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Palavras do Acidente


Em Waimea Bay, Long sagrou-se campeão do Eddie Aikau Invitanional de 2009. Foto: Divulgação

Por Kevin Assunção

Greg Long sofreu uma vaca nesta sexta-feira (21) enquanto surfava Cortes Bank, pico de ondas grandes localizado a 160 quilômetros de San Diego, Califórnia.

O californiano precisou dropar reto e caiu. Ele então tomou uma série de quatro ondas na cabeça e ficou durante outras três embaixo d’água.

Após a turbulência, Greg conseguiu alcançar sua prancha, mas desmaiou. Logo após a calmaria, ele foi localizado e resgatado por DK Walsh e Jon Walla, que o levaram até o barco de apoio.

Long foi levado de helicóptero para o hospital UCSD, em San Diego, onde ficou em observação por 24 horas, devido às lesões traumáticas e ingestão de CO2.

Greg Long nasceu em San Clemente, Califórnia, e tem 28 anos. Com 19, em 2003, ele venceu o Red Bull Big Wave Africa, campeonato de ondas grandes na remada. Cinco anos depois, conquistou o Mavericks Surf Contest.

Long já ganhou quatro prêmios do Billabong XXL, o "Oscar do Big Surf". Ele ganhou "Melhor Performance" em 2005 e 2008, ano em que também levou a categoria "Biggest Paddle-In". Em 2007, ele venceu o "Biggest Wave", por uma bomba de 65 pés surfada em Dungeons, África do Sul. O californiano conquistou também o último Eddie Aikau Invitational, em 2009.

Neste domingo (23), já em casa, o californiano escreveu para a imprensa um relato do acidente. Confira na íntegra abaixo.


Greg Long durante a cerimônia de abertura do Eddie Aikau 2012. Foto: ASP/Kirstin

"Agradeço a todos os amigos, família e quem desejou que eu ficasse bem, para vocês saberem, pelo amor, apoio e orações, logo após a séria vaca pela qual passei enquanto surfava Cortes Bank em 21 de dezembro.

Estou em casa após passar 24 horas no Hospital UCSD, em San Diego, onde fiquei em observação por conta de quase ter me afogado e algumas lesões traumáticas mas sem cortes que sofri pelo impacto de uma sequência de quatro ondas grandes e três ondas embaixo d’água.

Eu dropei na segunda de uma série de quatro ondas e tive que descer reto. Depois de resistir a um caldo extremamente violento, eu mal alcancei a superfície e precisava respirar, quando senti o impacto total do lip da terceira e maior onda da série. Parei de respirar.

Quase perdi a consciência nesse momento e estava novamente sendo jogado para o fundo e submetido a pancadas furiosas.

Tentei nadar até a superfície conforme a energia da onda começava a me soltar, mas só consegui dar algumas braçadas antes da próxima onda passar sobre mim e me empurrar para baixo.

Quando essa agitação diminuiu, eu tentei escalar meu leash, na esperança de chegar à superfície antes de desmaiar.

Fui até a rabeta da minha prancha no momento em que ela ainda estava submersa na turbulenta e mexida água. Nesse instante, eu apaguei por causa do excesso de CO2 e falta de oxigênio.

Três jet skis de resgate, operados por DK Walsh, Jon Walla e Frank Quiarte estavam me procurando desde o wipeout. Depois de uma quarta onda espumada e menor passar, eu fui rapidamente localizado por DK Walsh, boiando com o rosto para baixo próximo à minha prancha. DK abandonou seu jet ski, pulando na água para tirar minha cabeça da água. Jon Walla chegou em seu jet ski e ajudou a me colocar na maca de resgate. Comecei a recuperar a consciência durante o caminho de volta para o barco de apoio em que estávamos. 

Muitos outros salva-vidas ajudaram a me levar para o barco, no momento em que comecei a vomitar pequenas quantidades de água que inspirei e uma grande quantidade de sangue, que depois soube que era uma combinação de traumas sofridos com os impactos e do rompimento de vasos sanguíneos capilares, por segurar a respiração por muito tempo.

No barco eu fui imobilizado pelos bombeiros e paramédicos que integravam nossa equipe de segurança, e um helicóptero da Guarda Costeira chegou para me transportar para San Diego.

Por treinar para segurar a respiração em situações extremas, em nenhum instante eu me permiti entrar em pânico ou perder a confiança de que iria sobreviver à esse incidente.

Eu, no entanto, tinha total conhecimento de que excedi meus limites de resistência e que sempre haverá elementos de risco e perigo que são fora do meu controle, enquanto surfar ondas de qualquer tamanho.

Por conta desses elementos de risco, eu sempre insisti em trabalhar com pessoas que têm o mesmo foco nos treinamentos e na preparação. Humildemente, eu quero manifestar a minha eterna gratidão à equipe de segurança e aos meus amigos surfistas dos quais os treinos e a reação precisa contribuiram para salvar minha vida."

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