Por Felipe Fernandes
Os paulistas Adriano de Souza e Wiggolly Dantas fizeram história ao garantir pela primeira vez dois brasileiros numa final em Pipeline, Hawaii. A dupla chegou à decisão do Volcom Pipe Pro nesta quarta-feira, na bateria que também reuniu o havaiano Mason Ho e um inspirado Kelly Slater, que levou o caneco e tornou incontestável sua superioridade na Rainha do North Shore.
Kelly Slater é um mito em Pipe e Backdoor. Tem uma conexão fora do normal com o pico. Além do talento natural, sua excelência também é fruto dos anos de intimidade com a onda.
Nota 10 Em sua primeira bateria do dia, nas oitavas de final, o 11 vezes campeão mundial teve uma performance que beirou a perfeição. Autor da única nota 10 do evento, Slater somou 19.78 e se deu ao luxo de descartar 9.73. Apenas neste confronto ele cravou três das quatro melhores notas do evento, sendo que a outra também foi conquistada por ele na bateria seguinte – 9.83 nas quartas de final.
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Kelly é o autor das quatro melhores notas do evento. Foto: Leal
História em Pipe Wiggolly Dantas e Adriano de Souza tiveram uma campanha impecável. Eliminaram alguns dos favoritos ao título, surfando os tubos de Pipe com a confiança de quem está no Hawaii há mais de três meses treinando naquela onda.
A dupla fez bonito e não chegou à decisão por acaso. Wiggolly colheu os frutos de tantas temporadas dedicadas a onda mais cobiçada do North Shore. Apesar de sempre ser destaque no free surf, o melhor resultado do ubatubense em Pipeline foi um nono há três anos, no mesmo evento.
Já Mineiro chegou antes da perna havaiana de competições e está hospedado na casa do local Jamie O’Brien, exatamente na frente de Pipe. Quando o mar ficou clássico, ele estava no outside treinando incansavelmente e puxando seus limites.
Wiggolly tem seu melhor resultado nas ondas de Pipeline. Foto: Leal
FINAL Slater começou bem. Achou um tubo incrível para Backdoor ainda no primeiro minuto e recebeu 9.53 em uma nota polêmica e muito contestada pelos internautas. Nas redes sociais, muitos acharam que a onda foi supervalorizada se comparada as outras da bateria. Antes que seus adversários pegassem a primeira onda, Slater dropou outro tubo para direita no inside e consolidou-se na liderança com 6.17.
“A primeira onda que eu peguei, eu assisti todos remando para o fundo, bem no outside. Eu vi uma pequena ondulação vindo e peguei um belo e longo tubo para Backdoor. Foi um começo importante”, disse Kelly após a final.
Depois de 10 minutos sem séries, o herdeiro da família Ho descolou 7.70 em outro tubo para Backdoor, levantando a torcida local. A partir daí, o duelo se tornou um drama com poucas ondas boas.
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Mason quase consegue uma virada no último minuto da final. Foto: Bielmann
Quando faltavam 3 minutos para o final as ações recomeçaram. Mineiro dropou uma bomba pra Backdoor muito parecida com a primeira de Slater, se não melhor. Recebeu discutíveis 8.43 dos juízes. Saiu da combinação, mas ainda precisava de 7.28 para virar.
Com 2 minutos para o fim, foi a vez do Wiggolly botar pra baixo na melhor onda para Pipe da final e sair no limite, sendo recompensado com 8.27. Voltou remando freneticamente para o outside atrás dos 7.44 que lhe separava da liderança. Nos últimos segundos dropou uma onda menor para Pipe com um tubo curto, que rendeu apenas 5.50 ao ubatubense.
Na mesma onda, Mason pegou um expresso longo para direita que poderia lhe render a vitória, mas ele acabou caindo.
Kelly conquista pelo primeira vez o Volcom Pipe Pro e engorda sua conta bancaria em US$ 20 mil, além de somar 2.000 pontos ao ranking de qualificação.
Ian Gouveia, David do Carmo e Krystian Kymerson também chegaram no dia decisivo, mas acabaram barrados nas oitavas de final.
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Ian Gouveia é barrado nas oitavas de final do Volcom Pipe Pro. Foto: Leal
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Depois de vencer o Pipe Masters, Slater volta a vencer nas ondas de Pipeline. Foto: Leal