*Esta reportagem foi publicada na íntegra na HARDCORE de agosto de 2015, edição 309.
Abaixo, veja uma parte da matéria. Confira todas as fotos e depoimentos na edição completa!
O australiano Murray Close, o Muzza, era uma das figuras mais respeitadas nos lineups de Bali. Há décadas, havia se mudado para a Indonésia e conhecia como poucos os segredos e as ondas do arquipélago. Em 24 de junho, dias antes do maior swell do ano atingir as ilhas, Muzza perdeu sua batalha contra o câncer. Antes de morrer, pediu aos amigos mais próximos que celebrassem sua vida nas ondas de sua amada Bali. Ao mesmo tempo em que a comunidade surfística lamentava a morte de um irmão, preparava-se para receber o presente que o Oceano Índico mandava em forma de linhas lisas e intermináveis. Naturalmente, mesmo antes de bater na costa, a ondulação foi batizada de “Muzza Swell”, em homenagem a Murray.
Quando as primeiras imagens das ondas, absurdamente perfeitas, que quebraram por toda a Indonésia inundaram a internet, a mídia especializada entrou em um frenesi poucas vezes visto. Ignorando a homenagem — ou simplesmente sem saber dela —, sites e desavisados de todo o globo (especialmente aqueles que se encontravam longe da Indonésia, babando perante suas telas de computador) rebatizaram a ondulação exageradamente. Inicialmente ela virou “o swell da década”. Depois transformou-se no “swell do século”. Tudo hype. Um baita exagero.
A verdade é que as ondas encaixaram melhor nas Mentawai, e a esquerda de Nokandui quebrou como poucas vezes na história — talvez o melhor de todos os tempos. Isso é fato. Para o resto do arquipélago, o “Muzza Swell” trouxe altas ondas também, as melhores do ano até agora — mas nem de longe foi o melhor swell da década. Nias quebrou grande e quadrada; Uluwatu mostrou seu power; Padang fez bonito e o Grower não desapontou. Nas próximas páginas, você confere as melhores imagens e os depoimentos de quem teve o privilégio de surfar um swell que não foi o melhor da década, muito menos do século — mas que certamente vai ser lembrado por muito tempo.
“O visual foi incrível de dentro do tubo, dava para ver a galera passando, várias caixas estanque, todo mundo berrando no canal”, Rodrigo Sino. Foto: Justin Bu’ulolo / HARDCORE
“Foram, com certeza, os três melhores dias da minha vida, os mais intensos”, Jean da Silva. Foto: Iker San Martin Garcia / HARDCORE