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sexta-feira, 26 julho, 2024
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Direto do front 1 – por Steven Allain


Gabriel Medina aproveita o swell de norte em Pipeline. Foto: Henrique Pinguim

Por Steven Allain

Os dias que antecedem a decisão do título mundial no Hawaii tem sido estranhos. Para começar, a insistente ondulação de norte mantém muita areia sobre a bancada de Pipe e por isso a onda mais famosa do mundo ainda não mostrou sua majestade. Pelo contrário, exceto em raros momentos, Pipe pareceu mais uma máquina de lavar gigante essa semana. A maioria dos picos do North Shore também não digeriu bem o swell de norte – apenas Sunset quebrou de gala, justamente durante o campeonato.

Isso não impediu que os principais candidatos ao título, Gabriel Medina e Mick Fanning, treinassem todos os dias. Ambos – que dividem o 3º andar da casa da Rip Curl em Off-The-Wall – tem caído em Pipe algumas vezes por dia, mesmo nas difíceis condições.


Mick divide terceiro andar da casa da Rip Curl em Off- The-Wall com Gabriel
 Medina. Foto: Henrique Pinguim

Medina foi blindado da imprensa pelo pai Charles e Mick tenta manter um low profile. Mas isso não diminui a tensão sentida no ar – em todas as rodas de conversa no North Shore, só se fala da disputa do título. As opiniões parecem divididas:  Medina é o favorito se o mar estiver grande e predominantemente para a esquerda, mas se baixar e Backdoor der as caras, muita gente aposta em Mick. 

Kelly Slater, por sua vez, tem ficado na miúda. O Careca – que recupera-se de um dedão quebrado – só chegou no Hawaii ontem, a tempo de comparecer na premiação anual da revista americana Surfer, o Surfer Poll.

Numa noite morna e sem graça – marcada por uma apresentação desorganizada, discursos batidos e cerveja quente – alguns momentos são dignos de menção.

1. Gabriel Medina foi eleito o 3º melhor surfista do mundo e surpreendentemente foi ovacionado pelo público (predominantemente havaiano) quando subiu ao palco. A ótima (e convenhamos, raríssima) recepção foi respondida à altura. Num discurso articulado, Gabriel esbanjou humildade e certamente ganhou mais fãs nas ilhas havaianas.


Brasileiro é eleito o terceiro melhor surfista do ano. Foto: Henrique Pinguim

2. Pela primeira vez em uma década, Slater não venceu a votação. O “Maior de Todos os Tempos” ficou em 2º lugar, perdendo para John Florence – o mais votado. Kelly disse que nunca ficara tão feliz em chegar em 2º lugar, mas o longo e arrastado discurso sugeriu o contrário. Slater parecia perdido com a situação.


Pela primeira vez em uma década, Kelly não é apontado como "O Melhor de Todos os
 Tempo". Foto: Glaser

3. Joe G venceu o prêmio de melhor filme de surf do ano por “Strange Rumblings in Shangri-La” e subiu ao palco escoltado pelos ícones hipsters Creed McTaggart, Noa Deane e Dion Agius, que estrelam o filme. Os hipsters protagonizaram uma cena ridícula: Dion explicou que no ano anterior estava chapado de Frontal e por isso seu discurso foi ruim (?); Creed tentou dizer alguma coisa, mas estava bêbado demais para formar uma frase; Noa Deane arrancou o microfone das mãos de Joe G e mandou um foda-se para a ASP. “Fuck the WSL!” gritou o australiano. Coisa fina.


Elenco do Strange Rumblings in Shangri-La toca o terror no palco do Surfer Poll. Foto: Glaser

A real é que os gringos deveriam aprender a fazer festas com os brasileiros. Se o favoritismo de Medina se confirmar, certamente o North Shore terá uma amostra de como se festeja um título. Nunca se viu tantos turistas brasileiros no Hawaii – os fãs de surf competitivo vieram em peso do Brasil para torcer pelo menino de ouro de Maresias.

 

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