A primeira cena do filme, uma rasgada de Tom Curren munido de uma 7’4" em Backdoor: divisor de eras. Foto: Tom Servais
Por Fenando Gueiros
Era uma vez um mundo onde os filmes de surf se destacavam por longas rasgadas, cutbacks, ambientes hedonistas com ondas perfeitas e trilha sonora abominável. De repente, em 1992, um garoto da Califórnia chamado Taylor Steele lançou um filme de 35 minutos feito em VHS repleto de manobras novas. Foi uma explosão: punk rock rápido, ondas variadas, tail slides, aéreos e um grupo de moleques que viriam a ser os melhores surfistas do mundo. Hoje, 20 anos depois, podemos ver que Momentum mudou completamente a cena dos filmes de surf.
Nos idos de 1992 eram pranchas grandes e garotos pequenos, como Rob Machado, que refletiam uma geração que, querendo ou não, foi o embrião do “faça você mesmo” que vemos nas produções de surf atuais. A geração Momentum é também parte da geração “handy-cam”, das câmeras portáteis. Machado e Steele eram amigos muito tempo antes do primeiro aspirar ser surfista profissional. E Steele tinha sua câmera na mão, o que era a “grande parada” no começo da década de 1990. Era a fome encontrando a vontade de comer.
Desta forma, tudo aconteceu de maneira orgânica. Machado tinha amigos na água, como a então promessa Kelly Slater. Bastava acionar Steele na areia e logo o “dono da câmera” registrava o show da nova geração do surf. O resultado deste material foi o seu primeiro filme profissional, Momentum.
Depois de entrar na barca mexicana com mais alguns amigos de Machado, como Shane Dorian, Ross Williams e Pat O’Connell, e morar numa van no Hawaii, Steele conseguiu ser a estrela por trás da geração que redefiniu o espírito do surf, dando o primeiro passo para trocar de século com muito mais atitude e modernidade no esporte e na cultura. Pode ser até que hoje em dia a gente tenha reviravoltas estéticas, tecnológicas ou performáticas no esporte, mas a geração afiada e independente formada por Kelly, Rob, Shane, Ross e cia. deve ser sempre venerada.