Este é o último lugar onde você quer passar sua surf trip.
Por Kevin Assunção
Viajar para lugares como Indonésia, México e Peru pode render as melhores ondas da vida. Mas, para fazer a cabeça sem preocupações, é preciso ter cuidado com a alimentação e a hidratação. Em lugares como esses, é comum a água ter bactérias às quais nossos organismos não estão habituados. O resultado é aquela tristeza: risco de diarreia e surftrip no banheiro.
Thiago Camarão, que disputa uma vaga no WCT, passou por isso em julho do ano passado, durante a etapa 4 estrelas em Puerto Escondido: “Foi a pior diarreia que já tive. Fiquei três dias sem surfar, cagando e vomitando muito. Tinha que tomar banho toda hora, porque fiquei todo assado, isso sem falar no medo de peidar”.
Como a água nesses países não é devidamente tratada e filtrada, fervê-la elimina as bactérias que causam o famoso ‘piriri’. Para o gastroenterologista Eduardo Tolentino, produtos industrializados e líquidos engarrafados e lacrados são boas escolhas, porque eles têm pouca possibilidade de estarem contaminados.
Agora, caso já esteja com o intestino desarranjado, a maneira mais simples de resolver – mas que exige sacrifício – é deixar as coisas fluírem e manter uma dieta leve, com frutas e vegetais, muito líquido e sem alimentos gordurosos.
Naturalmente, com a diarreia a pessoa desidrata. Por isso, Eduardo recomenda consumir soro caseiro em pequenas colheradas durante 24 horas. O soro deve conter 1 litro de água filtrada ou fervida, uma colher (de café) de sal e outra (de sopa) de açúcar.
Tomar antibióticos reduz a crise e encurta o tempo sentado no vaso, mas só são aconselhados em casos de febre alta, dor abdominal ou sangramento nas fezes. “Eles podem trazer consequências graves se consumidos sem esses sintomas, porque matam as bactérias que protegem a flora intestinal”, explica Eduardo. “Isso só piora a situação e torna as bactérias da diarreia mais resistentes aos tratamentos futuros.”
Apesar de diminuírem o número de evacuações, remédios antidiarreicos, como o Imosec, não são indicados pelo médico. Eles agravam o quadro da soltura porque mantêm a bactéria no organismo. “Além disso, podem causar desconforto abdominal, náuseas, vômitos, cansaço e sonolência”, observa.
RESUMINDO
– Cuidados na alimentação e hidratação são fundamentais para evitar a contaminação em lugares distantes e com água indevidamente tratada.
– Produtos industrializados e líquidos engarrafados têm chance mínima de conter as bactérias da diarreia. Fique ligado no prazo de validade.
– Se já estiver com soltura (ou o famoso ‘piriri’), o tratamento mais simples é deixar as coisas rolarem e manter uma dieta leve, com frutas, vegetais e muito líquido.
– Antibiótico só é aconselhável se nos sintomas constarem febre alta, dor abdominal ou sangramento nas fezes. Caso contrário, apenas piora a situação.
– Remédios antidiarreicos mantêm a bactéria no organismo e apenas agravam o quadro do desarranjo, além de poderem causar efeitos colaterais, como desconforto abdominal, vômito e náusea.