John Florence ainda perdia a bateria quando botou pra dentro deste tubo, a 30 segundos do final, e tirou o título das mãos de Jamie O’Brien. Foto: Brian Bielmann.
Por Redação HC
Quem assistiu a final do Volcom Pipe Pro não vai se esquecer tão cedo do que viu. Até porque ela certamente entrará para a história como uma das mais espetaculares viradas já vistas no surf profissional.
Em ondas clássicas de até 10 pés em Pipeline, Jamie O’Brien impôs um ritmo acelerado e, com cinco minutos de bateria, já tinha deixado os outros três finalistas em combinação, com notas na casa dos 8 e 9 pontos. O local de Maui, Kai Barger, reagiu à altura e rapidamente fez um somatório superior aos 18 pontos. Mas Jamie, surfando no quintal de casa, logo achou outro belo tubo acima dos 9 pontos para garantir a primeira posição por quase toda a bateria. Quase.
Faltando três minutos para o término, John Florence, então em combinação, dropa no limite uma bomba para Pipe, passeia pelo salão gigante e ressurge de trás da foam ball com a onda já praticamente desmanchada. Nota 10 e John John na briga. Na onda de trás, Jamie responde alto: outro tubo enorme para a esquerda e nota 9,93 para ampliar seu somatório. Faltando dois minutos para a bateria terminar, Jamie gruda em John John e, sabendo do que o adversário é capaz, impõe forte marcação. O mar se acalma e o mais novo dos mestres de Pipe precisa de 9,5 e tem uma sombra ao seu lado. Ele já havia dado os parabéns pela vitória a Jamie.
Então, a 30 segundos de soar a buzina, John John dispara remando para a esquerda. Jamie, que guardava o Backdoor, fica um pouco pra trás e rema como um louco atrás dele. John John passa o pico em que quebravam as esquerdas e encontra uma bomba, vinda sabe-se lá de onde, no tempo exato para um drop perfeito mas muito arriscado. A onda dobra sobre a bancada, John John faz a cavada com o lip lambendo sua nuca e se enfia numa caverna para a direita. Depois de explodir no inside, a onda salvadora cospe John Florence junto com a baforada. O havaiano recebe nota 9,93, troféu de campeão – bicampeão, na verdade – e deixa praia, narradores, expectadores e todo o mundo do surf em êxtase. Essa bateria não será esquecida tão cedo.
John John, bicampeão. Foto Brian Bielmann.
Antes da final
No começo do dia, Ricardo dos Santos era o último representante brasileiro ainda na briga. O catarinense não se achou em sua bateria e acabou eliminado nas oitavas de final. Alguns surfistas se destacaram, mesmo sem chegar na final. Bruce Irons, como sempre, foi um dos melhores no pico, e Carlos Muñoz, da Costa Rica, autor de uma das quatro notas 10 do evento (junto com Dusty Payne, Dylan Graves e John John, na final) manteve o nível que vinha apresentando ao longo do campeonato e consolidou sua reputação de ótimo tube rider e com culhões de sobra para as bombas de Pipeline.
Bruce Irons, sempre um dos melhores em Pipeline. Foto Brian Bielmann.
Jamie O’Brien teve que se contentar com o vice campeonato pelo segundo ano consecutivo. Foto: Brian Bielmann.
Nate Yeomans foi uma grata surpresa durante o evento, superando inúmeros especialistas para chegar até a final. Foto: Brian Bielmann.
John Florence, imbatível. Foto: Brent Bielmann.
Carlos Muñoz, a revelação do campeonato. Foto: Brent Bielmann.