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04. Um mau ano para a ASP


Brodie Carr, ainda no cargo de CEO, discursando ao mundo do surf. Foto ASP.

Desde a morte de Andy Irons, em 2010, e a declaração evasiva da ASP a respeito, a entidade vinha sofrendo pressão por uma poítica anti-doping. Começou 2012, e a pressão aumentou, dessa vez por punições mais severas aos surfistas Kelly Slater e Dane Reynolds, que se ausentaram de eventos da agenda sem explicações. As reclamações também vinham contra o calendário de 2011: três novas etapas, as três em beachbreaks inconstantes – Rio de Janeiro, São Francisco e Nova York. O WT não parecia ser mais o Dream Tour do começo dos anos 2000.

A gota d’água veio durante o Rip Curl Pro Search, em São Francisco, quando a ASP entregou prematuramente o título de campeão mundial de 2011 a Kelly Slater. O erro de cálculo entrou para a história do esporte como das maiores trapalhadas oficiais já vistas. Nosso colunista Julio Adler comentou o caso:

"Não bastasse a pilha de trapalhadas da ASP, 2011 será lembrado pelas ondas fantásticas, 11º título do Slater e a maior gafe da história recente do surfe profissional. Graças a um comentário feito na notícia sobre o fenomenal (décimo primeiro!) título do Careca no maior site de surfe do mundo, um sujeito que assina como Mark constrangeu a entidade que rege o Circuito Mundial de surfe profissional como nunca antes. A ASP rapidamente apressou-se em assumir o erro e explicar a confusão, mas as redes sociais não perdoam e em menos de meia hora o assunto era mais comentado do que o suposto título em si. Um dos maiores críticos do sistema criado pela ASP, Jamie O’Brien aproveitou a deixa para descascar ainda mais a entidade. Slater tem cuidado da polêmica com muito bom humor e recomendou que guardassem bem seus souvenirs da campanha KS10."

Terminado o evento, a ASP recebeu dois pedidos de demissão: do CEO Brodie Carr e do Tour Manager Renato Hickel. Brodie foi despachado, Renato permaneceu. O caso repercutiu no mundo inteiro e obviamente foi acompanhado pela HARDCORE. O comentário, mais uma vez, foi de Julio Adler. Leia abaixo:

"O jornalista australiano Fred Prawle publicou a notícia hoje (dia 10/11/11) no jornal The Australian. Segundo Prawle, que conversou com Randy Rarick, um dos integrantes da reunião e diretor do Triple Crown no Havaí, a comissão com direito a voto na ASP negou o pedido de Renato e aceitou o de Brodie.

Velho incomodo da questão com o antidoping voltou a pauta – um ano depois da morte do Andy Irons – e deve fazer parte do circuito em 2012. A agência mundial antidoping, WADA, é um desejo antigo dessa nova gestão da ASP, ou talvez apenas a velha obsessão do ex-presidente da ISA, Fernando Aguerre, de tornar o surfe um esporte olímpico.

Ao que tudo indica, a queda de Brodie Carr não foi tão surpreendente para a própria ASP. Trazido ao mundo do surfe profissional para arremessar o esporte ao tão sonhado grande público, Brodie tem no seu legado um aumento sensível na premiação e a perda total dos direitos de transmissão pela ASP – provavelmente o maior prejuízo da instituição desde sua fundação.

No comunicado que fez, Carr diz que assume toda responsabilidade pelo erro do cálculo no tragicômico episódio da premiação precoce do 11º título do Kelly Slater e sentiu-se sem outra opção senão entregar o cargo. Richard Grellman, um executivo independente, assume temporariamente até o conselho se reunir e decidir sobre o futuro do cargo.

Desde da saída de Wayne ‘Rabbit’ Bartholomeu da presidência da ASP, a instituição tem ficado cada vez mais descaracterizada. Curioso é que isto aconteça justo no ano mais empolgante da última década, com ondas espetaculares, jovens campeões e um veterano que evolui ao vivo nas transmissões cada vez mais populares.

A Hardcore estima que a ASP ache alguém que mantenha o rumo que a Instituição tomava quando escolheu o nome de Dream Tour."


Kelly Slater, comemorando seu título sem ser campeão. Foto ASP.

Mas nem de todo mal foi o ano para a entidade maior do surf. O campeonato em Teahupoo bombou com ondas históricas, a etapa de New York rolou com ótimas ondas, o evento de Portugal aconteceu com tubos épicos de 6 a 10 pés e até a suspeitíssima participação de São Francisco terminou com boas ondas todos os dias. A geniosa Pipeline desta vez quebrou do jeito, e de quebra, já foi anunciada a volta de Fiji no WT 2012. Tanta pressão, além de sorte, surtiu algum efeito.

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