O terceiro dia do Fiji Pro parecia um flashback de 2012. Gabriel Medina mostrava-se à vontade e, com uma leitura inteligente da condição do mar e da bateria, avançava a cada confronto em Tavarua.
Mas há duas diferenças entre os cenários de antigamente para o de hoje. Antes, o domínio de Medina acontecia em esquerdas perfeitas em Restaurants. Desta vez, ele se impôs em condições difíceis em Cloudbreak. E agora a principal ameaça ao título de Medina não é mais Kelly Slater, mas sim um confiante Michel Bourez.
O primeiro desafio de Medina nesta quinta-feira (5) em Fiji foi o havaiano Fredrick Patacchia. O duelo foi disputado. O brasileiro saiu na frente, atacando a esquerdas com um jogo de manobras fortes e verticais. Mas Fred tirou o melhor tubo da bateria e assumiu a liderança, que durou até 3 minutos do fim.
Medina tirou o máximo dos tubos de Cloudbreak para chegar à semi do Fiji Pro. Foto: ASP/Robertson
Gabriel usou a prioridade e entrou no trilho, afundou os dois braços na parede para se segurar no tubo por 9 segundos e arriscou um alto aéreo reverse para concluir – não acertou. Os 7.63 pontos dados pelos juízes, somados a uma nota 8, renderam a classificação do paulista.
O Round 4 tinha tudo para ser difícil para Medina: John John Florence e Joel Parkinson dividiam o lineup com ele. Mas o brasileiro se impôs desde o início e voou – no que dizem ser o primeiro aéreo completado em Cloudbreak.
Quase 10 minutos tinham se passado quando Gabriel pegou a primeira onda boa, que rendeu 7.17. Um aéreo alley oop, seguido por três batidas, sendo duas delas para passar a seção.
Na metade do confronto ele ainda entubou e finalizou a esquerda com uma batida na junção, aterrissando no flat. Mas foi uma sequência de sete manobras, a maioria jogando muita água, a 8 minutos do fim, que garantiu Medina nas quartas.
Os 15.20 pontos somados deixaram John John precisando de 9.27 e Parko, 9.70. No minuto final, JJ dropou e acelerou para decolar em um aéreo 360º. Mas Medina, com a prioridade, entrou na onda e obrigou o havaiano a abortar a aterrissagem.
Nas quartas, Gabriel enfrentou John John mais uma vez. Em baterias homem a homem no WCT, o resultado era 6 x 2 para o havaiano. Dessa vez, no entanto, o brasileiro manteve o domínio em Cloudbreak.
A 10 minutos do término do duelo, enquanto JJ esperava uma onda com potencial high score, Medina substituiu seu somatório por 14.20, espremendo as esquerdas com manobras bem conectadas e variadas, contra 6.34 do adversário.
O ataque preciso de backside rendeu a Mineiro a melhor somatória do dia: 18.63. Foto: ASP/Robertson
Na semi, Medina encara o americano Kolohe Andino, que está embalado e confiante depois do vice-campeonato no Rio Pro. Kolohe venceu, nas quartas, Adriano de Souza, em uma bateria de alto nível – a melhor do dia em termos de nota.
Na metade do duelo, sem a prioridade, Kolohe ficou 6 segundos dentro de um tubo e saiu seco. Na onda seguinte, dessa vez com a prioridade, ele espancou a onda sem dó. Resultado: 18.36 somados. Mineiro precisava de 9.86, atacou bem uma esquerda de backside, mas tirou apenas 8.57.
Mineiro protagonizou a melhor performance do dia, no Round 3. Ele não deu chances para o aussie Adrian Buchan. Começou o domínio com 8 minutos na água. Tirou 9.33 por três rasgadas e um floater bem aplicados.
No decorrer do duelo, Mineiro ainda tirou 8.63 e 9.13, descartados em sua última onda: tubo seguido por rasgada e floater, que valeram 9.30. 18.63 contra 13.56.
A força do Spartan
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Michel Bourez recuperou o bom desempenho no Round 5, eliminou Slater nas quartas e encara Nat Young na semi. Foto: ASP/Robertson
Depois de passar em branco no Round 4, não eliminatório, Michel Bourez recuperou o bom ritmo e eliminou FIlipe Toledo na repescagem. Surfou a melhor esquerda da bateria, jogando muita água em três das cinco manobras que desferiu. Depois, garantiu a vaga nas quartas com 5.17.
A vítima de Bourez nas quartas foi ninguém menos que Kelly Slater, que, ao lado de Shane Dorian, é o surfista mais experiente em Cloudbreak.
O taitiano garantiu a somatória vencedora (13.33) logo nas duas primeiras ondas que surfou, com uma seleção precisa das ondas e variando bem nas manobras. Na semifinal, Bourez encara Nat Young.
Kelly parecia desconcertado. Ele buscava um highscore e, para isso, arriscava muito nas manobras – mas não as completava. Trocou de prancha durante o duelo, mas nada adiantou. Foi eliminado pela segunda vez no Fiji Pro, com apenas 8.90 somados.
A espectativa é que o campeonato termine na manhã de sexta-feira (6) em Fiji, ainda tarde de quinta no Brasil. A chamada está marcada para as 16h30, no horário de Brasília. A transmissão pode conferir direto no site da HC.
Confira abaixo as baterias do terceiro dia e os duelos das semis do Fiji Pro
Round 3 (baterias restantes)
#7 Joel Parkinson (AUS) 15.36; Glenn Hall (IRL) 9.60
#8 John John Florence (HAW) 16.17; Sebastian Zietz (HAW) 4.03
#9 Gabriel Medina 15.63; Fredrick Patacchia (HAW) 15.10
#10 Adriano de Souza 18.63; Adrian Buchan (AUS) 13.56
#11 Kolohe Andino (EUA) 15.07; Julian Wilson (AUS) 12.60
#12 Taj Burrow (AUS) 11.24; Tiago Pires (PRT) 10.74
Round 4 (não eliminatório)
#1 Nat Young (EUA) 13.83; Mick Fanning (AUS) 13.74; Michel Bourez (TAH) 6.13
#2 Kelly Slater (EUA) 15.00; Filipe Toledo 14.77; Owen Wright (AUS) 13.07
#3 Gabriel Medina 15.20; John John Florence (HAW) 10.93; Joel Parkinson (AUS) 9.83
#4 Kolohe Andino (EUA) 14.27; Adriano de Souza 14.14; Taj Burrow (AUS) 11.37
Round 5 (repescagem)
#1 Mick Fanning (AUS) 15.90; Owen Wright (AUS) 14.86
#2 Michel Bourez (TAH) 13.44; Filipe Toledo 8.20
#3 John John Florence (HAW) 16.70; Taj Burrow (AUS) 12.34
#4 Adriano de Souza 12.67; Joel Parkinson (AUS) 10.10
Quartas
#1 Nat Young (EUA) 14.27; Mick Fanning (AUS) 7.50
#2 Michel Bourez (TAH) 13.33; Kelly Slater (EUA) 8.90
#3 Gabriel Medina 14.20; John John Florence (HAW) 6.34
#4 Kolohe Andino (EUA) 18.36; Adriano de Souza 17.07
Semis
#1 Michel Bourez (TAH) x Nat Young (EUA)
#2 Gabriel Medina x Kolohe Andino (EUA)