Por Felipe Fernandes e Kevin Assunção
Em resposta ao recente aumento no número de ataques de tubarão na cidade de Recife, Pernambuco, e nas Ilhas Reunião, distrito francês localizado no Oceano Índico, as autoridades de ambos locais tomaram algumas medidas drásticas para conter as ocorrências envolvendo o rei da cadeia alimentar subaquática.
No Recife, alguns dias após o ataque fatal da turista paulista Bruna da Silva Gobbi, de 18 anos, na praia de Boa Viagem, o Governo do Estado decidiu retomar a captura de tubarões, paralisada desde dezembro de 2010.
Os tubarões capturados recebem rastreadores e são soltos em alto-mar. Segundo os engenheiros, a medida reduz o risco de ataque em até 95% e não tem impacto ambiental significativo.
Durante os seis anos e nove meses do controle, 400 tubarões foram capturados. Nesse período ocorreram dois ataques, média de 0,24 ao ano. Nos dois anos e seis meses sem a ação, aconteceram 11 ataques, e uma incrível média 4,32 ataques ao ano.
Já na Ilha Reunião, o governo proibiu a prática do surf até o dia 1 de outubro, e anunciou que pretendem abater 45 tubarões Tigre e 45 tubarões Cabeça Chata que habitam a região.
Os banhistas e surfistas que desrespeitarem as restrições, ainda estão sujeitos a uma multa de US$ 50.
Nos últimos anos, o território francês sofreu um grande aumento no número de ataques, com duas mortes nos últimos três meses. Uma jovem foi morta enquanto mergulhava a poucos metros da costa e um surfista francês também sofreu uma ataque fatal na sua lua de mel.
A HC conversou com Jean Pierre Botha, investigador da Global Surf Attack File na África do Sul, e elaborou algumas dicas para você se prevenir de um ataque. Saber a melhor maneira de reagir pode salvar sua vida.
Águas turvas ou opacas, onde há redes de pesca, presença de golfinhos ou aves mergulhando são as menos aconselhadas. Em mares com essas condições, surfar acompanhado, durante o dia, e vestir um wetsuit sem alto contraste é um grande passo para se prevenir. “Se o lineup estiver crowdeado, as chances de ataque diminuem”, diz Jean- Pierre Botha, investigador da Global Surf Attack File na África do Sul. Controle o pânico se vier o bichano. Caso ele se aproxime, não tente agredi-lo ou afastá-lo. Espere ele ir embora. Escapar não é uma boa ideia, afinal ele é bem mais rápido. Sair remando “de fininho” também – a não ser que você saiba rezar para todos os tipos de deuses.
A coisa certa a fazer é criar coragem para se sentar com as pernas dentro d’água – é melhor perder o pé do que tomar uma dentada no tronco –, respirar fundo e se movimentar o menos possível.
Se o “tutuba” quiser você, vai ser dureza escapar, e sua reação será imprevisível, como aconteceu com o sul-africano Shannon Ainslie, que foi atacado por dois tubarões brancos em Nahoon Reef, em 2000. “Tudo aconteceu tão rapidamente e de surpresa que eu, sequer, notei o que estava se passando”, diz o surfista de 26 anos. “De repente eu me encontrei encarando um tubarão com a boca aberta, colado em mim, me mostrando todos os seus dentes.”
Se ele te atacar, Botha diz que “a primeira coisa a fazer é tentar enfiar os dedos nos olhos do tubarão”. E não puxe seu braço, deixe que o tubarão solte. Se a fera te cuspir, evite movimentos bruscos e mantenha a roupa de borracha no corpo, para ajudar a estancar o sangue. Se estiver sem john, estanque o sangue amarrando o leash próximo à artéria.
Resumindo
1 Surfe acompanhado e com a luz do dia. Evite wetsuits de alto contraste, sangramentos expostos e urina.
2 Procure ficar sentado com as pernas para dentro d’água. Perder o pé é melhor do que ser mordido no meio do tronco.
3 Não tente se afastar ou agredi-lo. A reação dele será recíproca – e as consequências bem piores.
4 Se o ataque acontecer, tente enfiar o dedo nos olhos do tubarão e não tente se soltar. Isso pode agravar a lesão.
5 Se for mordido, mantenha o john ou amarre o leash perto da artéria para evitar a perda de sangue.