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Dez perguntas: Vitor Belfort

 


Surfista e lutador: "Para mim, o surf é um momento de relaxamento, diversão e encontro com a natureza." Foto: divulgação

Por Fernando Gueiros

Qual é o surfista que você mais admira, por quê?
O Kelly Slater, com certeza. Ele não tem medo de arriscar e errar, sem falar que é muito confiante no que faz. Temos uma relação bacana. Agora só precisa achar uma esposa bacana e constituir família!

Com que frequência você pega onda? Quais são seus picos prediletos?
Morando em Las Vegas, fica mais difícil de ter certa frequência no surf, a última vez que surfei foi no Hawaii. Meus picos prediletos são as esquerdas de V-Land. E meu sonho é surfar na Cacimba, em Fernando de Noronha.

Como foi a sua última temporada no Hawaii?
Todas foram muito boas. O Kelly me apresentou ao Pete Johnson, irmão do Jack Johnson. Ele nos botou em uma casa de frente pra V-Land, muito legal, deu uma estrutura fantástica. Foi uma das melhores vezes que eu fui pro Hawaii. Muitas pessoas me ajudaram lá, fomos pegar onda em Rocky Point… Também fiquei em Maui, com o Yuri Soledade, pegamos altas ondas lá.

Além do Hawaii, tem algum outro pico que você gosta bastante?

Ah, cara, é mais o Hawaii mesmo. Mas tô a fim de fazer uma boat trip pra Mentawaii. O pessoal da RVCA tá pensando em alugar um barco, aí vou eu, tentar botar o Kelly Slater, uma galera legal, uns amigos que estão a fim de fazer a trip conosco.

Qual é o seu estilo de surf favorito e o que é mais difícil: entrar no octógono ou dropar Waimea grandão?
Sem dúvida é mais difícil dropar Waimea grandão. Quanto ao meu estilo de surf, gosto de pegar onda grande. Já fiz tow in também, com o Garrett McNamara. É um esporte bacana, dá pra pegar umas ondas grandes, tem uma segurança legal, dá uma adrenalina boa.

Como a luta ajuda você a ter o preparo para ser surfista?
Acho que ajuda de várias formas, não só pro surfista. O MMA hoje é um cross training pra qualquer tipo de esporte. Te deixa preparado, porque, para ser um lutador de MMA, você tem que ser um atleta de alta performance, com explosão, resistência. Já o surf exige remada, preparo, tem o contato com a natureza. Acho que é uma luta contra as ondas. Você, na água, está o tempo inteiro numa batalha, pronto para executar a manobra. É como se fosse uma luta, por isso tem surfista bom no tatame e lutador bom no surf. Para mim, é um momento de relaxamento, diversão e encontro com a natureza. Fico lá atrás agradecendo a Deus por ter uma vida tão boa. Na água também se aprende lições. Assim como nunca devo subestimar meu oponente em uma luta, o mar me mostrou que jamais devo subestimar a natureza.

Tanto o MMA quanto o surf são esportes que sofreram com estereótipos negativos. Existe alguma fórmula para mudar a imagem desses esportes para o grande público?
Para isso temos que mostrar que é um esporte com regras, com profissionais capacitados que treinam e se dedicam para obter bons resultados. É preciso ter uma postura positiva como atleta e cidadão para apagarmos a imagem de que todo surfista é maconheiro e todo lutador é marginal. Depois que o esporte entrou no mainstream ganhamos mais reconhecimento pelo nosso esforço. Hoje temos grandes empresas e o próprio governo apoiando o esporte.


Vitor aproveita as temporada no Hawaii para surfar com seus amigos locais. Foto: arquivo pessoal

Qual foi sua vitória mais gratificante e sua derrota mais indigesta?
Todas são gratificantes, elas têm sabores diferentes. Até o amargo da derrota tem um sabor especial, porque nos torna mais fortes. Uma vitória que me marcou muito foi o meu título mundial aos 19 anos. Fui o lutador mais novo do UFC a receber um título mundial. Já a mais indigesta foi todas aquelas em que perdi para mim mesmo.

Você foi campeão muito jovem. A gente tem hoje no Tour promessas brasileiras, como o Gabriel Medina, de 18 anos, que sofrem muita pressão. Como foi pra você lidar com a pressão ainda tão jovem?
O mais importante é o jovem ter regras. Ter pessoas que influenciam sua vida no momento, mas com valores pro futuro. Isso é muito importante. Isso que me fez muita falta. Pessoas que poderiam me trazer certos valores naquele exato momento. Sem dúvida isso refletiu no futuro. É o que acontece com o futebol. As pessoas hoje fazem sucesso nos times, mas não têm uma referência no futuro, então acaba que os jogadores continuam sem perspectiva de vida, sem alguns valores. Acho que isso, ter pessoas que vão te dar valores, como a família, valores espirituais que vão te segurar e fechar como homem pro futuro, é fundamental. O campeão na realidade não é só aquele cara que vence no esporte, é aquele cara que vence na vida pessoal, que tem família, com filhos e mulher, sem dificuldades. Acho importante a pessoa ter ícones que podem influenciar no momento e no futuro.

Seus filhos assistem às suas lutas?
Como é a relação da sua família com o esporte? Meus filhos assistem não só às minhas como as de outros lutadores. Eles praticam natação, basquete, futebol, luta. As meninas fazem balé também. Respiramos esporte, mas exigimos resultados na escola. O Davi, que está com sete anos, adora todos os esportes. Ele já surfou em Rocky Point, mas morre de medo de tubarão!

*A entrevista com Vitor Belfort foi originalmente publicada na sessão "10 Perguntas" da HC 272, maio de 2012.

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