25.7 C
Suva
quarta-feira, 19 fevereiro, 2025
25.7 C
Suva
quarta-feira, 19 fevereiro, 2025

Vidas em Risco: Brett Archibald

Por Kevin Damasio

Onda gigante na cabeça, vacas sinistras, doenças graves, ferimentos sérios… Esses são alguns dos perrengues aos quais nós, surfistas, estamos sujeitos. Na série Vidas em Risco, conheça a cada segunda-feira histórias de superação de personagens que por pouco não enfrentaram consequências ainda piores, como até mesmo a morte. O terceiro personagem da série é Brett Archibald, sul-africano que caiu do barco nas Mentawai e ficou à deriva, à espera do resgate.

 


Brett Archibald, surfista que ficou 28 horas à deriva nas Mentawai, de volta à África do Sul. Foto: Alan Van Gysen

O barco Naga Laut saiu de Padang com destino às Mentawai no dia 17 de abril. A bordo estavam dez amigos que viajavam pela oitava vez juntos. Por volta das 3h15 da madrugada, o empresário Brett Archibald deixou sua cabine para urinar e beber água, mas se sentiu mareado na proa e vomitou bastante no mar. O sul-africano de 50 anos então desmaiou e, quando despertou, estava na água, boiando. Ele pôde avistar o barco a 100 metros, em busca do destino traçado.

Os amigos de Archibald só notaram sua ausência cinco horas depois, quando tomavam café da manhã. Retornaram imediatamente, para refazer a rota percorrida durante a noite. Com um alerta, a operação de busca foi coordenada por autoridades de resgate marítimo da Indonésia e da Austrália, que atuavam em conjunto, auxiliadas por outros barcos privados.

Por pouco o Naga Laut não encontrou seu tripulante. De acordo com dados náuticos, a embarcação passou a cerca de 250 metros do sul-africano, às 14h30. Mas a grande ondulação, o céu cinza e uma garoa leve dificultaram que Brett fosse avistado. “Eu berrei, acenei e tentei nadar até o barco, mas a correnteza era muito forte”, lembra Archibald. “Eles pararam quando viram algo, mas depois seguiram em outra direção.”

Antes do pôr do sol, um animal marinho bateu duas vezes no sul-africano, que mergulhou a cabeça na água e girou para identificar o que era. “Dei de cara com um tubarão. Fiquei preocupado com um possível ataque e cheguei a pensar que, se eu o agarrasse, ele poderia me levar para a costa”, conta Brett. Mas o bichano olhou para ele e foi embora. O surfista-empresário também foi queimado por águas-vivas e bicado por gaivotas, que buscavam seus olhos.

Pela manhã, Archibald viu um barco de pesca se aproximar. “Achei que eles iam ancorar e pescar, então comecei a nadar freneticamente na direção deles. Mas, ao levantar a cabeça, vi que eles já navegavam em outro sentido”, recorda. Sentindo-se exausto e completamente desmoralizado, Brett tentou se afogar, mas não conseguiu.

Às 7h30, há pouco mais de 28 horas à deriva, a esperança de Brett voltou ao avistar o barco Barrenjoey, comandado pelo capitão Tony Eltherington. Ele repetiu o ritual de quando avistou o Naga Laut: acenou, berrou e tentou nadar. “Depois de tanto esforço, pensei que iria me afogar na espera pelo resgate. Mas felizmente eles chegaram a tempo”, revela Brett.

Depois de conversar por telefone com a esposa Anita e acalmar a família, Brett decidiu continuar a boat trip. Ele ficou sob os cuidados de um urologista, um quiropraxista e dois salva-vidas que estavam a bordo do Barrenjoey. Nos oito dias que restaram, ele caiu em Roxy’s, Lance’s Lefts, Macaronis, Bank Vaults, Telescopes, Batcaves e Nipusi. “Tinha a prioridade em todas as ondas, mesmo se estivesse rabeando”, ri Brett, que completa: “Não hesitava em dropar qualquer coisa que viesse. Peguei umas bombas e tomei boas vacas. Mas me senti mais confortável surfando do que antes”.

Confira abaixo o momento em que Brett Archibald foi resgatado.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=yOq5g0O9v9s?rel=0&showinfo=0&w=600&h=338]

*Esta matéria é parte da reportagem publicada na HC 289, edição de outubro de 2013

Receba nossas Notícias no seu Email

Últimas Notícias