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Wiggolly Dantas: 10 Perguntas

Após seis anos batalhando no WQS, o ubatubense Wiggolly Dantas, 24, finalmente conquistou a tão almejada vaga entre os Top 32 do WCT (WSL, a partir de 2015). Em 2014, Guigui se encontrou nas competições e com uma vitória em Saquarema, um vice em Pipe e um 3º em Portugal garantiu seu lugar na primeira divisão do surf mundial. Só que o local de Itamambuca traçou um caminho diferente da maioria. em vez de especializar-se em ondas pequenas e condições ruins (que predominam no circuito do acesso), ele se jogou na estrada, paralelamente às competições, e buscou melhorar em ondas pesadas e tubulares – seguro de que a experiência seria fundamental no futuro. Guigui dedicou anos ao Hawaii, em especial, onde fica largado durante meses todos os anos, mesmo quando a maioria dos profissionais já voltou para casa. Tamanha dedicação gerou frutos. Além de surfar tranquilo nas ondas do North Shore, Guigui também conquistou respeito em terra. Tanto que o ubatubense concedeu essa entrevista da casa do maior black trunk havaiano, o ‘xerife’ Eddie Rothman – onde se hospeda nesta temporada. Confira as expectativas de mais um brazuca que reforça o time verde e amarelo na elite em 2015.

 

Por Steven Allain
Fotos: Henrique Pinguim

 

Depois de seis anos dedicados ao WQS, você está finalmente classificado. O que mudou em 2014?
Mudou tudo. Comecei a treinar com meu irmão, Wellington Carane, que é meu técnico. Comecei a treinar a parte física na academia. Banquei um cara para filmar todas as minhas quedas. Tenho uma psicóloga e tenho alguém que toma conta de todas as minhas coisas no Brasil. Então este ano consegui ficar focado apenas em surfar. Antes eu tinha que cuidar de tudo e ainda tinha que competir, então ficava mais difícil.

Você sempre se dedicou ao Hawaii e ondas de consequência. Como isso te ajudou no WQS, um circuito repleto de ondas pequenas? Teve que deixar de lado as bombas e treinar nas merrecas também?
Eu sempre me dediquei muito a ondas tubulares e pesadas. Meu patrocinador, a Quiksilver, sempre me deu a maior força nisso e sempre me mandou em viagens e destinos onde eu pudesse melhorar nessas condições – exatamente para estar preparado quando eu chegasse no WCT. No WQS é bem diferente. Temos que competir muitas vezes em ondas pequenas e ruins, mexidas, vento de tudo que é jeito. Mas sempre vi o WQS como uma etapa para chegar no meu objetivo. Então realmente me dediquei a aprender a surfar ondas boas, pois sabia que a longo prazo isso seria mais importante.

Como sua experiência no Hawaii e com ondas pesadas irá te ajudar no WCT?
Acredito que vai me ajudar muito. As três ondas mais pesadas do Tour eu já conheço bem, que são Pipe, Fiji e Teahupoo. Já fui a esses lugares várias vezes e são ondas que eu adoro, muito tubulares e desafiadoras. Acho que nesses picos vou poder bater de frente com os melhores do ranking. Estou muito bem preparado.

Em quais outros eventos imagina que possa ser dar bem?
Eu nasci surfando direitas. Adoro surfar direitas. Então, sou louco para conquistar bons resultados em picos como Jeffrey’s na África do Sul, Snapper Rocks na Gold Coast e Bells Beach, Austrália.

Quais eventos serão os mais difíceis?
Acredito que serão Brasil e França, pois ambas as etapas são em beachbreaks onde as condições mudam muito, inclusive em um mesmo dia de competição. No Brasil terá aquela pressão a mais de surfar em casa. E na França é muito importante que sua bateria seja na hora certa da maré, senão o mar fica meio imprevisível.

 

No WQS é bem diferente. Temos que competir muitas vezes em ondas pequenas e ruins, mexidas, vento de tudo que é jeito. Mas sempre vi o WQS como uma etapa para chegar no meu objetivo. Então realmente me dediquei a aprender a surfar ondas boas, pois sabia que a longo prazo isso seria mais importante.

Qual etapa você mais gostaria de vencer?
Pipe (Hawaii) ou Teahupoo (Tahiti), sem dúvidas.

Muita gente acha que você é mais um freesurfer do que um competidor. Por que isso?
Desde muito pequeno me chamavam de “máquina de competir”, pois eu corri todos os circuitos de base, inclusive venci um mundial. Quando entrei no WQS, tive dificuldades nessa transição de Junior para Profissional. Nesse meio tempo, fiz muitas viagens e sempre fiquei meses no Hawaii a cada temporada. Então, como eu não ganhei muita coisa nesse período e ao mesmo tempo fiz várias viagens, apareci muito mais na mídia surfando no Hawaii ou nessas trips. Acho que por isso parte do público tinha essa impressão. Mas nunca abandonei as competições – que, como falei, desde moleque sempre foram meu maior objetivo.

Como o título de Medina mudaria o universo competitivo?
Se Medina vencer, vai mudar muita coisa. Há quantos anos se fala que nunca haveria um campeão brasileiro? Medina chegou aí e provou que é capaz de vencer. E isso está empurrando todo mundo. Se você olhar para os resultados do WQS este ano, vai ver que sempre tem uns três brasileiros nos Top 5 da maioria dos eventos. É uma revolução. É a “Brazilian Storm” chegando mesmo.

O Brasil pode ser o país com o maior número de integrantes no WCT em 2015, além do campeão mundial. Acha que já somos a nação número 1 do surf? O que falta para chegar lá?
Ainda não somos a nação número 1 do surf. Chegaremos lá quando Medina for campeão e quando as marcas acreditarem nos atletas brasileiros e começarem a patrocinar de verdade. Quando grandes empresas voltarem a patrocinar vários eventos Prime no Brasil. Pô, a Austrália tem três WCT! O Brasil, a meu ver, poderia ter pelo menos dois, ou ao menos voltar a ter uma perna de WQS fortíssima. O Brasil hoje em dia está muito mais para o futebol, ou para o skate, para citar um esporte próximo da gente, do que para o surf. Por isso mesmo eu torço muito para que Medina se torne campeão mundial. Gosto muito dele, ele merece. E também seria muito bom para o esporte.

Quem será a maior ameaça ao bicampeonato de Medina, ano que vem?
John John, com certeza. Foi muita sorte do Medina que não é contra John John que ele está disputando o título no Hawaii (risos)…

 

Esta entrevista foi originalmente publicada na seção 10 Perguntas da HARDCORE de dezembro de 2014, edição 302

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