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Candidato à chefia


João Capucho, à esquerda, confia em sua experiência para gerir a maior entidade do surf mundial. Foto ANS.

Por Julio Adler

Após dois mandatos na presidência da Liga Portuguesa de Surfe e da Associação Nacional de Surfistas de Portugal, João Capucho pretende comandar a ASP. Único candidato ao cargo que se manifestou interesse e disposição em assumir tamanha responsabilidade, Capucho falou à HARDCORE.

João, por que achas que seria o sujeito indicado para gerir uma instituição como a ASP?
Sem que esta resposta seja uma análise ou reflexão sobre o management da ASP, que, creio, conseguiram promover muitíssimo bem o surf mundial, acredito, sem qualquer falsa modéstia, que a experiência que possuo em gestão internacional, nas mídias (internet, impressa e TV), na tecnologia e, ainda que a uma escala menor, na organização, regulamentação e sponsorização da Liga Profissional em Portugal são ingredientes que a ASP e os surfistas precisam. Há também o fato de ser português, ou seja, de conseguir, apenas por este fato, não estar obrigatoriamente alinhado com apenas uma corrente, seja ela australiana, norte ou sul americana, havaiana etc, mas sim com o global, os surfistas de todo o mundo, pois sou trilíngue. Por fim, em boa verdade, teria também a vantagem de poder transpor para a ASP, ao nível da gestão o facto de, por exemplo, nos últimos três anos, Portugal ter sido o maior investidor europeu nos Tours da ASP com priemios monetários de aproximadamente 4,7 milhões de dólares.

Acha que a ASP é instituição falida ou em ascendência ?
Não conheço em detalhe as contas, os números da ASP mas, sendo o facto de ser um dos governing bodies do surf mundial, é sem dúvida um ativo intangível e com um enorme potencial de marketing, de patrocínio e de merchandising.

Cite três coisas que a ASP nunca deveria ter feito e três que você julga ser capaz de fazer.
Creio que os eventos Prime, ainda que à primeira vista possam parecer um ativo, foram uma má medida, assim como os eventos de 1 estrela com aquela premiação. A aproximação ao tênis deveria tambem ter passado pela adoção da experiência do tênis que, até aos Grand Slam (4 provas) apenas tem 3 graduações (ATP 250, 500, 1000, Grand Slam e Masters). Para um sponsor, um evento Prime não compensa pois fica mais caro que um 6 Star e, pior, nao é um evento do WT. Pior, a existência de um ranking unificado não pode, quer do ponto de vista desportivo quer do ponto de vista comercial, coexistir com sobreposição parcial ou total de eventos. Creio no entanto que é ao nível dos direitos de TV que há muito para fazer: em primeiro lugar, a ASP deve deter a exclusividade dos direitos para os 4 tours (QS Masculino e Feminino, WT Masculino e Feminino) para poder centralizar a sua produção e comercialização; em segundo lugar, deve ser clara a relação entre os públicos e as ondas, ou seja, se o público está nos EUA, Brasil e Europa, os eventos a transmistir em direto devem estar adequados nos fusos horários não do local das ondas mas do local do público para, desta forma, ele – público – estar disposto a pagar uma taxa mensal, anual ou por prova; por último, há muitas provas e cada prova demora muito tempo e isto é fatal para atrair umbrella sponsors, a TV e até para os surfistas (que não têm nem tempo nem dinheiro para fazer os tours), pelo que a ASP deve potenciar o aparecimento das ondas artificiais o mais rapidamente possivel, sem que isso obviamente exclua as prime-surfing locations como o Superbank, Jeffreys, Teahupoo e Pipe.

Esse cargo é explosivo, qual interesse um camarada com sua formação pode ter numa posição tão atacada?
Não creio. É um cargo de liderança e direção como outro qualquer. Deverá haver, por um lado, interesses instalados mas também, por outro lado, vontade de melhorar e mudar. A competência e a equidistância farão o resto.

Que tal se ASP mudasse o escritorio central para…
A ASP é uma multinacional e, como tal, a escolha do seu quartel general e sede fiscal deve obedecer, por um lado, à proximidade dos patrocinadores, das agências de publicidade, dos bons(as) gestores(as) e da mídia e, por outro lado, à fiscalidade. A ATP tem uma cúpula única e, com cargos bem definidos e não duplicados, tem a sua estrutura dividida pela Florida, Londres, Monaco e Australia, algo semelhante à ASP, pelo que, quem eventualmente está tudo bem feito. A FIFA está, toda, na Suíça, o que, do ponto de vista fiscal e financeiro, não oferecerá dúvidas.

Como manter Kelly motivado no tour?
Isso é um pergunta que só ele pode responder mas creio que ele deveria sair em 2011. Sairia em alta. E entraria em 2013 com um evento com o seu nome, ficando mais uma vez ligado à historia do surf, por ser o primeiro evento disputado em ondas artificiais.

E finalmente, o fato de ser português e completamente fora do roteiro dos gestores atuais do surfe mundial não seria um obstáculo? Ou achas que é uma vantagem ?
Somos um país pequeno mas fomos sempre grandes. Como não temos muitos recursos naturais e humanos, fomos à descoberta do mundo e conseguimos, talvez ao contrário de muitas potências europeias coloniais, estabelecer fortes raízes em todo o mundo. É portanto, uma barreira inicial mas que pode ser uma vantagem.

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