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DIÁRIO HABAIANO 4

Por Julio Adler

Sunset é muito provavelmente a onda mais controversa da história do surfe.
Não é o tipo da onda perfeita para espancar, como gostam os mais novos.
Podemos até chegar ao exagero de afirmar que Sunset é onda de velhos. Raramente veremos um aéreo ou mesmo uma boa rabetada nas paredes de Sunset quando acima dos 6 pés.
Tampouco é uma onda fácil de entubar, os tubos do inside são dos mais difíceis que você vai encontrar.
No entanto, ainda ouvimos a velha máxima, quem quiser ser campeão mundial tem que se provar em todos tipos de onda e Sunset é uma das ondas que mais conta quando falamos de Havaí.
Se bem que Slater nunca se criou aqui e tem 11 títulos…
Andy, Tom Carroll e Mark Richards dominaram o circuito e Sunset simultaneamente nas suas respectivas épocas.
Os tempos mudaram, pegou?

Sunny Garcia ainda é o melhor surfista em Sunset depois de todos esses anos.
O camarada pra ser considerado o melhor numa onda dessas, precisa saber manobrar uma 7’4’’ como se fosse uma 6’2’’, Sunny não apenas manobra como afunda a borda inteira nas grossas massas d’água.
Pancho Sullivan (foto acima) é outro que domina Sunset como poucos.
Ricardinho não é o surfista que você apostaria pra impressionar em Sunset, mas com 8 a 12 pés de onda, a chance dum sujeito sem medo fazer algo impressionante aumenta bastante.
No primeiro dia do O’Neill World Cup of Surfing, Ricardinho botou pra baixo e pra dentro enchendo a brasileirada que assistia de orgulho.
Keanu Asing é mais uma dessas promessas havaianas que pipocam todos anos, como já foi Kai Barger, Tonino Benson e mesmo Jamie O’.
A diferença parece estar na fome que Asing tem pra ganhar. E na vontade de falar algumas verdades inconvenientes, como o preconceito que os havaianos nativos sofrem em relação aos loirinhos prediletos pela mídia.
A melhor nota do primeiro dia foi do Keanu, uma tubaca que caiu de placa como um prédio implodido. Dos 5 brasileiros que competiram na primeira fase, só Ricardinho sobreviveu, com louvor, segunda melhor nota do dia.

Dia dois

A grande notícia do segundo dia era a bateria que envolvia Sunny Garcia e Carissa Moore. Já chegaremos lá.
Antes, vamos lembrar do desempenho excepcional do Wiggolly Dantas, Gui-gui pros chegados.
Num mar que mudava a cada bateria, Gui-gui não perdeu tempo em abusar da verticalidade deixando Jamie O’Brien e Léo Neves pra trás.
Junior Faria, Jesse e Thomas Hermes mantiveram as esperanças vivas.
Esse evento tem uma carga emocional gigantesca escondida nas entrelinhas.
Para Junior, Jesse, Camarão e Willian Cardoso é a grande chance de fechar o ano com chave de ouro, classificando para os top 32. Gui-gui tem também a oportunidade de encostar.
Para Mineiro a luta é outra. O melhor brasileiro no Tour quer ser o primeiro brasileiro a vencer o Triple Crown.
Uma nova ondulação de 10 a 12 pés deve chegar nessa quinta, a direção, segundo dizem, parece perfeita para o primeiro Pipe decente da temporada.
Sexta e sábado prometem para um dia final em Sunset daqueles para não esquecer.
Nós, meros mortais, nos divertimos entre um momento de tensão e outro.
Não é todo dia que podemos trabalhar e dar duas caídas por dia.

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