Por Felipe Fernandes
O grande swell esperado para o início do Drug Aware Margaret River Pro 2015, deu as caras nesta terça-feira (quarta-feira na Austrália) para a abertura do evento em West Oz. Disputas em The Box e Main Break, vento terral, tubos pesados, baforadas, foam balls, vacas homéricas, ondas grandes e pranchas quebradas fizeram deste um dia histórico de competição. Os brasileiros não foram bem e Miguel Pupo é o único garantido no Round 3. Outros seis brasileiros do Championship Tour, mais o wildcard Alejo Muniz, encaram a repescagem.
Às 20h30 (horário de Brasília), o dirigente da WSL, Kieren Perrow anunciou no Dawn Patrol o que muitos queriam ouvir: “It’s on at The Box”, disse o ex-competidor com um sorriso no rosto e a prancha ainda debaixo do braço, após checar pessoalmente as condições no pico.
THE BOX vs. MAIN BREAK
Os surfistas estavam ansiosos para ouvir a chamada oficial. As ondas de The Box e Main Break têm características diferentes, e a decisão poderia mudar o rumo da competição. Os tubos ocos de The Box exigem abordagem e pranchas específicas. Para surfar “A Caixa“ é necessário uma técnica avançadíssima nos cilindros. Além disso, as direitas favorecem brutalmente os regulares, que surfam de frente para as paredes.
Bombas de 12 pés com séries maiores quebravam Main Break durante o Round 1. Foto: WSL
Já Main Break, o palco principal das disputas, é uma onda longa e manobrável. Por quebrar longe da costa, tem muita correnteza e um balanço característicos de points oceânicos. Não é uma onda fácil, mas é a preferência de muitos dos Tops, principalmente os goofies.
E para sorte de alguns deles, após sete baterias disputadas em The Box, o vento sul e a variação de maré forçaram a transferência da prova para o palco principal, que funcionava com esquerdas longas de mais 12 pés e paredes volumosas. Verdadeiras montanhas d’água.
THE BOX DERRUBA BRASILEIROS
O goofy brasileiro Wiggolly Dantas entrou na água logo na primeira bateria contra os havaianos regulares John John Florence e Dusty Payne. Especialista em esquerdas tubulares, Guigui sofreu para achar as ondas boas, pecou na escolha e não ofereceu resistência na vitória de John John, que aplicou uma “goleada” sobre o ubatubense e seu compatriota.
Mais atirado que os adversários, o havaiano completou drops atrasados e fez os melhores tubos da bateria, mas pagou o preço da coragem ao levar uma das vacas mais comentadas da manhã. John John terminou com 13 pontos, contra 4.46 de Wiggolly, e 2.60 de Dusty.
Jadson André não encontrou o tempo dos tubos de The Box, mesmo aplicando coragem nos drops. Foto: WSL
Em seguida, outro goofy brasileiro, Jadson André, teve dificuldade para passar por dentro dos tubos. Em frente aos regulares Jordy Smith e Brett Simpson, Jadson mostrou coragem nos maiores buracos da bateria, mas não conseguiu encontrar o tempo da onda para surfá-la de backside e terminou na segunda colocação. Jordy Smith mostrou técnica apurada e avançou com facilidade. Brett Simpson manteve-se com a prioridade a maior parte da bateria, mas não pegou nenhum tubo e terminou com duas vacas, avaliadas em 0.20 e 0.30.
Na quarta bateria da manhã, o paulista Adriano de Souza começou a disputa com 6.67 e 6.83 para botar pressão sobre o havaiano Sebastian Zietz e o americano C.J. Hobgood. Frio, Zietz começou uma reação rápida com 6.00. Com Mineiro na prioridade, o havaiano posicionou-se bem e encontrou um tubo absurdo, avaliado em 9.23, para virar o placar. O brasileiro sumiu na segunda metade da bateria e caiu para repescagem.
Gabriel Medina leva virada de Fred P no último minuto. O Campeão mundial fica na pressão em Margaret. Foto: WSL
Em uma bateria de scores baixos e poucas ondas de qualidade, o havaiano Freddy Patacchia superou os brasileiros Gabriel Medina e Alejo Muniz. Ligeiro, Fred percebeu que os tubos não estavam abrindo e precisava de pouca nota para superar o placar de 2.33 e 1.63 de Gabriel Medina. No último minuto dropou uma onda ruim e mandou três manobras fracas para somar 2.50 ao seu 1.80 e conseguir a virada. O wildcard Alejo Muniz ficou na lanterna com 2.27, mas tem nova chance na repescagem (Round 2).
Na fase disputada em The Box, os favoritos Kelly Slater e Mick Fanning passaram por suas baterias. Mick chegou a fazer 14 pontos cravados, e se manteve com moral na disputa.
MIGUEL PUPO BRILHA EM MAIN BREAK
Após a paralisação, Miguel Pupo domou as bombas de Main Break com categoria. O local de Maresias dominou a bateria que também contou com o brasileiro atual líder do ranking, Filipe Toledo, e com o irlandês Glenn Hall. Miguel impressionou os juízes por pegar as maiores ondas. Não se intimidou diante das bombas e manobrou no crítico. Filipinho e Glenn Hall optaram pelas intermediárias, mas elas não armaram o suficiente e a dupla acabou na repescagem.
O último brasileiro a entrar na água foi o rookie Italo Ferreira. O potiguar apresentou um surf conservador em relação aos adversários e terminou na lanterna da bateria vencida pelo atual campeão da prova Michel Bourez, com Nat Young em segundo.
Em Main Break, os australianos Joel Parkinson e Julian Wilson, que tambeem snao favoritos, venceram seus embates com pontuações acima dos 14 pontos.
PREVISÃO E CHAMADA
O evento foi paralisado após o término do Round 1. A previsão aponta que o swell deve ganhar pressão durante a noite e amanhecer mais alinhado. O vento deve manter-se terral durante a manhã, mas o maral deve entrar na parte da tarde.
Uma nova chamada acontece nesta quarta-feira (quinta-feira na Austrália), às 20h (horário de Brasília).
Tubos de The Box são os protagonistas da abertura do Drug Aware Margaret River Pro. Foto: WSL
Alejo Muniz. Foto: WSL
Josh Kerr. Foto: WSL
Kelly Slater. Foto: WSL
Kelly Slater. Foto: WSL
Adriano de Souza. Foto: WSL
Kelly Slater. Foto: WSL
Sebantian Zietz. Foto: WSL
The Box. Foto: WSL
The Box. Foto: WSL