aqui na Europa. Kai Otton surfou quase  pedindo desculpas por bater Andy, mas a verdade é que a cabeça do tricampeão deve estar no Havai, Pipe, sua familia e seus amigos. Tiago Pires foi a grande decepção do dia para a imensa torcida portuguesa. Demorou oito anos pro Saca vencer um WQS em casa e pode demorar mais tantos até ele aprender a lidar com a enorme cobrança que agiganta-se dentro da sua própria cabeça. Percebe-se que Saca fica excessivamente nervoso ao surfar na frente da sua calorosa torcida. O que vemos é sempre um Saca surfando 40% do seu potencial e os portugueses são tão exigentes com seus ídolos quanto fervorosos. Tiago tem a popularidade das grandes estrelas nacionais e a humanidade do seu povo. Ao sair d’água, quase cabisbaixo, escutamos um pedido de desculpas silencioso por faltar ao inadiável compromisso que tem com a vitória em solo patrio.   Rip Curl Pro Portugal – Round 3 – Mick Fanning x Travis Logie http://www.youtube.com/watch?v=bxq6BgjKGMM Rip Curl Pro Portugal – Round 3 – Kelly Slater x Gabe Kling http://www.youtube.com/watch?v=CDBQkYPL8wU ?

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